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terça-feira, 21 de abril de 2009

O roto e o maltrapilho

O ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, criticou no domingo (19) a Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Outras Formas Relacionadas de Intolerância, que teve início ontem, em Genebra (Suíça). Segundo ele, o evento conta com a participação de líderes "racistas", como o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

"Uma conferência internacional na qual um racista como Ahmadinejad, que defende dia e noite a destruição de Israel, é convidado a palestrar expõe quais são seus objetivos e seu caráter", disse o ministro israelense.

Certo... Ahmadinejad não é exemplo a ser seguido por ninguém. No entanto, quem é Avigdor Lieberman para acusar quem quer que seja de racista?

Líder dos racistas xenófobos do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu, Lieberman advoga abertamente o banimento dos árabes-israelenses de Israel. O partido declara em sua plataforma a intenção de fazer de Israel um Estado puramente judeu e, ao mesmo tempo, “aumentar a Presença Judia em Yehuda, Shomron, (Cijordânia em outras palavras), Golan (Colinas de Golas, território sírio ocupado) e Jerusalém Leste, assim como trabalhar para a separação entre Gaza e Cijordânia".

Lieberman é conhecido por suas constantes incitações racistas contra palestinos com ou sem nacionalidade israelense. Em uma recente coletiva de imprensa organizada pelo seu partido em Haifa, ele impediu a participação de jornalistas árabes. Como o jornal israelense Haaretz noticiou em 6 de fevereiro, durante recente visita a escolas no norte de Israel, Lieberman foi saudado com gritos de “morte aos árabes” e propostas de “revocar a nacionalidade israelense dos árabes”. O Haaretz revelou também que Lieberman foi seguidor do movimento Kahane Kach, de extrema-direita, banido em 1988.

Idéias que já foram consideradas extremamente racistas para serem legitimamente expressas são agora parte do discurso político em Israel, enquanto outras opiniões são silenciadas. Trata-se de um sério sinal de que a situação em Israel lembra mais e mais a era do apartheid na África do Sul.

E ele fala em racismo...

Leia mais sobre este tema:
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