Estados Unidos, Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Polônia, Nova Zelândia e Alemanha estão muito preocupados com o racismo e a intolerância. Por isso, boicotaram a Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Outras Formas Relacionadas de Intolerância - conhecida como Durban 2 -, que teve início hoje, em Genebra (Suíça) e durante cinco dias examinará questões como o racismo, a xenofobia e a intolerância.
Ok, agora vamos falar sério.
Esta é a quarta vez que os Estados Unidos deixam uma Conferência da ONU sobre o Racismo, sempre pela mesma razão: a condenação das políticas israelenses para com os palestinos nos debates e, até mesmo, nos documentos oficiais destes encontros. Preocupado com uma linguagem que condena as políticas de Israel, Washington já havia boicotado as duas primeiras Conferências, em 1978 e 1983, e retirou-se da terceira, em 2001.
A questão de fundo é que Estados Unidos e seus aliados – e Israel, obviamente – não aceitam qualquer relação entre sionismo e racismo. No entanto, uma resolução da ONU, de 1975, considerou racistas os fundamentos ideológicos do sionismo. Esta resolução foi revogada em 1991 por pressões políticas de Washington e Cia. As mesmas pressões políticas que vigoram ainda nas Nações Unidas, transformando-a em um teatro de marionetes cuja voz se perde em meio ao poderio ocidental.
É óbvio que há entre os países árabes, e entre as entidades civis ao seu redor, àqueles que intensificam a intolerância religiosa, em especial quando questionam o direito de o Estado de Israel existir. Os israelenses têm tanto direito a ter seu país quanto qualquer outro povo, inclusive os palestinos. Qualquer ataque contra este direito básico deve ser condenado e combatido.
No entanto, é preciso dizer à exaustão que questionar o sionismo não é o mesmo que questionar o judaísmo ou o Estado de Israel. Questionar o sionismo é, na verdade, perguntar por que diabos a Palestina deve conter uma maioria judaica (questão de fundo do sionismo) se, além dos judeus, outros povos também tem sua herança histórica ligada à região. No entanto, a desonestidade intelectual que domina este debate dá voz aos oportunistas que querem linkar qualquer crítica às políticas israelenses a uma forma de anti-semitismo.
É sobre a condenação das conseqüências do sionismo que repousa o conflito: as políticas israelenses de domínio, limpeza étnica e ocupação ilegal do território palestino (condenada pela ONU nas resoluções 181 e 242, que os israelenses se recusam a cumprir). Estados Unidos e Israel se recusam a discutir estas questões e, sob a égide do “anti-semitismo”, desqualificam qualquer posicionamento crítico em relação às políticas que adotam.
Em 2001, por exemplo, o relatório final da Conferência (veja o esboço) ressaltava o horror do holocausto judeu, mas, também a opressão contra os palestinos.
“Estamos preocupados com o sofrimento imposto ao povo palestino que vive sob ocupação estrangeira. Reconhecemos o direito inalienável do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente e reconhecemos o direito à segurança de todos os Estados da região, entre os quais Israel.”
O relatório expressava, ainda, inquietação com a intolerância religiosa, de ambos os lados.
“Também reconhecemos com grande preocupação o aumento do anti-semitismo e da islamofobia em várias partes do mundo, bem como a emergência de movimentos raciais e violentos inspirados no racismo e nas idéias discriminatórias contra judeus, muçulmanos, árabes e outras comunidades.”
É exatamente este caráter de nivelamento do sofrimento que o Estado de Israel não admite. Israel quer ter o monopólio da dor, usando os horrores da Segunda Guerra Mundial como eterno argumento para perpetrar sua política de expansão sobre outros povos.
Leia mais sobre este tema:
- Quem é Lieberman, Ministro das Relações Exteriores de Israel? 13/04/09
- Soldados israelenses falam de abusos em Gaza 26/03/09
- A visão distorcida de Nonie Darwish sobre islamismo 24/03/09
- Jornal israelense denuncia assassinatos de civis na Faixa de Gaza 20/03/09
- Império Israelense 19/03/09
- É lícito aos israelenses apoiarem o racismo e a intolerância? 18/03/09
- A questão humanitária definitiva do nosso tempo 03/03/09
Ok, agora vamos falar sério.
