A última edição da revista de turismo Rio for Parties (Rio para Festeiros), da Editora Solcat, classifica as mulheres cariocas de "máquinas de fazer sexo" e define os bailes de carnaval como "festas ao ar livre com atividades de semiorgia".
A “reportagem” (se é que podemos classificar este lixo desta forma) divide as mulheres cariocas em quatro estilos: as britneys, que seriam as "filhinhas de papai" que não deixam ninguém cantá-las; as popozudas, chamadas de "máquina de sexo bundudas" que topam facilmente ter relações sexuais; as hippies/ravers, que são garotas divertidas, mas difíceis de beijar; e as balzacs, mulheres com mais de 30 anos que querem se divertir, dançar, beber e beijar.
O texto recomenda também que o turista não “tente pegar sua brasileira na praia", principalmente no fim de semana, além de aconselhá-lo a não tentar a abordagem na rua. E recomenda: “Tente derretê-la com uma aproximação suave. Tente começar a beijar o mais rápido possível”. Outra recomendação: o turista não deve insistir para ir à casa dela, e sim sugerir um passeio por onde estão os melhores motéis.
Para completar a lambança, a tal revista utiliza na capa, sem autorização, o selo Brasil Sensational, do Ministério do Turismo, criado para divulgar a imagem do turismo brasileiro e atrair turistas de todo o mundo.
A Advogacia-Geral da União (AGU) encaminhou à Justiça Federal, a pedido da Embratur, ação para retirar o “guia” de circulação, sob o argumento de que ele estimula o turismo sexual, viola a dignidade humana e expõe o povo brasileiro a situação vexatória. A ação ainda alega que a publicação incentiva práticas de exploração sexual.
Trata-se de mais um momento triste para o turismo brasileiro, cuja publicidade ainda é marcada pela exploração da mulher como mercadoria sexual. No dia 12 de dezembro publiquei aqui o artigo “Toda brasileira é bunda?”, no qual esmiúço este polêmico tema.
A “reportagem” (se é que podemos classificar este lixo desta forma) divide as mulheres cariocas em quatro estilos: as britneys, que seriam as "filhinhas de papai" que não deixam ninguém cantá-las; as popozudas, chamadas de "máquina de sexo bundudas" que topam facilmente ter relações sexuais; as hippies/ravers, que são garotas divertidas, mas difíceis de beijar; e as balzacs, mulheres com mais de 30 anos que querem se divertir, dançar, beber e beijar.
O texto recomenda também que o turista não “tente pegar sua brasileira na praia", principalmente no fim de semana, além de aconselhá-lo a não tentar a abordagem na rua. E recomenda: “Tente derretê-la com uma aproximação suave. Tente começar a beijar o mais rápido possível”. Outra recomendação: o turista não deve insistir para ir à casa dela, e sim sugerir um passeio por onde estão os melhores motéis.
Para completar a lambança, a tal revista utiliza na capa, sem autorização, o selo Brasil Sensational, do Ministério do Turismo, criado para divulgar a imagem do turismo brasileiro e atrair turistas de todo o mundo.
A Advogacia-Geral da União (AGU) encaminhou à Justiça Federal, a pedido da Embratur, ação para retirar o “guia” de circulação, sob o argumento de que ele estimula o turismo sexual, viola a dignidade humana e expõe o povo brasileiro a situação vexatória. A ação ainda alega que a publicação incentiva práticas de exploração sexual.
Trata-se de mais um momento triste para o turismo brasileiro, cuja publicidade ainda é marcada pela exploração da mulher como mercadoria sexual. No dia 12 de dezembro publiquei aqui o artigo “Toda brasileira é bunda?”, no qual esmiúço este polêmico tema.
2 comentários:
Caro Victor, é numa situação dessas que podemos observar o poder da imprensa. Um guia assim teria muita vendagem, independente de nossa opinião. Pelo que foi dito, os representantes desse "jornalismo" caça-níqueis não têm o mínimo pudor (em todo os sentidos) de vender a pátria que, provavelmente, ajudou-os em sua formação profissional (sei lá, se é que uma corja como a apresentada teve sequer o cuidado de um diploma). Bem, todos nós sabemos que há muita coisa errada no Rio, assim como em todos os cantos do planeta, em suas festas e em seu turismo. Agora dividir as mulheres cariocas em tipos comestíveis e em menos comestíveis, aí já é...
RECIPROCIDADE, RESGUARDO DA SOBERANIA OU INTERESSES DO
CAPITAL
João dos Santos Filho
Quando a Bolívia nacionalizou, a filial da Petrobrás em seu território, a multinacional brasileira do petróleo foi objeto, de uma onda natural e compreensível de nacionalismo. Parte da elite nacional exigia medidas drásticas, de retaliação por parte do governo brasileiro, para com o país vizinho, alguns membros da classe política chegaram a sugerir o envio de tropas militares à Bolívia, outros desclassificaram seu presidente, chamando-o de ditador fascista e comunista.
Tudo passou, Evo Morales brigou e cedeu, o Brasil amadureceu e renegociou, e a América Latina cresceu politicamente no campo econômico, cristalizando laços para uma luta coletiva, e sinalizando a formação de um bloco de poder latino, independente e voltado aos interesses de um nacionalismo de resultados.
Hoje, as velhas estruturas de poder, que nos saquearam por séculos, estão cientes que não podem continuar, com essa tosca prática de manejo de poder “colonialista”. Porque, existe um bloco de poder constituído na América do Sul, no campo da negociação coletiva, em que os interesses do continente latino começam a ensaiar um processo de auto-cooperação política, econômica e social intra e entre paises latinos.
