Minha primeira experiência literária com Guy de Maupassant foi por meio do conto “O Horla”. Mestre da literatura fantástica, o autor traz na obra (editada em 1887) o germe que infectaria outros mestres do gênero como Lovecraft. No entanto, tive a oportunidade de ler esta semana uma obra totalmente diferente do fantástico proposto pelo escritor francês e através do qual foi mundialmente reconhecido. Trata-se de “Uma vida”, um pequeno romance sobre uma jovem normanda chamada Jeanne, seus sonhos de felicidade, suas desilusões e o entendimento, tardio, de que a vida é muito mais do que nossas projeções de realização pessoal.
É interessante citar que esta variedade de temas é um dos aspectos mais marcantes da obra de Maupassant. Na multiplicidade literária proposta pelo autor, há textos que passeiam pelo cômico ao dramático, do pitoresco ao trágico. Muitos registram o cotidiano, como ocorre em “Uma vida”, onde o autor mergulha na vida rural normanda, abordando a vida de uma família da baixa nobreza, sua avareza, inocência e seu relacionamento com os camponeses.
O fato é que poucos escritores conseguiram abordar com tanta naturalidade a existência humana na sociedade francesa em seus mais complexos matizes, retratando burgueses, operários, prostitutas, boêmios, intelectuais, membros do clero e funcionários com verdade e profundidade.
O enredo de “Uma vida” é simplista sob uma primeira análise: depois de muito tempo vivendo em um convento, a jovem Jeanne retorna ao lar. Durante algum tempo se vê feliz ao lado dos pais e conhece o visconde Julien de Lamare por quem se apaixona. Logo depois do casamento, Julien manifesta sua verdadeira personalidade baseada na indiferença, na avareza e na infidelidade. O jovem trai Jeanne com sua irmã de leite e criada, Rosalie, que, no final da trama, é quem cuida da protagonista guiando-a pelos revezes que a vida lhe propôs. Apesar da simplicidade de folhetim, a história de Jeanne é repleta de situações psicológicas baseadas em relatos da sociedade provinciana francesa do século 19, a relação entre a nobreza, a burguesia, os camponeses e o clero.
“Uma vida” não foge ao estilo adotado por Maupassant de oferecer ao leitor um desfecho inesperado, impactante. Já disseram a seu respeito tratar-se de um escritor “profundo na aparente superficialidade porque reconhece o vazio da vida de suas personagens, que buscam o prazer, mas que encontram apenas a destruição fatal”. Uma excelente definição para o sentimento que permanece após a leitura de “Uma vida”.
O autor
Um dos maiores contistas de todos os tempos, Guy de Maupassant teve uma infância e uma juventude aparentemente felizes no campo francês, em companhia da mãe, uma mulher culta, depressiva, que fora abandonada por um marido infiel. Na década de 1870, dirigiu-se a Paris, onde se notabilizou como contista e travou relações com os grandes escritores realistas e naturalistas da época: Zola, Flaubert e o russo Turgueniev.
Entre 1875 e 1885, produziu a maior parte de seus romances e contos. Escreveu pelo menos 300 histórias curtas, entre as quais obtiveram reconhecimento mundial “Bola de sebo”, “O colar”, “Uma aventura parisiense”, “Mademoiselle Fifi” e “Miss Harriett”, entre outras. De forma muito rápida, conquistou o coração do público francês e o de outros países. Talvez tenha sido, nos últimos anos do século XIX, o escritor mais lido no mundo.
A riqueza e a fama bateram à sua porta, e ele teve uma profusão de casos amorosos. No entanto, a partir de 1884 a sífilis manifestou-se em seu organismo, ocasionando-lhe uma doença nervosa que evoluiu para alucinações. Algumas dessas sensações estranhas e opressivas foram registradas em contos tão célebres quanto assustadores, como “O Horla” e “É ele”. Em 1882, após terríveis sofrimentos, tentou o suicídio. Hospitalizado, morreu no ano seguinte, em estado de semi-demência, com apenas 43 anos de idade.
É interessante citar que esta variedade de temas é um dos aspectos mais marcantes da obra de Maupassant. Na multiplicidade literária proposta pelo autor, há textos que passeiam pelo cômico ao dramático, do pitoresco ao trágico. Muitos registram o cotidiano, como ocorre em “Uma vida”, onde o autor mergulha na vida rural normanda, abordando a vida de uma família da baixa nobreza, sua avareza, inocência e seu relacionamento com os camponeses.
