Carlos Kuntzel é jornalista e professor universitário. É dele o artigo “Não existe justiça. Existe, sim, vingança”, publicado ontem no semanário campo-grandense A Crítica, no qual tenta desqualificar quem se posicionou contra a exigência do diploma específico de Jornalismo para o exercício da profissão no Brasil. Em alguns parágrafos, Kuntzel reproduz conceitos rasteiros sobre o debate, faz pressuposições falsas, renega o contraditório, espezinha a lógica. Ou seja: assina um verdadeiro “samba do crioulo doido” argumentativo.
Diz Kuntzel:
“Vi muitos colegas ‘jornalistas’ comemorando a queda do diploma. Posso garantir que estas pessoas se sentiram vingadas de alguma forma. A decisão teve um gostinho de prazer, considerando que quase todos os que aplaudiram o ‘ministro’ já tiveram problemas com o exercício legal da profissão. Vários foram obrigados a sentar numa cadeira universitária e cumprir a carga horária para que tivessem o direito ao exercício. Hoje são formados, mas sofreram com isso.”.
O colega consegue em um parágrafo assinar um atestado de obtusidade. Vamos por partes. Na quarta palavra de seu artigo, mostra que não entende o contraditório (conceito básico no Jornalismo), refere-se aos jornalistas que pensam diferentemente dele de forma discriminatória. Usa aspas, como se elas fossem o suficiente para dizer: “estes não são jornalistas, jornalista sou eu e quem pensa como eu”.
Na segunda frase, Kuntzel – que, diga-se, nunca trabalhou em uma redação de jornal diário, em um estúdio de telejornal ou de rádio – tropeça presunçosamente na lógica ao “garantir” que “estas pessoas” (ou seja, quem pensa diferente dele) se “sentiram vingadas” com a decisão do Supremo Tribunal Federal. Diz, com irresponsabilidade, que estes “já tiveram problemas com o exercício legal da profissão”, que foram “obrigados” a freqüentar o curso de Jornalismo, e para enterrar de vez sua argumentação, que são “tendenciosos”.
Seria interessante se ele, ao invés de fazer acusações vazias, enumerasse quem são as pessoas a quem ele se refere, quais foram às dificuldades legais por elas vivenciadas e por que diabos teriam sido “obrigadas” a freqüentar as salas de aula visto que, há anos, a justiça possibilita jornalistas não formados a obterem o registro profissional.
O festival de sandices continua no segundo parágrafo: “São estes também que dizem que a universidade não fez diferença alguma para a vida profissional deles, mas é perceptível que seus textos são ‘tendenciosos’, que não prestaram atenção aos ensinamentos da academia e não deixaram de escrever artigos de opinião. Isso não é ser jornalista, mas sim colunista ou articulista, que nunca teve a obrigatoriedade da apresentação de diploma.”.
Kuntzel, certamente, não sabe a diferença entre reportagem e artigo. Critica os artigos nos quais muitos profissionais expressaram (com argumentos) sua posição e assina um artigo, opinativo da mesma forma, no qual critica a tomada de posição.. em artigos! Ahn? Vai entender...
O fato é que Kuntzel erra, erra feio ao apontar sua metralhadora giratória para todos os lados. Não tem munição intelectual para isso. Ao tentar desqualificar os posicionamentos de entidades e profissionais, ele usa o lamentável recurso que os lógicos chamam de Falácia do Argumento. Isso acrescenta absolutamente nada ao debate. Na tentativa de refutar os argumentos de quem defende a não obrigatoriedade do diploma, apela para a insinuação grosseira e sem fundamentos.
Erra ao tentar questionar a idoneidade, o talento, a honestidade de lendas do jornalismo como Gay Talese, Philip Meyer, Benjamin Bradlee e Cláudio Abramo, todos eles contrários a exigência do diploma (não à sua derrubada como o nobre colega tropeçou); erra ao tentar pisar na academia representada por gente como Eugênio Bucci , Alec Duarte, Ivana Bentes de Oliveira, José Viegas Soares, Bill Kovach, Brent Cunningham, Claude-Jean Bertrand, Daniel Cornu, Jesús Martín-Barbero, Lucien W. Pye (estes sim, Professores Universitários, com “P e “U” maiúsculos); erra ao tentar fazer pouco de jornalistas talentosos como Mário Augusto Jakobskind, Marcelo Soares, Maurício Tuffani, Renato Rovai, Carlos Brickmann, Caio Túlio Costa, Luiz Antônio Magalhães, Reinaldo Azevedo, Pedro Doria, Leonardo Sakamoto, Luiz Garcia Dante Filho, Rafael Galvão, Alberto Dines, Luiz Weiss, Gabriel García Márquez, Carlos Eduardo Lins Da Silva, para citar apenas alguns.
