Carla tem 21 anos de idade, corpo perfeito, rosto de menina, veste-se com as grifes da moda, o corte dos cabelos aloirados é moderno. Carla é o protótipo da menina de classe média, a "patricinha". Ela veio de uma cidade do litoral paulista para cursar enfermagem em uma universidade de Mato Grosso do Sul, divide uma casa com a irmã, tem namorado e vida social movimentada. Carla é "menina para casar", diriam alguns. Mas, por trás de tudo isso, ela esconde um detalhe que a diferencia das demais "patys" que compõem seu círculo de amizades na universidade. Ela é garota de programa.
Sentada em uma mesa de bar na Avenida Afonso Pena, pernas elegantemente cruzadas revelando pés bem tratados e detalhes de uma sandália cara, ela fala sem pudores de sua "opção". Diz que chegou a Campo Grande há dois anos e que acabou "caindo na vida" pelas mãos de uma colega de curso. Sim, Carla não é uma exceção. Através dela conversamos com outras meninas com as mesmas características: universitárias, jovens, bonitas, vindas de outros Estados para estudar na Capital de MS, profissionais do sexo.
Apesar da postura segura, Carla deixa transparecer no olhar um certo desconforto com a situação: "Não costumo conversar sobre isso com ninguém. Foi uma opção que eu fiz. Vou trabalhar nisso até o final do ano e depois paro", garante. O mesmo diz a paranaense Cristina, de 20 anos. Sem parar de mexer nos cabelos longos e bem tratados, a estudante de publicidade afirma que atuará "no ramo" por mais dois anos: "A princípio só até me formar. Meus pais não têm condições de me manter aqui. Escolhi este tipo de trabalho. Tenho uma filhinha de dois anos que deixei com minha família. Tenho que mandar dinheiro para ela", argumenta.
Carla e Cristina são dois bons exemplos da confusão psicológica a qual podem chegar meninas expostas a "prostituição de luxo", aceita em termos pela sociedade e incentivada até certo ponto por valores questionáveis passados pela grande mídia: "Me sinto como a Capitu daquela novela (referindo-se a personagem da atriz Giovanna Antonelli na novela Laços de Família, exibida em 2004 pela TV Globo)", resume Carla.
Com 19 anos de idade, a paulista Lúcia, uma morena de parar o trânsito, não trabalha a questão com tanta tranqüilidade. Estudante de fisioterapia, ela culpa a "sociedade" pelo tipo de vida no qual está inserida: "Não foi uma opção minha. Divido casa com amigas da mesma cidade que eu e todas elas têm condições financeiras melhores. Preciso pagar parte da faculdade, comer, me vestir, pagar transporte, viver. Não tenho condições de fazer isso tudo com um emprego normal. A situação do País é que me jogou nessa e agora não sei como sair", lamenta.
Apesar das justificativas, a possibilidade de ascensão social rápida é, também, um dos fatores que mais atrai as meninas para a profissão: "Elas se prostituem não por uma questão de sobrevivência, mas para poder consumir", sustenta o pesquisador Leandro Feitosa Andrade, doutorando em psicologia social da PUC de São Paulo. “É fácil nos julgar”, rebate Lúcia.
Vida dupla, sites e cafetões
Cuidadosas em manter suas identidades em sigilo, as garotas de programa de luxo não se expõem pelas esquinas escuras da cidade, ou em casas de prostituição chinfrins. A maioria exibe suas curvas quase adolescentes em sites especializados ou em books secretos oferecidos por cafetões e cafetinas cujos telefones são passados de mão em mão por clientes ávidos por aventuras: "Eu não me arriscaria nas ruas. Isso é coisa de piranha. Tenho minha foto em um site. Mandei apagar minhas tatuagens na foto e tirar meu rosto. Pode ser qualquer uma. Não me reconhecem de jeito nenhum", garante Carla, com um tom de certeza aliviada.
Cristina, mais temerosa, prefere trabalhar com uma cafetina: "Ela me liga quando tem um cliente. Vou para o motel indicado e aguardo a chegada dele. O cliente paga diretamente para ela e depois eu pego a minha parte. Me sinto mais segura assim, pois ela sabe onde e com quem estou". Nestes encontros às escuras, muitas vezes as meninas são surpreendidas: "Uma vez fui a um motel e quando entrei no quarto encontrei uma colega de universidade. O cliente havia contratado as duas ao mesmo tempo. Nunca imaginei que ela fizesse programa também", conta a paranaense.