O fato é que poucos escritores conseguiram abordar com tanta naturalidade a existência humana na sociedade francesa em seus mais complexos matizes, retratando burgueses, operários, prostitutas, boêmios, intelectuais, membros do clero e funcionários com verdade e profundidade.
O enredo de “Uma vida” é simplista sob uma primeira análise: depois de muito tempo vivendo em um convento, a jovem Jeanne retorna ao lar. Durante algum tempo se vê feliz ao lado dos pais e conhece o visconde Julien de Lamare por quem se apaixona. Logo depois do casamento, Julien manifesta sua verdadeira personalidade baseada na indiferença, na avareza e na infidelidade. O jovem trai Jeanne com sua irmã de leite e criada, Rosalie, que, no final da trama, é quem cuida da protagonista guiando-a pelos revezes que a vida lhe propôs. Apesar da simplicidade de folhetim, a história de Jeanne é repleta de situações psicológicas baseadas em relatos da sociedade provinciana francesa do século 19, a relação entre a nobreza, a burguesia, os camponeses e o clero.
“Uma vida” não foge ao estilo adotado por Maupassant de oferecer ao leitor um desfecho inesperado, impactante. Já disseram a seu respeito tratar-se de um escritor “profundo na aparente superficialidade porque reconhece o vazio da vida de suas personagens, que buscam o prazer, mas que encontram apenas a destruição fatal”. Uma excelente definição para o sentimento que permanece após a leitura de “Uma vida”.
O autor
Um dos maiores contistas de todos os tempos, Guy de Maupassant teve uma infância e uma juventude aparentemente felizes no campo francês, em companhia da mãe, uma mulher culta, depressiva, que fora abandonada por um marido infiel. Na década de 1870, dirigiu-se a Paris, onde se notabilizou como contista e travou relações com os grandes escritores realistas e naturalistas da época: Zola, Flaubert e o russo Turgueniev.
Entre 1875 e 1885, produziu a maior parte de seus romances e contos. Escreveu pelo menos 300 histórias curtas, entre as quais obtiveram reconhecimento mundial “Bola de sebo”, “O colar”, “Uma aventura parisiense”, “Mademoiselle Fifi” e “Miss Harriett”, entre outras. De forma muito rápida, conquistou o coração do público francês e o de outros países. Talvez tenha sido, nos últimos anos do século XIX, o escritor mais lido no mundo.
A riqueza e a fama bateram à sua porta, e ele teve uma profusão de casos amorosos. No entanto, a partir de 1884 a sífilis manifestou-se em seu organismo, ocasionando-lhe uma doença nervosa que evoluiu para alucinações. Algumas dessas sensações estranhas e opressivas foram registradas em contos tão célebres quanto assustadores, como “O Horla” e “É ele”. Em 1882, após terríveis sofrimentos, tentou o suicídio. Hospitalizado, morreu no ano seguinte, em estado de semi-demência, com apenas 43 anos de idade.
5 comentários:
Victor
Ótima dica de leitura, estou adorando esse espaço.
Abraço
Carla
Oi Carla. Obrigado pela visita, e volte outras vezes.
Valeu a 'dica' !!
Oi Amigo Victor!
Há tempos não passava por aqui e para minha grata satisfação, te vejo resenhando Guy de Maupassant e Yasunari Kawabata.Duplamente feliz quero te parabenizar!
Maupassant, mestre da narrativa curta, em 1885 publicou o excelente romance "Bel-Ami" afirmando " Espero que ele satisfaça aqueles que me cobram algo mais extenso".Não só satisfaz
mas constrói um belo romance, de nuances autobiográficas,onde a personagem principal, Georges Duroy,condensa o retrato de uma época em que se valia de tudo para alcançar as altas esferas do poder.
Este romance foi filmado em três ocasiões, com nova refilmagem prevista para 2011. O livro foi publicado este ano pela editora Estação Liberdade.
Abraço
Luiz Carlos Capssa Lima
Carla e Cria, obrigado pela visita.
Grande Cacho. Saudades meu amigo. Vou procurar este romance do Maupassant. Um grande abraço!
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