O que significa afirmar, que o Capital, também divide o campo político, para poder acelerar e ampliar o processo de geral e transnacional de acumulação, garantindo certa autonomia para as negociações políticas locais. Com isso, a maioria dos latino-americanos tidos como “turistas” barrados nos aeroportos europeus, não devem considerar-se como objeto de perseguição por parte dos países europeus, mas, sim resultado dos interesses do Capital.
É evidente que a tradução desse processo explicita-se, por meio, de preconceitos diversos que são aflorados no interior da relação de hospitalidade, que se dá entre o “turista” latino e o europeu, como: etnocentrismo; racismo; concorrência no mercado de trabalho e o fetiche com referência a mulher e ao homem latino. Mas nada, é tão forte como o apelo ao erotismo e exotismo da mulher brasileira, que ainda toma conta de parte da mídia que mandamos para fora, bem como, publicações que de forma indireta timbram as brasileiras como concordes com o turismo sexual.
Uma das inúmeras publicações, que insinuam para tal estigma, pode ser visualizada e lido em um guia editado em inglês direcionado para turistas (homens) estrangeiros da editora Solcat . Em que o tratamento dado a mulher brasileira é extremamente humilhante e fere os princípios básicos dos Direitos Humanos.
Essa publicação já foi objeto de estudos acadêmicos, no qual o autor faz o seguinte comentário:
É desta forma que fica autorizado o capítulo “How to deal with Brazilian Women” (p. 113, ver o Grupo de Imagens II), em que a exemplo do que Borba fizera nas páginas anteriores, Nogueira também define os “quatro tipos da mulher brasileira (além da garota normal)”. São elas: as Britney Spears, contrapartes femininas dos Preppy-types e talvez a tradução possível para o que chamaríamos de “Patricinhas”, que são “as filhinhas de papai, ...lindas, mas que não deixam ninguém paquera-las”, sendo recomendado ao leitor nem se chegar perto delas; as Hippies ou Ravers que, sejam lá quem forem, são “fáceis de se chegar, boas de papo, difícil de beijar, fácil de beber e se divertir com elas” (grifo meu), praticamente dando como caminho das pedras e da cama embebedar tais garotas; a genérica categoria the 30 year old, de mulheres mais velhas que gostam de “se divertir, dançar, beber e beijar”, sendo recomendado que sejam tratadas “como damas, pois assim ... tratarão [o turista] como um rei, talvez não esta noite, mas amanhã com certeza”; e, por fim, as Popozudas, que são “maquinas de sexo, ... [que] malham, vestem calças apertadas, ... pintam o cabelo de louro e fazem de tudo para ficarem lindas. Um bom investimento, já que o motel é sempre uma possibilidade com estas gatas”. A categorização das cariocas, que segundo o guia “acreditam de coração que são as Garotas de Ipanema” (p.112), é feita portanto a partir da possibilidade do playboy/leitor construído pela publicação ter sexo ou não com elas, aparentemente a única interação possível.
Diante desses fatos, o governo é contraditório, investe em propagandas contra o turismo sexual, mas permite o uso da “Marca Brasil” em publicações de apelo sexual a mulher brasileira e especificamente carioca. Para não dizer, que o problema é gravíssimo, devemos entender que os fluxos de turistas estrangeiros que buscam a prática do turismo sexual no território brasileiro, são os compradores desse guia (Rio For Parties), pois o mesmo, é vendido no Brasil e no exterior.
Nesse sentido, não podemos abrir mão da reciprocidade, no tratamento ao turista estrangeiro, pois é uma questão de soberania em todos as circunstancias que a mesma possa significar. Ser barrado pela polícia no desembarque, quando chegamos a Europa pode ser expresso por referências de normas legais exigidas pelo país “hospitaleiro” , mas fazendo, uma análise profunda percebemos que a questão gira em torno dos interesses do Capital.
O Estado exige, e impõe as leis, como garantias para preservar a empregabilidade dos nacionais e diminuir os gastos do governo para com a assistência ao emigrante, como podemos perceber, mas seguintes normas gerais:
1. O passaporte só pode vencer três meses após o termino da viagem, ou seja, não pode extrapolar os 90 dias que o estrangeiro tem o direito para conseguir visto de viagens a negócio ou de turismo;
2. Apresentar reserva de hotel, passagem de ida e volta e seguro saúde com cobertura de 30 mil Euros;
3. Para ter acesso livre a Espanha, deve-se levar 57,06 Euros para cada dia de permanência. Em Portugal, são 75 Euros.
A idéia, que sustenta o ato de coibir a mobilidade geográfica dos indivíduos fere os direitos mais elementares de liberdade humana, e atende aos interesses do Capital, que necessita preservar a empregabilidade, para sua mão de obra nacional e manter um equilíbrio suportável do exército industrial de reserva. Essa é a verdadeira razão, do por que os Estados Nacionais estão afunilando a entrada de emigrantes, que podem vir, travestidos de turistas e estudantes.
Por isso, a manifestação do ato de barrar a entrada de brasileiros, nunca é explicitada pelos fatores acima expostos, mas sim, por meio de um velho etnocentrismo colonizador que se traduz pela humilhação ao brasileiro, por isso, devemos fazer uso do direito de reciprocidade e divulgar os atos de barbárie do qual somos objeto.
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