Diante de todos estes nomes, pergunto: quem é Carlos Kuntzel?
Ele, cuja experiência prática na profissão se resume a uma temporada editando um jornal artesanal; ele, que na última sexta-feira (3) demitiu da Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campo Grande (onde é chefete) uma jornalista talentosa que ganhava R$ 900 por mês para trabalhar meio período sob o argumento de que “por R$ 900, muita gente trabalharia período integral”; ele, que baixa a cabeça e aceita entregar os textos dos jornalistas sob seu tacão para aprovação prévia do presidente da Casa; ele, que usa a palavra “ética” com desenvoltura, mas não entende bem seu significado prático.
Quem é Carlos Kuntzel?
Diz Kuntzel:
“Vi muitos colegas ‘jornalistas’ comemorando a queda do diploma. Posso garantir que estas pessoas se sentiram vingadas de alguma forma. A decisão teve um gostinho de prazer, considerando que quase todos os que aplaudiram o ‘ministro’ já tiveram problemas com o exercício legal da profissão. Vários foram obrigados a sentar numa cadeira universitária e cumprir a carga horária para que tivessem o direito ao exercício. Hoje são formados, mas sofreram com isso.”.
O colega consegue em um parágrafo assinar um atestado de obtusidade. Vamos por partes. Na quarta palavra de seu artigo, mostra que não entende o contraditório (conceito básico no Jornalismo), refere-se aos jornalistas que pensam diferentemente dele de forma discriminatória. Usa aspas, como se elas fossem o suficiente para dizer: “estes não são jornalistas, jornalista sou eu e quem pensa como eu”.
Na segunda frase, Kuntzel – que, diga-se, nunca trabalhou em uma redação de jornal diário, em um estúdio de telejornal ou de rádio – tropeça presunçosamente na lógica ao “garantir” que “estas pessoas” (ou seja, quem pensa diferente dele) se “sentiram vingadas” com a decisão do Supremo Tribunal Federal. Diz, com irresponsabilidade, que estes “já tiveram problemas com o exercício legal da profissão”, que foram “obrigados” a freqüentar o curso de Jornalismo, e para enterrar de vez sua argumentação, que são “tendenciosos”.
Seria interessante se ele, ao invés de fazer acusações vazias, enumerasse quem são as pessoas a quem ele se refere, quais foram às dificuldades legais por elas vivenciadas e por que diabos teriam sido “obrigadas” a freqüentar as salas de aula visto que, há anos, a justiça possibilita jornalistas não formados a obterem o registro profissional.
O festival de sandices continua no segundo parágrafo: “São estes também que dizem que a universidade não fez diferença alguma para a vida profissional deles, mas é perceptível que seus textos são ‘tendenciosos’, que não prestaram atenção aos ensinamentos da academia e não deixaram de escrever artigos de opinião. Isso não é ser jornalista, mas sim colunista ou articulista, que nunca teve a obrigatoriedade da apresentação de diploma.”.
Kuntzel, certamente, não sabe a diferença entre reportagem e artigo. Critica os artigos nos quais muitos profissionais expressaram (com argumentos) sua posição e assina um artigo, opinativo da mesma forma, no qual critica a tomada de posição.. em artigos! Ahn? Vai entender...
O fato é que Kuntzel erra, erra feio ao apontar sua metralhadora giratória para todos os lados. Não tem munição intelectual para isso. Ao tentar desqualificar os posicionamentos de entidades e profissionais, ele usa o lamentável recurso que os lógicos chamam de Falácia do Argumento. Isso acrescenta absolutamente nada ao debate. Na tentativa de refutar os argumentos de quem defende a não obrigatoriedade do diploma, apela para a insinuação grosseira e sem fundamentos.