Manter uma vida dupla é uma ginástica diária para elas. Todas possuem dois celulares. Um de trabalho, cujo número divulgam nos sites ou nos "books", outro particular, para a "vida real".
A banalização da prostituição, muitas vezes, é um refúgio: "Já saí com um cara que, depois encontrei em uma casa noturna. Ele me olhou, veio me paquerar. Gelei. Mas acabei descobrindo que ele não se lembrava de mim. Ele pediu meu telefone, eu esnobei e o deixei falando sozinho", revela Lúcia.
O preço do prazer
O comércio do sexo pode ser bastante lucrativo. O preço do prazer com as "universitárias de programa" varia de acordo com o mercado. Um programa de uma hora de duração pode custar de R$ 150 a R$ 350, "depende da cara do cliente, do que ele quer fazer e da minha situação financeira", explica Carla. Elas avaliam o valor do programa levando em conta, principalmente, o aparente poder aquisitivo do cliente: "Já tive um cliente aqui em Campo Grande, um cara casado, que me pagava R$ 500 por uma hora", conta Cristina, com uma ponta de orgulho. Carla garante que ganha de R$ 800 a $ 3.000 por mês, um valor atraente quando se leva em consideração os baixos salários pagos hoje no mercado de trabalho formal.
Uma jornalista recém formada, por exemplo, raramente encontrará em Campo Grande salário superior a R$ 1.000 por cinco ou seis horas de expediente diário: "No carnaval deste ano fui para o interior do Estado com uma amiga que também trabalha no ramo. Ganhei R$ 4 mil em dez dias. Onde eu ganharia tanto dinheiro assim?", questiona Cristina com um sorriso maroto.
A filosofia do dinheiro é marcante. A maioria das meninas traça um objetivo específico que serve como justificativa para sua condição: "Estou acabando de pagar a minha casa própria e o meu carro. Já mobiliei a casa todinha, com tudo do bom e do melhor. No final do ano que vem me formo e saio desta vida", determina Carla. Para Lúcia, a prostituição também tem data para acabar: "Não sei se agüento isso por muito tempo mais. Mas por enquanto não tenho opção. No máximo mais um ano". Cristina, por sua vez, não tem tanta certeza sobre seu futuro: "Hoje eu ganho em um mês ruim cerca de R$ 1.000. Se tiver que trabalhar como uma escrava para ganhar menos vou acabar colocando na balança. Não sei".
Taras e Aids
O rosto jovem destas meninas muitas vezes esconde experiências dignas de mulheres muito maduras. Para a grande maioria, o sexo não tem mais segredos. Com uma média de dois a oito programas semanais com clientes diferentes, cada qual com suas taras e desejos, elas já passaram por tudo: "Sexo anal, oral e vaginal. Já fiz de tudo. Neste mercado, se você é muito fresca, perde clientes", confessa Carla. Júlia, menos atirada, discorda: "Anal não. E oral, só com camisinha. A Aids está aí. É muito perigoso".
O medo de contrair doenças venéreas faz parte do dia a dia delas. Este medo, aliado a doses homeopáticas de conscientização, acaba gerando posturas preventivas: "Não transo de maneira alguma sem camisinha. Pode me oferecer o que quiser", dispara Carla. No entanto, há quem sinta prazer na "roleta russa". Segundo Cristina, alguns clientes jogam pesado na tentativa de convencer a parceira a dispensar o preservativo: "Já me ofereceram R$ 500 para fazer sexo sem camisinha. Fiquei balançada, mas lembrei da minha filha e disse não", conta.
Tudo menos beijo
Inseridas no mundo secreto da prostituição, as "universitárias de programa" tentam levar uma vida normal. A maioria evita relacionamentos afetivos fixos, mas há exceções: "Namoro há quase um ano. Ele era cliente meu, mas agora temos uma relação de namorados", diz Cristina.
Diante dos óbvios conflitos de relacionamento inerentes a atividade que exerce, ela argumenta com o coração: "Ele ficava revoltado. Mas agora aceita numa boa. Ele não pode me bancar, então sabe que eu tenho que continuar trabalhando. Quando estamos juntos esquecemos de tudo", explica.
