O discurso do premiê israelense Benjamin Netanyahu, ontem, não causou surpresas. Pressionado pelos Estados Unidos a demonstrar um pouco de jogo de cintura sobre a questão palestina no melhor estilo “me ajuda a te ajudar”, “Bibi” falou o que Obama queria ouvir, mas, de fato, não disse absolutamente nada. Ao condicionar a criação de um Estado Palestino a imposições que dizem respeito à soberania dos palestinos, deixou o debate encalacrado no mesmo atoleiro em que sempre esteve. O mais grave não foi o que disse ou deixou de dizer Netanyahu, mas a reação de Obama que, segundo o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, celebrou o discurso do premiê israelense. É um sinal grave de que – assim como ocorreu com Guantanamo e a tortura – o presidente dos Estados Unidos joga mesmo é para a torcida.
2 comentários:
Victor,
Sem querer ser chata e já sendo, qual a reação correta deveria ser a do presidente Obama,na sua opinião, em um asssunto tão delicado sobre política externa?
(meus comentários parecem aquela parte do programa "Escrivinhamentos"
Pergunte ao professor Barone!)rsrsrs
Bjs.
Oi Fátima, que chata nada. O melhor de um blog é o debate que ele proporciona. Penso que um dos motivos pelo qual Obama tem recebido crédito mundial foi a possibilidade que ele apresentou de quebrar práticas autoritárias estabelecidas pelo governo Bush - como as prisões sem julgamento de “supostos suspeitos” e as torturas em Guantanamo – e outras, estabelecidas bem no fundo da prática política de Washington – como o apoio incondicional a Israel. Muita gente apostou que Obama quebraria estes paradigmas com uma visão mais moderna do mundo. Não foi o que ocorreu na prática. A diferença entre o discurso e Obama e esta prática é muito profunda. Diante do seu discurso no Cairo, Obama poderia ter endurecido o tom agora, pois o pronunciamento de Benjamin Netanyahu foi claramente político. Para inglês (no caso, americano) ver. O premiê israelense aceita apenas um Estado Palestino desmilitarizado (o que não existe), não aceita interromper a ampliação dos assentamentos instalados ilegalmente na Cisjordânia, não admite a volta dos refugiados expulsos de suas terras etc, etc, etc. Foi um discurso vazio. Se é isso o que Obama quer, a política do vazio, no qual a encenação chega ao ápice com apertos de mãos inócuos, então ele deve aplaudir o discurso de Netanyahu. Mas do presidente dos Estados Unidos se espera mais que espetáculo, pelo menos foi para isso que ele foi eleito. Ou não?
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