Erra ao tentar questionar a idoneidade, o talento, a honestidade de lendas do jornalismo como Gay Talese, Philip Meyer, Benjamin Bradlee e Cláudio Abramo, todos eles contrários a exigência do diploma (não à sua derrubada como o nobre colega tropeçou); erra ao tentar pisar na academia representada por gente como Eugênio Bucci , Alec Duarte, Ivana Bentes de Oliveira, José Viegas Soares, Bill Kovach, Brent Cunningham, Claude-Jean Bertrand, Daniel Cornu, Jesús Martín-Barbero, Lucien W. Pye (estes sim, Professores Universitários, com “P e “U” maiúsculos); erra ao tentar fazer pouco de jornalistas talentosos como Mário Augusto Jakobskind, Marcelo Soares, Maurício Tuffani, Renato Rovai, Carlos Brickmann, Caio Túlio Costa, Luiz Antônio Magalhães, Reinaldo Azevedo, Pedro Doria, Leonardo Sakamoto, Luiz Garcia Dante Filho, Rafael Galvão, Alberto Dines, Luiz Weiss, Gabriel García Márquez, Carlos Eduardo Lins Da Silva, para citar apenas alguns.
Diante de todos estes nomes, pergunto: quem é Carlos Kuntzel?
Ele, cuja experiência prática na profissão se resume a uma temporada editando um jornal artesanal; ele, que na última sexta-feira (3) demitiu da Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campo Grande (onde é chefete) uma jornalista talentosa que ganhava R$ 900 por mês para trabalhar meio período sob o argumento de que “por R$ 900, muita gente trabalharia período integral”; ele, que baixa a cabeça e aceita entregar os textos dos jornalistas sob seu tacão para aprovação prévia do presidente da Casa; ele, que usa a palavra “ética” com desenvoltura, mas não entende bem seu significado prático.
Quem é Carlos Kuntzel?
6 comentários:
Texto corajoso e pertinente. Vou acompanhar mais de perto seu blog. Tem feito um trabalho bacana. Também distribuo alguns rascunhos no meu blog: www.quintaldogui.blogspot.com
No dia em que a opinião de um assessor de imprensa de vereador for baliza relevante sobre como deve ser o exercício do jornalismo, o último a sair da profissão que apague a luz.
E você caro Victor Barone, quem é? Da mesma forma que critica o autor do artigo, também o ataca, tentando desqualificá-lo! 'O sujo falando do mal lavado' (embora não me recorde de ler o seu nome no tal artigo), diria a minha sábia avó, que DEUS a tenha!
Leio constantemente os seus artigos no site de notícias da cidade e, na minha visão, na maioria das vezes não passa de um emaranhado de recortes, uma colcha de retalhos, diriam os bons professores com que já tive o prazer de estudar!
Enfim, não estou aqui no seu blog para criticá-lo, assim como não creio ser coerente ou pertinente os seus ataques ao colega. Parece-me coisa de desavença pessoal externada de forma camuflada.
Acredito que ainda temos o direito de nos manifestar livremente, não é mesmo?
Você faz isso!
Guilherme, obrigado. Visitei seu blog, está nos meus favoritos.
Marcelo, sei lá. Nem entro neste mérito, pois eu mesmo tenho atuado em assessoria de imprensa durante os últimos anos. O problema é o sujeito escrever um artigo daqueles, mandando recados para lá e para cá, sem base, sem argumento, sem conteúdo. É a cara da academia no que ela tem de pior: superficialidade.
Caro Cristiano, quem sou eu? Eu sou uma pessoa que se posiciona (coisa rara hoje em dia, tem gente que prefere se equilibrar sobre muros e se esconder atrás dos pseudônimos) e tenta sobreviver na selva do Jornalismo sem se prostituir demais (visto que é impossível ficar fora do meretrício nesta profissão). O artigo publicado por Kuntzel no jornal A Crítica foi um recado direcionado que recebeu a resposta que merecia, na mesma linguagem. Sim, todos têm direito de se manifestar livremente, mas quando fazem acusações vazias, sem base, maldosas, a manifestação se transforma em ataque e pode receber a devida resposta. Sobre meus artigos, é direito seu não apreciá-los. Nada posso argumentar sobre isso. Um abraço,
Bom, concordo com Barone e, pra mim, sua posição é bem contrária do que faz Carlos Kuntzel.
Barone sim dá nome aos bois. Porque fazer críticas a alguns generalizando toda uma classe é fácil, né, caros colegas? Isso é o que mais tem por aí.
Sejamos Homens quando formos nos expressar. Senão mais vale o silêcio.
Não sou a favor da queda do diploma por acreditar que isso pouco contribui para os problemas que o jornalismo atual enfrenta. Nem por isso desqualifico qualquer um que tenha opinião diferente da minha.
Sejamos mais responsáveis.
O Carlos Kuntzel é comedor!!! Cabô!!! Se eu fosse ele ainda lhe agradeceria por tanta dedicação no seu blog... nada mais do que isso!!! uahuahuahuaua
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