Chega ao Brasil nesta terça-feira (21) o chanceler de Israel Avigdor Lieberman. Representante do que há de mais retrógrado no atual prisma político israelense, ele prega um Israel apenas para judeus, expatriação de árabes-israelenses, juras de fidelidade ao “Estado Judeu” entre outras barbaridades baseadas na intolerância racial e religiosa.
Em março de 2008, um relatório da ONG israelense Mossawa já o apontava como um dos ícones do racismo judeu. No documento, onde eram citados ministros e parlamentares que "baseiam sua força em posições de ódio e incitam ao racismo", o nome que mais aparece é o do chanceler israelense.
E o que defende o ministro das Relações Exteriores de Israel?
Em suas próprias palavras: "Os árabes israelenses são um problema ainda maior do que os palestinos e a separação entre os dois povos deverá incluir também os árabes de Israel... por mim eles podem pegar a baklawa (doce árabe típico) deles e ir para o inferno", afirmou.
Para Lieberman, Israel deve "trocar" as aldeias árabes israelenses pelos assentamentos nos territórios ocupados, ou seja, as aldeias árabes passariam a fazer parte de um estado palestino e os assentamentos seriam anexados a Israel. Importante dizer que os árabes israelenses a que se refere o ministro são cidadãos israelenses, da mesma forma que eram cidadãos alemães os judeus expulsos de suas casas por Hitler e enviados para o exílio forçado e para os campos da morte.
O jornalista Paulo Moreira Leite, no artigo “Ministro israelense tem ideias que lembram nazismo”, fez, recentemente, uma brilhante relação entre o que está ocorrendo em Israel e um passado tenebroso. “Em 1935, dois anos depois da ascensão de Hitler ao poder, foram aprovadas as primeiras leis de Nuremberg. Elas não criaram campos de concentração nem câmaras de gás, mas dividiam a população alemã em duas categorias. A dos cidadãos de ‘puro sangue alemão’, que tinham todos os seus direitos assegurados. Os outros, que não tinha a mesma origem, eram considerados ‘súditos do Estado’.”. Qualquer semelhança com as políticas de "purificação relisiosa" do estado de Israel não são mera coincidência.
Líder dos racistas xenófobos do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu, Lieberman advoga abertamente o banimento dos árabes-israelenses de Israel. O partido declara em sua plataforma a intenção de fazer de Israel um Estado puramente judeu e, ao mesmo tempo, “aumentar a Presença Judia em Yehuda, Shomron, (Cijordânia em outras palavras), Golan (Colinas de Golas, território sírio ocupado) e Jerusalém Leste, assim como trabalhar para a separação entre Gaza e Cisjordânia".
Ele é conhecido por suas constantes incitações racistas contra palestinos com ou sem nacionalidade israelense. Em uma recente coletiva de imprensa organizada pelo seu partido em Haifa, ele impediu a participação de jornalistas árabes. Como o jornal israelense Haaretz noticiou em 6 de fevereiro, ao visitar escolas no norte de Israel, Lieberman foi saudado com gritos de “morte aos árabes” e propostas de “revocar a nacionalidade israelense dos árabes”. O Haaretz revelou também que Lieberman foi seguidor do movimento Kahane Kach, de extrema-direita, banido em 1988.
O chanceler israelense não está sozinho nesta sanha fascista. Yehiel Hazan, do partido Likud, referiu-se aos árabes como "vermes". O atual ministro da Habitação e Construção, Zeev Boim, do partido Kadima, disse que o "terrorismo islâmico poderia ter razões genéticas". O deputado do partido de direita Ihud Leumi, Efi Eitam, defendeu a expulsão dos palestinos da Cisjordânia e a exclusão dos cidadãos árabes israelenses da política do país. "Eles (os cidadãos árabes) são uma quinta coluna, traidores, não podemos permitir a permanência dessa presença hostil nas instituições de Israel", declarou. O rabino Dov Lior, líder dos assentamentos ilegais de Hebron e Kiriat Arba, proibiu seus seguidores de alugar casas a árabes ou de empregar funcionários árabes.
É este o pano de fundo ideológico de Avigdor Lieberman, que em sua passagem pelo Brasil deve ser recebido pelo presidente Lula e pelo chanceler Celso Amorim.
Ele é melhor que Ahmadinejad?