Exibindo um corpo escultural emoldurado dentro de um jeans apertado, Lúcia é menos romântica: "Não consigo me relacionar com ninguém. Não dá. Como posso namorar alguém se a qualquer hora do dia o celular pode tocar?". Carla também prefere ficar sozinha: "Toda hora a gente recebe cantada, convite para sair, jantar. Eu até vou, mas fico só no papo. No máximo uns beijinhos. Enquanto estiver trabalhando com isso não quero me relacionar com ninguém".
A confusão de sentimentos é flagrante. Segundo Carla, Cristina e Júlia, a maioria das universitárias de programa impõe limites quando o assunto é o coração. Algumas evitam carinhos, outras renegam o prazer e a maioria evita o beijo: "Posso fazer de tudo, mas não beijo. É muita intimidade", diz Carla. Júlia concorda: "Beijo de jeito nenhum. Beijar é coisa do coração, não é só sacanagem. Beijo eu guardo para quem amo". Descolada, Cristina ridiculariza a situação: "Isso não tem sentido. Depois de fazer de tudo com um cara na cama você não vai beijar por quê? Nada a ver", opina.
Prazer - O mito de que a prostituição e o prazer feminino caminham separados não procede. Pelo menos é o que se conclui nos depoimentos da maioria das garotas de programa ouvidas nesta reportagem: "Não tem essa. Se o cara é atraente e você está afim, acaba gozando", dispara Carla. Cristina concorda: "É natural, às vezes sinto prazer, às vezes não. Mas já fiz muito sexo bom trabalhando", garante. Lúcia é a exceção: "Não sinto prazer de jeito nenhum. Só finjo. Na maioria das vezes torço para acabar logo".
Diferentes reações ao prazer, mas um propósito comum. Nenhuma das garotas ouvidas por esta reportagem disse procurar o orgasmo na relação profissional. O motivo é simples e quem explica é a prática Carla: "Se você goza fica toda molinha, com sono, fraca. E se aparecer um outro cliente? Não vou dar conta...".
Victor Barone
Sentada em uma mesa de bar na Avenida Afonso Pena, pernas elegantemente cruzadas revelando pés bem tratados e detalhes de uma sandália cara, ela fala sem pudores de sua "opção". Diz que chegou a Campo Grande há dois anos e que acabou "caindo na vida" pelas mãos de uma colega de curso. Sim, Carla não é uma exceção. Através dela conversamos com outras meninas com as mesmas características: universitárias, jovens, bonitas, vindas de outros Estados para estudar na Capital de MS, profissionais do sexo.
Apesar da postura segura, Carla deixa transparecer no olhar um certo desconforto com a situação: "Não costumo conversar sobre isso com ninguém. Foi uma opção que eu fiz. Vou trabalhar nisso até o final do ano e depois paro", garante. O mesmo diz a paranaense Cristina, de 20 anos. Sem parar de mexer nos cabelos longos e bem tratados, a estudante de publicidade afirma que atuará "no ramo" por mais dois anos: "A princípio só até me formar. Meus pais não têm condições de me manter aqui. Escolhi este tipo de trabalho. Tenho uma filhinha de dois anos que deixei com minha família. Tenho que mandar dinheiro para ela", argumenta.
Carla e Cristina são dois bons exemplos da confusão psicológica a qual podem chegar meninas expostas a "prostituição de luxo", aceita em termos pela sociedade e incentivada até certo ponto por valores questionáveis passados pela grande mídia: "Me sinto como a Capitu daquela novela (referindo-se a personagem da atriz Giovanna Antonelli na novela Laços de Família, exibida em 2004 pela TV Globo)", resume Carla.
Com 19 anos de idade, a paulista Lúcia, uma morena de parar o trânsito, não trabalha a questão com tanta tranqüilidade. Estudante de fisioterapia, ela culpa a "sociedade" pelo tipo de vida no qual está inserida: "Não foi uma opção minha. Divido casa com amigas da mesma cidade que eu e todas elas têm condições financeiras melhores. Preciso pagar parte da faculdade, comer, me vestir, pagar transporte, viver. Não tenho condições de fazer isso tudo com um emprego normal. A situação do País é que me jogou nessa e agora não sei como sair", lamenta.
Apesar das justificativas, a possibilidade de ascensão social rápida é, também, um dos fatores que mais atrai as meninas para a profissão: "Elas se prostituem não por uma questão de sobrevivência, mas para poder consumir", sustenta o pesquisador Leandro Feitosa Andrade, doutorando em psicologia social da PUC de São Paulo. “É fácil nos julgar”, rebate Lúcia.
