Semana On

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Edward Said, a filologia e o tal relativismo

Diego Vianna, do excelente Para ler sem olhar, publicou hoje um interessante artigo sobre o relativismo cultural. Ele pode servir de contraponto para três artigos que publiquei aqui recentemente: "Os descaminhos do relativismo cultural", de Harry Gensler, "Atire a primeira pedra quem apóia a burca" e "Relativizando o relativismo. Ou: no dos outros é refresco", ambos de minha autoria. Trata-se de um tema que merece ser debatido.

2 comentários:

Diego Viana disse...

Aliás, o texto não é especificamente sobre os seus posts, embora eles sejam uma das principais (talvez a principal) "inspiração". Tenho lido ataques a essa figura nebulosa do "relativismo" em todo canto, desde a estética (Antonio Cícero, por exemplo) até a política, passando pela ética e a ciência. O que me preocupa mais nisso tudo é que dá pra encaixar praticamente QUALQUER COISA nessa rubrica (foi, falando nisso, o que o Catatau comentou lá no post).

Abs
Diego

PS1: Esqueci de dizer lá uma coisa... curiosa. Nós não somos ocidentais, na verdade. "Ocidente" é a palavra pela qual os países desenvolvidos (à exceção do Japão) se referem a si próprios. Antigamente,"Ocidente" era a Europa ocidental. Hoje inclui americanos e canadenses. Sei disso porque quando falei do Brasil como Ocidente, riram da minha cara. Desde esse dia, o termo "ocidental" é uma das coisas de que mais tenho asco...

PS2: Meu sobrenome só tem um N...

Barone disse...

Diego,

tenha paciência com o amigo, sou um pouco apressado e por isso acabo reduzindo as coisas ao nível da praticidade. Não tenho também o embasamento teórico que você tem. Aprendo toda vez que leio algo de sua lavra. Mas, cabeça dura do jeito que sou, insisto sempre em colocar as coisas no campo da prática. Sendo assim, esboço a seguir um exemplo pra que o amigo me ajude a compreender o raciocínio.

Digamos que eu esteja sentado em uma mesa de bar com um grupo de amigos, um homossexual, um católico e um ateu convicto. Na mesa ao lado, uma pessoa começa a tecer comentários homofóbicos em voz alta, agressivo, sugere que o Brasil adote a pena de morte para homossexuais. Meu amigo ateu se sente constrangido, mas prefere ficar quieto. Já meu amigo católico se levanta e exige que o energúmeno guarde para si sua opinião, ou que a profira em voz baixa, de modo que nosso amigo homossexual não se sinta discriminado.

Qual seria a melhor atitude a ser tomada por mim?

1- Ficaria quieto, ao lado do ateu convicto, afinal, que diabos este católico pode falar sobre preconceito? Ele, que acredita em um ser supremo, ele que crê em valores absolutos. Melhor ficar quieto e não colocar em risco a historicidade dos valores que defendo.

2- Me uniria ao católico e confrontaria o preconceituoso. Afinal, pouco me importa que ele acredite em Cristo e em seus ensinamentos se está defendendo algo que julgo correto, um valor absoluto, mas correto. Melhor tomar uma posição clara a ficar conjeturando sobre se vou esvaziar ou não a força de meus argumentos ao me colocar ao lado de um crente.

PS: Em momento algum disse que o seu artigo foi uma resposta especifica sobre os meus posts, disse, isso sim, que ele seria um bom contraponto.

PS: Desculpe pelo N de sobra.

Abs.