Em maio, quando o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ensaiava sua vinda ao Brasil, setores da mídia e da sociedade civil fizeram um tremendo burburinho. O Brasil deveria repudiar a vinda do facínora, do anti-semita, do persa louco, do “anão de jardim”. Afinal, ele era um racista convicto, um defensor da “destruição de Israel”. O professor e blogueiro Idelber Avelar fez em seu blog um belo resumo desta ópera bufa, no artigo “A histeria da direita com a visita de Ahmadinejad”.
Certo... Ahmadinejad não é exemplo a ser seguido por ninguém. No entanto, quem é Avigdor Lieberman para acusar quem quer que seja de racista? Ele, que em seu currículo ostenta a segregação racial em Israel como bandeira, entre outras ignomínias.
Leia mais:
- Quem é Avigdor Lieberman, Ministro
- Quem vaia Ahmadinejad aplaudiria Lieberman?
- O roto e o maltrapilho
- Israel volta a negar compromisso com criação de Estado palestino
- As similaridades entre Sionismo e Nazismo
- É lícito aos israelenses apoiarem o racismo e a intolerância?
- A transformação autoritária de Israel
- Somos obrigados a aceitar o catolicismo como religião oficial?
- Chomsky: Terrorismo de Estado ameaça a segurança de Israel
- Sob a sombra do fascismo
- Racistas podem comandar o governo em Israel
- Israelenses mantém o caminho da direita
- O que ocorre em Gaza é genocídio?
- Terrorismo de Estado
Em março de 2008, um relatório da ONG israelense Mossawa já o apontava como um dos ícones do racismo judeu. No documento, onde eram citados ministros e parlamentares que "baseiam sua força em posições de ódio e incitam ao racismo", o nome que mais aparece é o do chanceler israelense.
E o que defende o ministro das Relações Exteriores de Israel?
Em suas próprias palavras: "Os árabes israelenses são um problema ainda maior do que os palestinos e a separação entre os dois povos deverá incluir também os árabes de Israel... por mim eles podem pegar a baklawa (doce árabe típico) deles e ir para o inferno", afirmou.
Para Lieberman, Israel deve "trocar" as aldeias árabes israelenses pelos assentamentos nos territórios ocupados, ou seja, as aldeias árabes passariam a fazer parte de um estado palestino e os assentamentos seriam anexados a Israel. Importante dizer que os árabes israelenses a que se refere o ministro são cidadãos israelenses, da mesma forma que eram cidadãos alemães os judeus expulsos de suas casas por Hitler e enviados para o exílio forçado e para os campos da morte.
O jornalista Paulo Moreira Leite, no artigo “Ministro israelense tem ideias que lembram nazismo”, fez, recentemente, uma brilhante relação entre o que está ocorrendo em Israel e um passado tenebroso. “Em 1935, dois anos depois da ascensão de Hitler ao poder, foram aprovadas as primeiras leis de Nuremberg. Elas não criaram campos de concentração nem câmaras de gás, mas dividiam a população alemã em duas categorias. A dos cidadãos de ‘puro sangue alemão’, que tinham todos os seus direitos assegurados. Os outros, que não tinha a mesma origem, eram considerados ‘súditos do Estado’.”. Qualquer semelhança com as políticas de "purificação relisiosa" do estado de Israel não são mera coincidência.
Líder dos racistas xenófobos do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu, Lieberman advoga abertamente o banimento dos árabes-israelenses de Israel. O partido declara em sua plataforma a intenção de fazer de Israel um Estado puramente judeu e, ao mesmo tempo, “aumentar a Presença Judia em Yehuda, Shomron, (Cijordânia em outras palavras), Golan (Colinas de Golas, território sírio ocupado) e Jerusalém Leste, assim como trabalhar para a separação entre Gaza e Cisjordânia".
Ele é conhecido por suas constantes incitações racistas contra palestinos com ou sem nacionalidade israelense. Em uma recente coletiva de imprensa organizada pelo seu partido em Haifa, ele impediu a participação de jornalistas árabes. Como o jornal israelense Haaretz noticiou em 6 de fevereiro, ao visitar escolas no norte de Israel, Lieberman foi saudado com gritos de “morte aos árabes” e propostas de “revocar a nacionalidade israelense dos árabes”. O Haaretz revelou também que Lieberman foi seguidor do movimento Kahane Kach, de extrema-direita, banido em 1988.
