Semana On

domingo, 25 de novembro de 2012

Recado dado?

Recado dado?
"População rejeita vereador que legisla em causa própria e diz não ao aumento de 66% "

Vereadores não são remunerados em boa parte do mundo. Em algumas cidades, eles recebem apenas um auxílio financeiro simbólico. Em outras, no entanto, a atividade pode exigir dedicação exclusiva e remunerada. Umm vereador de Los Angeles, Estados Unidos, por exemplo, ganha em média R$ 24 mil por mês. Isso representa 116% a mais do que o salário de um vereador de São Paulo ou do Rio de Janeiro, que, hoje, recebe R$ 9 mil mensais.

Na Cidade do México, o cargo de vereador é honorário e não existe nenhum tipo de contribuição. Há cerca de 1,8 mil comitês de bairros, organizados em torno de nove vereadores nomeados para servir durante três anos. Enquanto um assalariado médio americano ganha R$ 3,9 mil por mês, um vereador nova-iorquino recebe R$ 16 mil, ou seja, 7 vezes mais. A Câmara é composta por 51 membros e o cargo não exige dedicação exclusiva.

Na capital da Suécia, Estocolmo, o salário de um vereador é apenas uma ajuda de custo, cerca de R$ 350. Se ele fizer parte de um comitê, pode subir para R$ 790. O valor representa apenas 10% da renda de um assalariado médio sueco, que ganha R$ 7,5 mil mensais. Em Paris o salário varia muito, porque depende do tamanho da área da cidade em que o vereador atua. Mesmo oscilando, o valor é próximo do salário médio de um francês, que ganha R$ 5 mil mensais.             

Enquanto o salário médio de um canadense é R$ 5,2 mil por mês, um vereador de Toronto, a maior cidade do país, ganha R$ 4,3 mil. A lei não determina uma carga horária a cumprir, mas a função exige dedicação exclusiva.

Em Campo Grande (MS), onde – como em todo o país – o cargo de vereador não exige dedicação exclusiva, os parlamentares pretendem conceder-se um módico aumento salarial até dezembro. Hoje, eles ganham R$ 9,2 mil por mês. Querem passar a ganhar R$ 15 mil. Um reajuste de 66%.

Trata-se de uma afronta, quando sabemos que este reajuste será nove vezes maior do que o anunciado para o trabalhador comum, que deve ter 7% de aumento em 2013, quando o salário mínimo passará a R$ 667,75.

É preciso muita "coragem" para buscar argumentos que justifiquem um reajuste tão escandaloso. Dizer que o salário de um vereador pode ser calculado em até 75% do salário de um deputado estadual e que, por isso, o reajuste seria legal é fazer uma brincadeira perigosa com a paciência da população.

O fato é que a população rejeita o vereador que legisla em causa própria. Em uma enquete (aqui) feita entre seus leitores no Facebook - entre o dias 28 de outubro e 1º de novembro - a revista Semana Online pode mensurar isso de forma clara. Dos 1.726 leitores que responderam à enquete neste período, 1.520 (88.1%) se disseram contra o aumento. Apenas 108 participantes (6.3%) concordam com o reajuste e 97 (5.7%) disseram não ter opinião formada. Recado dado?

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