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domingo, 23 de dezembro de 2012

Marco Maia: o alcoviteiro

Marco Maia: o alcoviteiro
Ao cogitar acoitar deputados condenados presidente da Câmara expõe seu lado totalitário

O presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-RS), pirou de vez. Em um típico arroubo de quem enxerga no estado democrático de direito apenas uma janela de oportunidade para exercer interesses privados ou político-partidários, afirmou que não descartava a possibilidade de oferecer “abrigo” no prédio da Casa aos parlamentares condenados no mensalão, caso a prisão imediata deles fosse decretada pelo ministro Joaquim Barbosa.

Sim, ele poderia fazer isso, já que o pedido de prisão só poderia ser cumprido no prédio com autorização da Polícia Legislativa.

Marco Maia parece enxergar a coisa pública como esfera particular ao cogitar tamanho absurdo. Pior, em um jogo de palavras obsceno, tentou construir um argumento segundo o qual a possibilidade de a Câmara abrigar criminosos condenados pela mais alta corte de justiça do País seria um ato democrático. "Em regimes totalitários e autoritários, a primeira coisa que se faz é atacar o Parlamento”, disse, distorcendo a questão.

Nos pensamentos estapafúrdios, na mente confusa de integrantes de um setor da esquerda, ainda viceja a teoria de que os mensaleiros condenados foram vítimas de uma grande armação coordenada pela “mídia golpista”, pela CIA e pelo Tio Sam. Vivem em um mundo de ilusão no qual toda e qualquer ignomínia contra o erário público lhes é permitida diante do “bem maior” (suas contas bancárias, certamente), imaginam-se acima do bem e do mal. Não percebem que a aura de "santidade" que os envolvia e que emcobria seus muitos descalabros esmaeceu.

Dos três deputados condenados, apenas João Paulo Cunha deve ir para o regime fechado, já que foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão. Pedro Henry (PP), que foi sentenciado a 7 anos e 2 meses, e Valdemar da Costa Neto (PR-SP), condenado a 7 anos e 10 meses, devem cumprir a pena em regime semiaberto.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel – uma ilha de lucidez em meio à tormenta obscurantista que tenta tragar o Governo Dilma – pediu a prisão imediata dos três, e dos demais réus condenados no processo do mensalão, entre eles o de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e homem forte do primeiro governo Lula.

Enquanto este artigo era escrito, o ministro Joaquim Barbosa optava por negar o pedido de Gurgel. O assunto seria letra morta nesta página. No entanto, a simples cogitação por parte do presidente da Câmara Federal da possibilidade de patrolar a decisão do Supremo Tribunal Federal mostra até que ponto a banda podre da esquerda brasileira é capaz de ir para defender seus próprios interesses.

Não se enganem, estes que maculam a bandeira de um partido construído sobre as esperanças de uma nação, são capazes de incitar os mais humildes e desinformados a demonstrações de força em prol de seus mais sórdidos interesses privados, em apoio a um projeto político que de republicano tem bem pouco, ou quase nada.

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