Vida dupla, sites e cafetões
Cuidadosas em manter suas identidades em sigilo, as garotas de programa de luxo não se expõem pelas esquinas escuras da cidade, ou em casas de prostituição chinfrins. A maioria exibe suas curvas quase adolescentes em sites especializados ou em books secretos oferecidos por cafetões e cafetinas cujos telefones são passados de mão em mão por clientes ávidos por aventuras: "Eu não me arriscaria nas ruas. Isso é coisa de piranha. Tenho minha foto em um site. Mandei apagar minhas tatuagens na foto e tirar meu rosto. Pode ser qualquer uma. Não me reconhecem de jeito nenhum", garante Carla, com um tom de certeza aliviada.
Cristina, mais temerosa, prefere trabalhar com uma cafetina: "Ela me liga quando tem um cliente. Vou para o motel indicado e aguardo a chegada dele. O cliente paga diretamente para ela e depois eu pego a minha parte. Me sinto mais segura assim, pois ela sabe onde e com quem estou". Nestes encontros às escuras, muitas vezes as meninas são surpreendidas: "Uma vez fui a um motel e quando entrei no quarto encontrei uma colega de universidade. O cliente havia contratado as duas ao mesmo tempo. Nunca imaginei que ela fizesse programa também", conta a paranaense.
Manter uma vida dupla é uma ginástica diária para elas. Todas possuem dois celulares. Um de trabalho, cujo número divulgam nos sites ou nos "books", outro particular, para a "vida real".
A banalização da prostituição, muitas vezes, é um refúgio: "Já saí com um cara que, depois encontrei em uma casa noturna. Ele me olhou, veio me paquerar. Gelei. Mas acabei descobrindo que ele não se lembrava de mim. Ele pediu meu telefone, eu esnobei e o deixei falando sozinho", revela Lúcia.
O preço do prazer
O comércio do sexo pode ser bastante lucrativo. O preço do prazer com as "universitárias de programa" varia de acordo com o mercado. Um programa de uma hora de duração pode custar de R$ 150 a R$ 350, "depende da cara do cliente, do que ele quer fazer e da minha situação financeira", explica Carla. Elas avaliam o valor do programa levando em conta, principalmente, o aparente poder aquisitivo do cliente: "Já tive um cliente aqui em Campo Grande, um cara casado, que me pagava R$ 500 por uma hora", conta Cristina, com uma ponta de orgulho. Carla garante que ganha de R$ 800 a $ 3.000 por mês, um valor atraente quando se leva em consideração os baixos salários pagos hoje no mercado de trabalho formal.
Uma jornalista recém formada, por exemplo, raramente encontrará em Campo Grande salário superior a R$ 1.000 por cinco ou seis horas de expediente diário: "No carnaval deste ano fui para o interior do Estado com uma amiga que também trabalha no ramo. Ganhei R$ 4 mil em dez dias. Onde eu ganharia tanto dinheiro assim?", questiona Cristina com um sorriso maroto.
A filosofia do dinheiro é marcante. A maioria das meninas traça um objetivo específico que serve como justificativa para sua condição: "Estou acabando de pagar a minha casa própria e o meu carro. Já mobiliei a casa todinha, com tudo do bom e do melhor. No final do ano que vem me formo e saio desta vida", determina Carla. Para Lúcia, a prostituição também tem data para acabar: "Não sei se agüento isso por muito tempo mais. Mas por enquanto não tenho opção. No máximo mais um ano". Cristina, por sua vez, não tem tanta certeza sobre seu futuro: "Hoje eu ganho em um mês ruim cerca de R$ 1.000. Se tiver que trabalhar como uma escrava para ganhar menos vou acabar colocando na balança. Não sei".
Taras e Aids
O rosto jovem destas meninas muitas vezes esconde experiências dignas de mulheres muito maduras. Para a grande maioria, o sexo não tem mais segredos. Com uma média de dois a oito programas semanais com clientes diferentes, cada qual com suas taras e desejos, elas já passaram por tudo: "Sexo anal, oral e vaginal. Já fiz de tudo. Neste mercado, se você é muito fresca, perde clientes", confessa Carla. Júlia, menos atirada, discorda: "Anal não. E oral, só com camisinha. A Aids está aí. É muito perigoso".
O medo de contrair doenças venéreas faz parte do dia a dia delas. Este medo, aliado a doses homeopáticas de conscientização, acaba gerando posturas preventivas: "Não transo de maneira alguma sem camisinha. Pode me oferecer o que quiser", dispara Carla. No entanto, há quem sinta prazer na "roleta russa". Segundo Cristina, alguns clientes jogam pesado na tentativa de convencer a parceira a dispensar o preservativo: "Já me ofereceram R$ 500 para fazer sexo sem camisinha. Fiquei balançada, mas lembrei da minha filha e disse não", conta.
Tudo menos beijo
Inseridas no mundo secreto da prostituição, as "universitárias de programa" tentam levar uma vida normal. A maioria evita relacionamentos afetivos fixos, mas há exceções: "Namoro há quase um ano. Ele era cliente meu, mas agora temos uma relação de namorados", diz Cristina.
Diante dos óbvios conflitos de relacionamento inerentes a atividade que exerce, ela argumenta com o coração: "Ele ficava revoltado. Mas agora aceita numa boa. Ele não pode me bancar, então sabe que eu tenho que continuar trabalhando. Quando estamos juntos esquecemos de tudo", explica.
Exibindo um corpo escultural emoldurado dentro de um jeans apertado, Lúcia é menos romântica: "Não consigo me relacionar com ninguém. Não dá. Como posso namorar alguém se a qualquer hora do dia o celular pode tocar?". Carla também prefere ficar sozinha: "Toda hora a gente recebe cantada, convite para sair, jantar. Eu até vou, mas fico só no papo. No máximo uns beijinhos. Enquanto estiver trabalhando com isso não quero me relacionar com ninguém".
A confusão de sentimentos é flagrante. Segundo Carla, Cristina e Júlia, a maioria das universitárias de programa impõe limites quando o assunto é o coração. Algumas evitam carinhos, outras renegam o prazer e a maioria evita o beijo: "Posso fazer de tudo, mas não beijo. É muita intimidade", diz Carla. Júlia concorda: "Beijo de jeito nenhum. Beijar é coisa do coração, não é só sacanagem. Beijo eu guardo para quem amo". Descolada, Cristina ridiculariza a situação: "Isso não tem sentido. Depois de fazer de tudo com um cara na cama você não vai beijar por quê? Nada a ver", opina.
Prazer - O mito de que a prostituição e o prazer feminino caminham separados não procede. Pelo menos é o que se conclui nos depoimentos da maioria das garotas de programa ouvidas nesta reportagem: "Não tem essa. Se o cara é atraente e você está afim, acaba gozando", dispara Carla. Cristina concorda: "É natural, às vezes sinto prazer, às vezes não. Mas já fiz muito sexo bom trabalhando", garante. Lúcia é a exceção: "Não sinto prazer de jeito nenhum. Só finjo. Na maioria das vezes torço para acabar logo".
Diferentes reações ao prazer, mas um propósito comum. Nenhuma das garotas ouvidas por esta reportagem disse procurar o orgasmo na relação profissional. O motivo é simples e quem explica é a prática Carla: "Se você goza fica toda molinha, com sono, fraca. E se aparecer um outro cliente? Não vou dar conta...".
Victor Barone
5 comentários:
Seu blog é muito interessante, o vi por acaso e decidi acompanhá-lo , tanto porque gostei dos textos e porque o jornalismo de fascina. Até mais!
Nossa, que reportagem incrível que você fez com essas garotas. Eu não julgo ninguém e muito menos os sonhos de cada pessoa, mas se realmente todos tivessem opções mais dignas de se ganhar uma vida e se a sociedade não colocasse tanto a cultura do consumo como uma cultura válida, as coisas seriam bem diferentes... Mas o que é a sociedade? Somos nós juntos... indivíduos.
Barone, parabéns pela matéria. Tive a oportunidade de estudar com uma menina da Faculdade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, que depois de anos (sem trocadilhos por favor) acabamos descobrindo ser uma garota de programa!
Percebi que muitas vêem do interior ou de outras cidades com a idéia de vencer e acabam usando a prostituição como meio de alcançar suas metas.
Criticável claro, mas compreensível de certa forma!
Por que você não deixou o número dos telefones delas?
Uma coisa é se prostituir por livre e espontanea vontade, agora vender o corpo e a dignidade por falta de recursos para estudar é o da picada. O estado deveria assegurar os recursos e/ou o ensino superior gratuito a essas jovens que pratica essa atividade para cobrir a falha do estado. Prestem anteção em quem vão votar,pois uma coisa é certa cada povo tem o governo que merece.
Bruno,22 .
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