Semana On

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Há esperança

Que patifes, as pessoas honestas - Émile Zola

Quem de nós nunca ouviu o seguinte raciocínio? “Ser honesto no Brasil é mau negócio. Honestidade é coisa de bobo”. Certamente todos nós já nos deparamos com este tipo de pensamento que, diante da realidade crua, tem sua razão de ser.

Afinal, são muitos os exemplos de gente má intencionada que “se dá bem”. E o exemplo não vem apenas de cima, de políticos mal intencionados, de empresários pouco preocupados com o social, mas, também, da base da sociedade. O conceito de honestidade deve ser aplicado sobre todos os níveis de nossa vivência, desde os mais importantes até os mais ínfimos. O mesmo cidadão que reclama da roubalheira instituída na coisa pública nacional é aquele que sonega o imposto ou suborna o policial.

Estamos em um círculo vicioso onde a honestidade está sempre em segundo plano, esquecida, guardada no bolso para ser sacadac omo crítica ao outro, nunca como exemplo a ser dado.

Bom, nem sempre... Ainda há esperança. Esta semana, deixando à redação do jornal, rumo à minha casa, parei para um rápido bate-papo com um colega de trabalho. Com um ar divertido ele me contava que caminhava pelo centro da cidade quando avistou uma senhora nervosa que olhava a sua volta e remexia dentro de sua bolsa como se procurasse algo. Desconcertada, ela parecia atônita, olhando para o chão, voltando à vista para a bolsa como se pelo fato de a remexer mais uma ou duas vezes pudesse achar o que havia perdido.

Ele, então, percebeu um maço de notas a poucos metros dela. As pessoas passavam sem perceber, se esbarravam a poucos centímetros do dinheiro e não percebiam que ele estava ali. Na hora ele pensou nas contas que tinha que pagar, na luz atrasada, no botijão de gás que estava terminando. Avançou os poucos metros que separavam da solução dos problemas”, contou. “Dei alguns passos, me abaixei e peguei o dinheiro”

Mas, para surpresa geral, ele não colocou o dinheiro no bolso. Caminhou alguns passos e o entregou à mulher. "Sabe, na hora pensei - seu burro, tanta conta para pagar. Mas isso não durou nem um segundo, virei as costas e fui andando, muito aliviado...", me confidenciou.

Há esperança.

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