Esta é a quarta vez que os Estados Unidos deixam uma Conferência da ONU sobre o Racismo, sempre pela mesma razão: a condenação das políticas israelenses para com os palestinos nos debates e, até mesmo, nos documentos oficiais destes encontros. Preocupado com uma linguagem que condena as políticas de Israel, Washington já havia boicotado as duas primeiras Conferências, em 1978 e 1983, e retirou-se da terceira, em 2001.
A questão de fundo é que Estados Unidos e seus aliados – e Israel, obviamente – não aceitam qualquer relação entre sionismo e racismo. No entanto, uma resolução da ONU, de 1975, considerou racistas os fundamentos ideológicos do sionismo. Esta resolução foi revogada em 1991 por pressões políticas de Washington e Cia. As mesmas pressões políticas que vigoram ainda nas Nações Unidas, transformando-a em um teatro de marionetes cuja voz se perde em meio ao poderio ocidental.
É óbvio que há entre os países árabes, e entre as entidades civis ao seu redor, àqueles que intensificam a intolerância religiosa, em especial quando questionam o direito de o Estado de Israel existir. Os israelenses têm tanto direito a ter seu país quanto qualquer outro povo, inclusive os palestinos. Qualquer ataque contra este direito básico deve ser condenado e combatido.
No entanto, é preciso dizer à exaustão que questionar o sionismo não é o mesmo que questionar o judaísmo ou o Estado de Israel. Questionar o sionismo é, na verdade, perguntar por que diabos a Palestina deve conter uma maioria judaica (questão de fundo do sionismo) se, além dos judeus, outros povos também tem sua herança histórica ligada à região. No entanto, a desonestidade intelectual que domina este debate dá voz aos oportunistas que querem linkar qualquer crítica às políticas israelenses a uma forma de anti-semitismo.
É sobre a condenação das conseqüências do sionismo que repousa o conflito: as políticas israelenses de domínio, limpeza étnica e ocupação ilegal do território palestino (condenada pela ONU nas resoluções 181 e 242, que os israelenses se recusam a cumprir). Estados Unidos e Israel se recusam a discutir estas questões e, sob a égide do “anti-semitismo”, desqualificam qualquer posicionamento crítico em relação às políticas que adotam.
Em 2001, por exemplo, o relatório final da Conferência (veja o esboço) ressaltava o horror do holocausto judeu, mas, também a opressão contra os palestinos.
“Estamos preocupados com o sofrimento imposto ao povo palestino que vive sob ocupação estrangeira. Reconhecemos o direito inalienável do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente e reconhecemos o direito à segurança de todos os Estados da região, entre os quais Israel.”
O relatório expressava, ainda, inquietação com a intolerância religiosa, de ambos os lados.
“Também reconhecemos com grande preocupação o aumento do anti-semitismo e da islamofobia em várias partes do mundo, bem como a emergência de movimentos raciais e violentos inspirados no racismo e nas idéias discriminatórias contra judeus, muçulmanos, árabes e outras comunidades.”
É exatamente este caráter de nivelamento do sofrimento que o Estado de Israel não admite. Israel quer ter o monopólio da dor, usando os horrores da Segunda Guerra Mundial como eterno argumento para perpetrar sua política de expansão sobre outros povos.
Leia mais sobre este tema:
- Quem é Lieberman, Ministro das Relações Exteriores de Israel? 13/04/09
- Soldados israelenses falam de abusos em Gaza 26/03/09
- A visão distorcida de Nonie Darwish sobre islamismo 24/03/09
- Jornal israelense denuncia assassinatos de civis na Faixa de Gaza 20/03/09
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1 comentário:
Pois é,Barone.É sempre assim:que o "terceiro mundo" faça seu dever de casa direitinho,senão leva palmada.Quanto a eles,estão em outra esfera...Cambada de hipócritas.Abraço.
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