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terça-feira, 10 de julho de 2012

Nosso voto

Nosso voto
A democracia não se re­sume ao voto, ela exige muito mais para gerar bons re­sul­tados

Começou. Desde a última sexta-feira, 6, candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador estão livres para colocar suas campanhas nas ruas. Haverá muitos sorrisos, muitas palavras simpáticas, muito tapinha nas costas. Todos faceiros e saltitantes em busca do tão disputado voto.

Na internet, onde pululam assessores passando por candidatos, esta tempestade de bom mocismo será violenta. Todos querem deixar transparesser seu compromisso com a população, com o diálogo, com ideias. No campo virtual, a campanha será especialmente interessante. Por detrás de retratos sorridentes e imagens bem trabalhadas, escondido sob frases de efeito, promessas solenes e posicionamentos incisivos em prol do bem comum, acoitados pela pele de ovelha da àgora digital se esconderão alguns lobos. Famintos.

Não é a primeira vez que a internet se transformará em palanque eleitoral no Brasil. Nas últimas eleições isso já havia ocorrido. Neste ano, no entanto, o éter virtual será muito mais importante. O fenômeno das mídias sociais está mais fincado no dia a dia das pessoas que se acostumaram a interagir (ou tentar) com seus representantes e “lideranças”. O fato é que seja nas ruas ou na frente do computador, cada voto será disputado a tapa.

Por mais imperfeita que seja, a democracia tem se mostrado, de longe, o melhor sistema político que fomos capazes de criar. Por meio do voto, cada cidadão tem o direito de elevar sua voz e seu posicionamento aos mais altos níveis da coisa pública. Apesar disso, temos o costume de maltratá-la. Em grotões interioranos - como o Mato Grosso do Sul - ainda se troca voto por dinheiro, cesta básica e até por uns segundos de simpatia. Um aperto de mão, um sorriso automático, duas ou três palavrinhas são o suficiente para convencer os mais humildes (financeira ou intelectualmente) de que aquele candidato é "gente como a gente".

Tenhamos cuidado. É preciso mais que isso para que alguém mereça nosso voto. Muito mais.

A democracia tem valor por si só, mas os avanços que ela possibilita não ocorrem com o simples apertar de um botão no dia das eleições. É preciso mais, muito mais. Hoje, nossa voz está ampliada graças ao meio digital. Podemos fazer nossas reivindicações ecoarem de forma mais rápida e mais ampla. Mas até as mais justas e coerentes reivindicações se tornam obsoletas se imaginarmos que o bem maior da democracia é o voto. Não é.

Façamos assim. Durante esta campanha tenhamos sempre em mente que o bem maior da democracia é a possibilidade de gerir os nossos destinos. Para isso, é preciso que compreendamos que política não se faz apenas nos enclaves e porões partidários, mas diariamente, em cada pequeno momento da nossa vida.

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