O senador Delcídio do Amaral, candidato do PT ao Governo do Estado, disse esta semana que pretende abrir um canal de negociação com o Governo Federal para repactuar a dívida de Mato Grosso do Sul, estimada hoje em quase R$ 7 bilhões.
A vontade do senador é bem vinda mas, infelizmente, a repactuação da dívida do Estado depende de muito mais do que vontade. É preciso para isso um amplo pacto federativo que coloque lado a lado todos os Estados sangrados mensalmente pelos juros estratosféricos de uma dívida que a cada dia se torna mais difícil de ser sanada.
Delcídio acredita que a renegociação da dívida vai estar na agenda de todosos governadores a partir de 2007: "Como a parcela mensal é vinculada a um percentual da arrecadação, todo o incremento de receita acaba não se revertendoem mais recursos para investimento e amplia o desembolso do Estado com a União. Nenhum governador vai agüentar isso", opina.
Ele pode estar certo. Mas, para transformar esta indignação em resultados práticos que forcem o Governo Federal a colocar de lado a máscara de credor e assumir uma postura mais “federativa”, será preciso esquecer colorações partidárias e unir bancadas federais que tradicionalmente caminham para lados opostos, e colocá-las marchando em uma única direção: e esta direção passanecessariamente por um enfrentamento político com o Governo Federal. Se ospartidos que sustentarão os próximos governadores deste País estarão dispostosa isso, não se pode prever.
Delcídio diz o que todos sabemos, que a situação "é insustentável", porque provoca um jorro financeiro de quase R$ 300 milhões por ano e comprometea capacidade de investimento do Estado. Diz até o que não precisa ser dito por soar como papo de campanha: “É preciso deixar bem claro que esta dívidao governo do PT herdou das administrações anteriores. Além disso, a renegociação que impôs as regras atuais de pagamento foi fechada no governo do PMDB, quando o presidente da República era Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, partidos que sempre foram aliados aqui no estado".
Falando como candidato, ele diz a verdade neste aspecto, mas, também como candidato, omite o fato de que o Governo Lula, do seu partido, também, não moveu uma palha sequer para melhorar a situação dos estados endividados. Como disse anteriormente, para resolver esta questão, será necessário colocarde lado as cores partidárias.
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