Semana On

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mentira como prática política

Não tive tempo de escrever ontem sobre o depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. No entanto, pude assistir trechos do depoimento, em especial o momento em que o senador Aloízio Mercadante (PT-SP) a inquiriu, tentando de todas as formas imprimir no seu seguro depoimento traços de inconsistência e contradição.

É triste, muito triste, ver um homem público da envergadura de Mercadante rastejando na ética para poupar a escolhida do líder máximo. Dilma Roussef é mentirosa costumaz. Mentiu no episódio do dossiê FHC, mentiu sobre o próprio currículo, mente sobre o encontro com Lina Vieira.

Se não há provas físicas da reunião em que a ministra da Casa Civil pediu descaradamente que a ex-secretária da Receita “apressasse a investigação sobre o filho de Sarney”, a segurança extrema com que a última encarou os mitômanos da República convenceu. Ela diz a verdade, por mais que isso enfureça quem confunde mentira com ossos do ofício da política.

Tão ruim quanto a mentira é o cinismo e o presidente Lula protagonizou um momento constrangedor ao “desafiar” Lina Vieira a mostrar sua agenda para provar o encontro com Dilma, como se todos os encontros e reuniões que permeiam o dia a dia deste pessoal fossem precedidos de anotações formais.

Disse o filósofo Roberto Romano em reportagem publicada na última edição da Veja: "A mentira sempre foi um componente histórico da política. O avanço da sociedade democrática serve como um antídoto, mas os políticos continuam fazendo da mentira um instrumento de trabalho".

No fim das contas fica a impressão de que qualquer cidadão que ouse dizer a verdade quanto aos descaminhos de nossas excelências arriscam ter sua imagem desconstruída, sua palavra posta em cheque, sua reputação questionada (que o diga Francenildo). Tudo para preservar a imagem de gente que se sente acima do bem e do mal.

6 comentários:

BAR DO BARDO disse...

O Delcídio, no fim das contas, é que será o candidato do Lula. Pronto, falei!

Adriana Godoy disse...

Barone, é mais um episódio que mostra a face não mais oculta dessa política rasteira a que estamos quase acostumados. Penso: o povão sabe? Em que medida isso afeta suas vidas agora? Ah! Va dar pizza, daqui a pouco vem mais um...é só esperar. bj

Daniel Braga disse...

Cara, estou com você! Não é possível mais que este povo aguente esta corja no poder! O PT está rachando em dois. Eles tinham tudo para ter feito a diferença e hoje mostram a pior face que a esquerda poderia ter!

Ai me vêm a mente: ainda existe esquerda e direita? Me sinto um bobalhão!

Barone disse...

Esquerda, direita... isso não existe mais no âmbito partidário. Chegando "lá" todos se coadunam. Por isso, simplesmente, não acredito mais na democracia representativa nos moldes atuais.

Alê M. disse...

que guinada deu esse blog, hem?

ok...
vamos então todos acreditar na ex-secretaria demitida, que 7 meses depois "lembrou" de uma reunião "secreta", sem data, hora, testemunhas (tirando a Folha, e o motorista que "acabou" de mudar de emprego, que tb não lembra de data hora...), provas e conteúdo (10 minutos de amenidades e um pedido para agilizar uma investigação), casada com ex-ministro do santo fhc, que responde a um processo no stf junto com roseana sarney, por improbidade administrativa.

aliás... vocês jornalistas são muito pouco desconfiados. largam o osso muito cedo. só vão atrás do que fortalece suas teses.

Barone disse...

Caro Alê,
respondi AQUI.