No próximo dia 16, o ativista israelense Ezra Nawi será sentenciado por ter sido considerado culpado de agredir dois policiais em 2007, enquanto lutava contra a demolição de casas palestinas em Um El Hir, na parte sudoeste da Cisjordânia. Uma campanha internacional já reuniu cerca de 140 mil cartas de repúdio à decisão da justiça de Israel. Entre os signatários, gente do porte de Naomi Klein, Neve Gordon e Noam Chomsky.
Judeu Mizrahi (descendente de comunidades judaicas no mundo árabe e muçulmano), gay, encanador e membro do Ta'ayush (Parceria Judaico-Árabe), Ezra Nawi tem atuado por anos nas vilas próximas a Hebron em defesa dos palestinos que insistem viver nesta pequena e desolada área no sul da Cisjordânia, há 42 anos sob ocupação israelense. Eles vivem sem eletricidade e água encanada, são constantemente ameaçados por colonos sionistas que violam as leis israelenses e internacionais, e são reprimidos pelas forças de ocupação israelenses que operam em um esforço contínuo com o objetivo de “limpar” a área da presença palestina, criando ali uma hegemonia demográfica judaica.
As dificuldades da vida palestina na região são mais graves do que no restante da Cisjordânia ocupada. Ali, os palestinos, muitos deles beduínos, são excepcionalmente pobres, e a terra que compraram décadas atrás é constantemente ameaçada. Apesar da violência mútua entre sionistas e palestinos, o ativista denuncia a parcialidade da justiça israelense. “Os colonos mantêm os agricultores palestinos longe de suas terras os molestando, e, depois de muitos anos, eles dizem que a terra não foi cultivada, e por lei ela não pertence mais a eles. Só estamos aqui para impedir que isso aconteça”, explica.
O persistente ativismo de Nawi, baseado em conceitos de não violência, tem como objetivo incentivar a população local a permanecer em suas terras e de expor a situação local aos olhos do público israelense e internacional – o que nem de longe é do interesse dos colonos sionistas. Seus esforços têm gerado frutos no sentido de que a tentativa de "limpar" a região da presença palestina tem sido observada pela comunidade internacional.
Os colonos, as forças de ocupação e a polícia israelense têm grande interesse em restringir seus movimentos e bani-lo da área. A demolição da casa e a resistência a ela - registradas em filme – foram os argumentos perfeitos. Como mostra o filme, Nawi – o homem com a jaqueta verde – não apenas protesta vigorosamente contra a demolição como, após os buldozers terem destruído as construções, diz corajosamente aos policiais o que pensa sobre sua ação. Sentado – algemado – em um veículo militar após ter sido preso, ele exclama: “Sim, eu também fui um soldado, mas eu não demolia casas... A única coisa que nós deixaremos aqui é o ódio...”.
Em recente entrevista ao jornal The Nation (29 de junho) – veja aqui a entrevista traduzida ao português - o ativista fez um veemente protesto contra sua condenação e denunciou uma campanha de perseguição patrocinada pelos colonos sionistas, pela polícia e exército israelenses com o apoio do sistema de justiça do país.
“Obviamente, os policiais que me acusam de agressão estão mentindo. De fato, esta tem sido uma conduta comum à força policial e militar israelense assim como entre os colonos judeus. Após cerca de 140 mil cartas enviadas às autoridades israelenses em suporte as minhas atividades nos territórios ocupados da Cisjordânia, o Ministro da Justiça respondeu dizendo que eu ‘provoquei os moradores locais’. Esta resposta reflete a estratégia quem tem dominado o discurso oficial relacionado aos Territórios Palestinos Ocupados.
No fim das contas, fui eu quem envenenou e destruiu os poços de água palestinos? Eu agredi idosos? Eu envenenei os rebanhos de ovelhas dos palestinos? Eu demoli suas casas ou destruí seus tratores? Eu bloqueei estradas e restringi suas movimentação? Fui eu quem proibiu que as pessoas conectassem suas casas a rede de eletricidade e água encanada? Eu proibi os palestinos de construírem casas? Nos últimos oito anos, vi com meus próprios olhos centenas de abusos como estes e os expus ao público. Ainda assim sou considerado um provocador. Posso dizer então que tenho orgulho em ser um provocador.”
Robin Hood
No dia 27 de junho, o jornalista Ethan Bronner, do New York Times, publicou a reportagem “Unlikely Ally for Residents of West Bank”, na qual traça um aprofundado perfil de Nawi, analisando suas atividades na Cisjordânia e a reação dos colonos sionistas, da polícia e do exército israelenses.
Diz a reportagem em seus três primeiros parágrafos:
“Ezra Nawi estava em seu elemento natural. Por trás do volante de seu velho jipe, numa recente manhã de sábado, falando em dois celulares em árabe, enquanto sacolejava pelas colinas e vilas próximas a Hebron, ele era recebido calorosamente por palestinos de perto e de longe.
Vendo-o chamar uma ambulância para um morador e conferir o progresso de uma escola palestina sendo construída sem a permissão israelense, você poderia pensar que ele é um chefe de clã. Então, notando os dois jipes do exército israelense que o seguiam, você poderia identificá-lo como um oficial da ocupação israelense lidando com assuntos palestinos.
Todavia, Nawi não é nenhum dos dois. Talvez seja melhor vê-lo como um Robin Hood das colinas de Hebron do Sul, um israelense ajudando pobres locais que o amam, e removendo soldados e colonos que o vêem com desaprovação. Aqueles jipes do exército não o estavam observando, mas sim seguindo.”
Segundo Bronner, muitos israelenses se sentem confusos com o ativismo de Nawi e questionam por que ele não ajuda seu próprio povo. Nawi tem uma resposta. “Não considero meu trabalho algo político. Não tenho uma solução para esta disputa. Apenas sei que o que acontece aqui é errado. Isto não é diz respeito à ideologia, mas à decência.”
A reportagem do New York Times expõe profundamente as origens do ativismo de Nawi, que ele próprio atribui a dois fatores: na sua adolescente, sua família viveu ao lado do líder do Partido Comunista de Israel, Reuven Kaminer, que o teria influenciado. Além disso, o fato de ser homossexual teria sido um fator decisivo de sua opção pela luta em prol dos palestinos. “Ser homossexual me fez compreender como é fazer parte de uma minoria detestada”, explica.
Três coisas que você pode fazer para ajudar Ezra Nawi
1. Cartas de protesto
Escreva uma carta ou email para a embaixada israelense e envie uma cópia para o seguinte endereço eletrônico: support.ezra@gmail.com
2. Divulgação
Divulgue o site http://www.blogger.com/www.supportezra.net, postando-o no facebook, orkut, twitter, blogs e outros lugares do gênero e peça aos amigos para escreverem cartas para o Support Ezra Facebook Group
3. Donativos
Considere fazer uma doação para pagar os custos legais e para custear as atividades de Ezra Nawi em prol dos direitos humanos. Aqui
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Ezra Nawi enfrenta os sionistas pela união entre judeus e palestinos
Postado por
Barone
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário