Semana On

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Terrorismo de Estado israelense mata pelo menos 10 ativistas da paz



Que tipo de exército ataca um comboio navegando em águas internacionais, carregado com 10 mil toneladas de ajuda humanitária e composto por ativistas dos direitos humanos?

Um exército que atua sob as regras do terrorismo de estado?

O selvagem ataque das forças armadas israelenses, ocorrido às 4h no horário local (22h de Brasília), em águas internacionais , contra a “Frota da Liberdade” - um comboio formado por seis navios que levavam 750 ativistas e 10 mil toneladas de carga humanitária para a Faixa de Gaza – resultou na morte de 10 a 20 pessoas, ferimentos em outras dezenas e a prisão das demais centenas.

Os ativistas tentavam furar o bloqueio ilegal que Israel mantém sob a costa de Gaza e, apesar das bandeiras brancas e do conteúdo público de sua carga humanitária, foram vítimas de um ato terrorista perpetrado pelo governo israelense.

O comboio não carregava armas, não era composto por “terroristas”, não se dirigia sem autorização para um porto israelense e nem estava em suas águas territoriais. O comboio carregava remédios, cadeiras de roda, casas pré-fabricadas e purificadores de água, era composto por ativistas dos direitos humanos provenientes de todo o mundo e pela tripulação dos navios, dirigia-se para Gaza (região que não está, legalmente, sob a égide israelense) e estava em águas internacionais.

Repito: o comboio foi vítima de um ato de terrorismo perpetrado pelo governo israelense.

"Somente um governo insano, que perdeu totalmente a conexão com a realidade, pode fazer algo como isso – considerar navios carregados de ajuda humanitária e de ativistas pela paz vindos de todo o mundo como inimigos e mandar contra eles uma força militar poderosa, em águas internacionais, para atacá-los e matá-los. Ninguém irá acreditar nas mentiras e desculpas que os porta-vozes do governo e das forças armadas irão trazer”, disse hoje o jornalista israelense Uri Avnery.

Thomas Sommer-Houdeville (não se sabe se ele está entre os assassinados nesta manhã), coordenador da Campanha internacional para a proteção do povo palestino (CCIPP), escreveu ontem, em tom premonitório, de um dos navios da Frota da Liberdade a caminho de Gaza: “Temos medo que eles apreendam a nossa carga e toda a ajuda médica, os materiais de construção, as casas pré-fabricadas, os kits escolares, e que eles os destruam. Toda esta solidariedade pacientemente acumulada em tantos países durante mais de um ano. Todos estes esforços e esta onda de amor e de esperança enviados por pessoas normais, humildes cidadãos da Grécia, Suécia, Turquia, Irlanda, França, Itália, Argélia, Malásia. Tudo isto tomado como um troféu por um Estado que age como um vulgar pirata das ilhas. Quem não teria um certo sentimento de responsabilidade e de medo de não ser capaz de cumprir a nossa missão e de entregar as nossas mercadorias à população encarcerada de Gaza?”

Thomas sabia do que é capaz um governo que, sob os olhos vendados do Ocidente, age como senhor inconteste de outros povos.


Pobres israelenses, pobres judeus cuja imagem internacional está sendo destruída paulatinamente por uma parcela irresponsável de sua gente, uma parcela que mesclou o proto-fascismo sionista com a fé judaica para criar uma política odiosa de domínio e opressão.

A seguir, algumas manifestações públicas sobre o atentado:

Greta Berlin, Porta voz do Movito Gaza Livre: “É terrível que eles tenham vindo a bordo dos navios e atacado civis. Nós somos civis. Como o exército israelense pôde ter atacado civis desta forma? Será que eles imaginam que, já que atacam os palestinos indiscriminadamente podem atacar qualquer um?” (BBC)

Navi Pillay, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos: "Estou chocado com as notícias de que a ajuda humanitária foi interceptada com violência nesta manhã, notícias que dão conta de mortos e feridos nos navios do comboio que se aproximava da costa de Gaza. O bloqueio (à Gaza) fere os direitos humanos diariamente... A situação atual é que a população (palestina) não tem o mínimo necessário para levar uma vida normal e digna” (Press TV)

Amr Moussa, Secretário Geral da Liga Árabe: “A Liga Árabe conden a veementemente este ato de terrorismo” (BBC)

Ismail Haniyeh, Primeiro Ministro da Palestina, eleito democraticamente: "O governo da Palestina honra os esforços do comboio em quebrar o cerco. Consideramos todos os mortos como mártires palestinos, mártires do cerco de Gaza" (Press TV)

Ayman Mohyeldin, repórter da Al Jazeera em Jerusalém: "Todas as imagens transmitidas pelos ativistas à bordo (dos navios) mostraram claramente que eles eram civis e de natureza pacífica, com suprimentos médicos à bordo. Por isso, causou surpresa na comunidade internacional a notícia de que eles tenham perpetrado algum tipo de confronto (com as forças israelenses)" (Aljazeera)

Mark Regev, Porta voz do Primeiro Ministro israelense: “Apesar de nosso corpo naval ter sido instruído em ter o máximo cuidado, ele foi atacado. Foram atacados com facas, barras de ferro e fogo. Infelizmente tivemos dez soldados feridos, um deles de forma muito grava, por estes ativistas, e isso é condenável” (BBC)

Filippo Grandi, membro das Nações Unidas: “Estamos chocados pelas notícias sobre mortos e feridos entre as pessoas nos barcos que carregavam suprimentos para Gaza, aparentemente em águas internacionais. Condenamos a violência e clamamos para que ela cesse. A situação está em andamento e estamos esperando a confirmação sobre o que ocorreu. Desejamos deixar claro que esta tragédia poderia ter sido totalmente evitada se Israel tivesse ouvido os apelos da comunidade internacional para encerrar o contra-produtivo e inaceitável bloqueio a Gaza” (BBC)

Ramzy Baroud, jornalista e escritor americano-palestino: “O que Israel fez esta noite é bárbaro. Trata-se de um pavoroso crime contra a humanidade e ninguém com consciência e humanidade pode corroborar o ataque de um exército sofisticado contra ativistas da paz provenientes de todo o mundo carregando ajuda humanitária para uma nação sob cerco. No entanto, o assassinato destes ativistas, ferimentos e aprisionamento dos demais membros do comboio, vai cimentar de vez a ligação entres a Palestina e as forças internacionais pela paz e justiça. Desde esta noite este conflito não se dá mais entre Israel e Palestina, mas entre um estado criminoso e a humanidade” (PalestineChronicle.com)

Uri Avnery, jornalista israelense: “Nesta noite, um crime foi perpetrado no meio do oceano, por ordem do governo de Israel e do comando do exército israelense. Um ataque armado contra navios humanitários e disparos mortais contra ativistas pela paz e direitos humanos é uma coisa louca que apenas um governo que cruzou todas as linhas vermelhas pode fazer” (Gush Shalom)

Mahmoud Abbas, presidente palestino eleito: "O que Israel cometeu à bordo da Frota da Liberdade foi um massacre" (Wafa news agency)

Catherine Ashton, gabinete de Política Extena dos Estados Unidos: o gabinete "expressa suas profundas tristeza com as notícias de merda de vidas e violência e estende sua simpatia às famílias dos mortos e feridos. Como a União Européia, requer uma completa investigação sobre as circunstâncias do ocorrido... Pedimos uma imediata e incondicional abertura do fluxo de ajuda humanitária, bens de consumo e pessoas de e para Gaza" (Associated Press)

Daniel Ayalon, deputado israelense: “A armada de ódio e violência em apoio a organização terrorista Hamas foi uma premeditada e ultrajante provocação. Os organizadores são conhecidos por seu apoio a jihad, al-Qaeda w Hamas. Eles tem um histórico de contrabando de armas e terror mortal” (BBC)

Sami Abu Zuhri, porta voz do Hamas: “Nós no Hamas consideramos o ataque israelense contra a Frota da Liberdade um grande crime uma tremenda violação das leis internacionais. Apesar da grande perda sofrida pelas pessoas que se uniram à frota, nós consideramos que sua mensagem foi entregue. Obrigado a estes heróis de outros países que mostraram sua solidariedade a Gaza, o certo israelense é agora um tema internacional e consideramos que os invasores, por seus crimes são os que estão sob certo agora” (BBC)

Bernard Kouchner, Ministro das Relações Exteriores da França: “Estou profundamente chocado pelas trágicas conseqüências da operação militar israelense contra a Frota da Liberdade. Nada pode justificar o uso de violência deste porte, que nós condenamos. As ciscunstãncias deste drama precisam ser trazidas à luz e desejamos que uma investigação completa seja realizada sem mais demora” (BBC)

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU: "Estou chocado pelas informações de que há mortos e feridos nos barcos que levavam ajuda a Gaza. "Condeno estas violências. É vital que se realize uma investigação completa" (AFP).

2 comentários:

Unknown disse...

Uma vergonha total.O lobby sionista certamente vai tentar justificar o injustificável.
Um abraço.

L. Rafael Nolli disse...

Barone, assim que vi nos jornais de hoje essa notíca vim conferir - sabia que encontraria aqui uma bela matéria. Chocado com mais essa ação do Esatdo de Israel! Lamentável! Abraços, meu camarada!