“Eu tão anjo tenho andado
Que em mim nasceram asas.”
Dividido em duas partes, Leoa e Gazela, a obra, editada este ano, traz 91 poemas, todos eles imbuídos de um estilo que Heloisa Galves atribui a “maga dos poemas sensuais, carnais, santos, profanos”. Betty Vidigal, por sua vez, define Flávia como uma “raridade neste mundo de jovens que se recusam a rimar, engano de quem não foi tomado pela alma da palavra...”. Sim, a rima faz parte da poesia de Flávia. Uma rima bem fundamentada, bem construída.
“Presságios no céu
da boca
avisam ao navegante:
há perigo e naufrágio
nas carnes das fendas,
nas carnes das coxas,
em falésias envoltas em rendas.”
Leoa e Gazela é repleto de momentos preciosos, “ou esse deus me apolínea / ou o descaminho”, de versos impactantes, “Todo argumento de cuidado / é tolo / aos ouvidos dos furacões”, de luxúria, “Em desvario / vou sugar teus poemas / recitar teu sexo / decorar teu corpo, dar e sorver teus melhores gozos”, tiradas fatais, “(pro meu antídoto / só eu tenho a doença)”, conclusões arrebatadoras, “Sendo assim / te cuspo fora / volátil / apagado de mim”.
Enfim, “Leoa e gazela: todo dia é dia dela” é um excelente livro. Recomendo.
Ela - Bióloga, com mestrado em Microbilogia Agrícola pela USP, Flávia publicou anteriormente "A Filha de Capitu" (poesia) e "Não Culpem Nelson Rodrigues" (contos), participou da Antologia Poética “Vide – Verso”, da Editora Andross, venceu concursos nas comunidades literárias "Vale das Sombras" e "Concursos de Microcontos" e recebeu Menção Honrosa em concursos da Associação dos Escritores Niteroienses e do Sindicato dos Comerciários de Limeira.
3 comentários:
Que jóia, Barone!
Fico muito contente que tenha gostado!
Obrigada !
Boa dica!
Gostei muito Flá.
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