Semana On

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Tropeços na net



O candidato do PP a Prefeitura de Campo Grande (MS), Alcides Bernal, tornou-se um ícone regional na internet. Não tanto pelas suas qualidades políticas quanto pelo fenômeno gerado por meio da campanha de seu adversário, o peemedebista Edson Giroto (PMDB), cujos marqueteiros resolveram comparar o currículo de “feitos” dos dois. Como resultado, uma paródia da campanha de Giroto virou meme (Não sabe o que é? Pergunte ao Google) no Facebook transformando o que seria uma estratégia infalível num tremendo tiro pela culatra com dezenas de peças nas quais se atribui a Giroto desde a construção das pirâmides do Egito até uma foto ao lado do palhaço Bozo.

Também em Campo Grande, o vereador Marcos Alex (PT) pode atribuir – ainda que parcialmente - ao mal uso das mídias sociais sua derrota nas eleições deste ano. Alex deixou de ser eleito por apenas oito votos, cedendo a vaga a um colega de partido calouro e com desenvoltura eleitoral muito menor que a sua.
Vice-presidente da Câmara de Vereadores, Alex protagonizou nas mídias sociais um debate acalorado com a equipe da revista Semana Online após a reportagem publicada na nossa edição de número 25, na qual mostrávamos o custo e a produção de cada vereador campo-grandense.

Em certo momento do debate, Marcos Alex deu a entender que não deveria responder a reportagem pois, segundo a assessoria de imprensa da Casa, a revista não tinha leitores... Não é preciso dizer que a lambança gerou dezenas de respostas indignadas de nossos leitores que, é óbvio, se julgam dignos de serem ouvidos e de terem suas dúvidas sanadas pelos vereadores. Quem sabe estes oito votos não foram perdidos ali, entre nossos leitores?

Estes dois casos, recentes, mostram o quanto os políticos – e parte dos assessores que os cercam – estão despreparados para lidar com a selva da internet. Hoje, uma palavra equivocada, uma postura condenável, pode ser a diferença entre ser festejado ou execrado, entre ser eleito ou não.

O eleitor, por sua vez, está mais exigente, mais ciente de seu poder. Não considera um favor ou uma benesse ter uma pergunta respondida por um político que se arrisca nas mídias sociais. O espaço virtual arrebentou as “barreiras protocolares” que separavam político e eleitor. É como se fossemos todos habitantes de uma cidadezinha do interior onde o prefeito esbarra com o barbeiro na praça, onde o vereador senta-se no banco da praça com o taxista.

Não há mais espaço para amadorismo na internet. Resta aos políticos encararem este novo ambiente com seriedade. Aos seus assessores cabe o dever de estarem preparados para fazer frente a uma guerra diária contra a omissão. Em um ambiente como este qualquer tropeço pode ser fatal.

1 comentário:

Tathiane Panziera disse...

Só para constar, eu sou leitora da Semana Online.

Estávamos conversando sobre isso o tiro no pé da equipe de marketing e exigencias dos eleitores. Estamos conscientes do poder que temos (finalmente) e isso em partes graças ao conhecimento acessível que a internet proporciona. É só saber usar.