Semana On

domingo, 25 de novembro de 2012

Morte anunciada?

Morte anunciada?
"Eduardo Carvalho foi o terceiro homem de imprensa morto em Mato Grosso do Sul este ano"

Gravíssimo o assassinato do proprietário do jornal UH News, Eduardo Carvalho, na noite do último dia 22, em Campo Grande (MS). Além da violência inerente ao crime, Mato Grosso do Sul fica caracterizado como um dos Estados mais perigosos para o exercício do Jornalismo.

Não cabem agora argumentos sobre que tipo de Jornalismo era praticado por Carvalhinho, se ele tinha ou não DRT, se ele era ou não jornalista de fato. Estamos diante de um crime bárbaro que, em consequência, estimula os donos do poder a imporem a lei do silêncio entre jornalistas e veículos de comunicação.

Eduardo Carvalho foi o terceiro homem de imprensa assassinado em Mato Grosso do Sul neste ano. No dia 14 de fevereiro, o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, de 51 anos, foi morto com 12 tiros em Ponta Porã. Ele era fundador do site de notícias "Mercosulnews" e editor-chefe do diário "Jornal da Praça". No dia 5 de outubro, Luiz Henrique Georges, empresário e também diretor do Jornal da Praça, foi executado com vários tiros de fuzil em Ponta Porã.

Parafraseando o jornalista Eser Cáceres, “já passou do momento dos jornalistas, sem maniqueísmos de coloração ideológica-partidária, se manifestarem contra a facilidade dos crimes de pistolagem em Mato Grosso do Sul”. Ele tem razão.
Mato Grosso do Sul avança rumo à modernidade a passo de cágado, mas é ainda mais lento na resolução de crimes cujas autorias e motivações circulam a boca miúda nas esquinas, nas mesas de bar e mesmo dentro das redações de nossos periódicos.

Após o assassinato de Eduardo Carvalho, houve quem chegasse ao cúmulo de atribuir a culpa da morte ao próprio morto. Volto a dizer: não acabem aqui elucubrações sobre a qualidade do Jornalismo praticado por ele em seu site de notícias.

Recentemente, um levantamento do Committee to Protect Journalists (CPJ) mostrou que o Brasil é o 11º país do mundo onde os assassinatos de jornalistas mais ficam impunes. De acordo com o CPJ, cinco mortes de jornalistas nos últimos dez anos não resultaram em nenhuma condenação no país.

Duas dessas mortes aconteceram no ano passado: a do dirigente petista e editor Edinaldo Filgueira do jornal "O Serrano", que foi assassinado em Serra do Mel (252 km de Natal-RN). Também não foi solucionada a morte do apresentador de TV e radialista Luciano Leitão Pedrosa, de Pernambuco, morto em abril do ano passado na cidade de Vitória de Santo Antão (47 km de Recife-PE).

As mortes de Eduardo Carvalho, Paulo Roberto Cardoso Rodrigues e Henrique Georges irão emoldurar o próximo levantamento do CPJ?

Calar diante destes crimes é colaborar diretamente para que continuemos sepultando jornalistas. Para fazer parte desta estatística basta incomodar os donos do poder político e econômico. Tarefa do bom Jornalismo, certo?

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