Semana On

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Poema

Nós que conhecemos seu nome
Que nos agachamos, apavorados,
Em pequenos escritórios
Que vomitamos mentiras
A troco de afagos
Que nos violentamos como
Putas em becos distantes

Nós que conhecemos seu nome,
Que nos contentamos com pouco
E ainda assim erguermos as mãos
Em súplica por um naco de luz
Que nos entregamos todos os dias
Sem ao menos um grito de dentes,
Como cheiro de nada que somos

Nós que conhecemos seu nome
Que nos violentamos dia após dia
Escancarando sorrisos, saudando
Hipocrisias e gargalhadas
Que fugimos de nós mesmos
Em troca de migalhas,
Que nos prostramos, imundos,
Perante reis que apodrecem.

Nós, que permitimos o que não se devia
Que acariciamos a face da besta
E ainda assim rezamos escondidos
Em nossas camas cobertas

Que olhamos com olhos de pedra
E damos as costas todos os dias
Que fazemos ouvidos moucos
exibindo nossa preguiça repleta de culpa

Nós, que conhecemos seu nome,
Mas esquecemos a face de nossos pais

Somos nós os culpados por tudo
Somos nós os vermes escuros,
Somos nós, os que arrastam a fera
Por correntes de seda,
Embevecidos por nos permitirem
Uma nesga de ar.

2 comentários:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

muito bom!
Recém vi seu blog citado na Revista Cultura Ms.
Abração

Adriana Godoy disse...

Porra!!! Muito bom! Um soco na cara de todos nós que nos permitimos tanta sujeira, que nos acomodamos tanto. Valeu, Barone!