O chanceler israelense não está sozinho nesta sanha fascista. Yehiel Hazan, do partido Likud, referiu-se aos árabes como "vermes". O atual ministro da Habitação e Construção, Zeev Boim, do partido Kadima, disse que o "terrorismo islâmico poderia ter razões genéticas". O deputado do partido de direita Ihud Leumi, Efi Eitam, defendeu a expulsão dos palestinos da Cisjordânia e a exclusão dos cidadãos árabes israelenses da política do país. "Eles (os cidadãos árabes) são uma quinta coluna, traidores, não podemos permitir a permanência dessa presença hostil nas instituições de Israel", declarou. O rabino Dov Lior, líder dos assentamentos ilegais de Hebron e Kiriat Arba, proibiu seus seguidores de alugar casas a árabes ou de empregar funcionários árabes.
É este o pano de fundo ideológico de Avigdor Lieberman, que em sua passagem pelo Brasil deve ser recebido pelo presidente Lula e pelo chanceler Celso Amorim.
Ele é melhor que Ahmadinejad?
Em maio, quando o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ensaiava sua vinda ao Brasil, setores da mídia e da sociedade civil fizeram um tremendo burburinho. O Brasil deveria repudiar a vinda do facínora, do anti-semita, do persa louco, do “anão de jardim”. Afinal, ele era um racista convicto, um defensor da “destruição de Israel”. O professor e blogueiro Idelber Avelar fez em seu blog um belo resumo desta ópera bufa, no artigo “A histeria da direita com a visita de Ahmadinejad”.
Certo... Ahmadinejad não é exemplo a ser seguido por ninguém. No entanto, quem é Avigdor Lieberman para acusar quem quer que seja de racista? Ele, que em seu currículo ostenta a segregação racial em Israel como bandeira, entre outras ignomínias.
Leia mais:
- Quem é Avigdor Lieberman, Ministro
- Quem vaia Ahmadinejad aplaudiria Lieberman?
- O roto e o maltrapilho
- Israel volta a negar compromisso com criação de Estado palestino
- As similaridades entre Sionismo e Nazismo
- É lícito aos israelenses apoiarem o racismo e a intolerância?
- A transformação autoritária de Israel
- Somos obrigados a aceitar o catolicismo como religião oficial?
- Chomsky: Terrorismo de Estado ameaça a segurança de Israel
- Sob a sombra do fascismo
- Racistas podem comandar o governo em Israel
- Israelenses mantém o caminho da direita
- O que ocorre em Gaza é genocídio?
- Terrorismo de Estado
8 comentários:
Bom dia, Victor Barone!
O seu artigo foi esclarecedor (e estarrecedor também). Obrigado.
- Henrique Pimenta
Barone, como é possível que isso ocorra em pleno sec.XXI? Esse artigo, como o Bardo disse, é bastante esclarecedor. Não fazia ideia das concepções desse sujeito. E está no Brasil e nenhum movimento é feito contra sua presença? Que contradições são essas? Se é anti-semita, um alarde, o contrário, nada? Cada vez mais a humanidade me assusta. Excelente artigo, Barone. beijo.
É incrível que apenas 64 anos depois do fim da Segunda Guerra vejamos tristes expressões de antissemitismo como esta do sr. Liebermann. Troque-se os povos e alguns poucos detalhes nas expressões usadas e veja-se que não há qualquer diferença com a Alemanha do final dos anos 30.
-Daniel
Ressalte-se, é claro, que se os discursos são os mesmos, há profundas diferenças entre as duas épocas. Mas isso não é justificativa para as palavras de e ações pretendidas por Liebermann.
Você sabe por que este sujeito está sendo recepcionado aqui?
DEsde ontem venho denunciando a visita deste criminoso! Precisamos protestar, barrar este NAzi-Sionista! http://tsavkko.blogspot.com/2009/07/genocida-lieberman-no-brasil-perigo.html
Meu Bardo, Adriana, Margarete... pois é. É a hipocrisia que nos rodeia. Penso que não deveríamos receber ou manter relações com nenhum país que agride os direitos básicos de seus cidadãos ou que violam os direitos de outros povos. E aí, estamos falando de muitas nações, entre elas Israel e Irã. Mas, vale tudo em nome das boas relações comerciais.
Daniel, as similaridades do que acontece hoje em Israel e o que aconteceu há 60 anos na Alemanha são apavorantes.
Raphael. Acompanho seu blog. Parabéns pela luta. Mantenhamos contato.
Oi Barone,
Fiquei chocado com esse perfil do dirigente de Israel. Não imaginava que os israelenses haviam colocado no poder um cara tão perigoso e anti-humanista.
Igualmente espantoso é o silêncio da imprensa quanto a esse sujeito. Ele não é bem vindo ao Brasil, assim como o iraniano Ahmadinejad também não.
Abraço.
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