As grandes empresas que dominam a internet deram uma grande colaboração aos regimes ditatoriais mundo afora. Na semana passada, a Microsoft anunciou o bloqueio do MSN em países embargados economicamente pelos Estados Unidos. Hoje, empresas como Google e AOL afirmarem que também vão restringir o acesso aos seus produtos para a Síria, Irã, Cuba, Sudão e Coréia do Norte, países que estão na lista negra estadunidense.
Há duas questões interessantes a serem analisadas. A primeira é o caráter ideológico da rede, uma pá de cal sobre os que imaginam inocentemente que o poder político-econômico (seja da matiz ideológica que for) não pode cercear a liberdade - ainda anárquica - que permeia o mundo virtual. Eles podem, sim, e farão isso.
O jornal cubano Juventud Rebelde, do órgão oficial cubano para a Juventude, levantou uma questão interessante ao dizer que "o mais paradoxal é que a medida seja tomada precisamente por uma empresa como a Microsoft". Afinal, ao lançar o MSN uma década atrás, a empresa “espalhou aos quatro ventos que este se dedicaria a fomentar a troca 'livre' entre as pessoas, sem distinção de raça, credo, crenças políticas ou qualquer outro elemento discriminatório". Balela.
Mas, incoerência maior é que o embargo digital tem por objetivo enfraquecer as estruturas de países considerados pelos estadunidenses como ameaças a democracia e ao bem estar entre os países. Ora, ao bloquear o serviço, Washington faz exatamente o contrário, visto que a internet, ainda que controlada nestas ditaduras, é o grande campo para a livre circulação de informações dos que enfrentam o totalitarismo.
A blogeira cubana Yoani Sánchez resumiu a ópera.
“Há cerca de três anos uma amiga me infiltrou no escritório governamental em que trabalhava para que eu pudesse me contatar a internet. Queria escrever um artigo e me faltavam alguns dados, motivo pelo qual lhe pedi alguns minutos no obsoleto computador da empresa. Eram os tempos em que eu fingia ser turista para acessar a rede nos hotéis, mas naquela semana me faltavam os pesos com que pagar uma hora de acesso. Minha amiga me mostrou uma lista de acessos proibidos nesta conexão institucional e alertou que o MSN estava entre eles... Agora a proibição vem de outro lado, exatamente da parte de quem construiu um programa que nos ajudava a escapar do controle. Sinto que com ele (o embargo) saímos perdendo nós, cidadãos, já que nossos governantes têm seus próprios canais de comunicação com o resto do mundo. Trata-se, claramente, de um golpe contra os internautas, contra os ‘foragidos da rede’, nós que acessamos a internet em Cuba. Com certeza, na empresa em que trabalha minha amiga, o censor que monitora as conexões deve estar de férias: a Microsoft acaba de fazer o trabalho por ele”.
Há duas questões interessantes a serem analisadas. A primeira é o caráter ideológico da rede, uma pá de cal sobre os que imaginam inocentemente que o poder político-econômico (seja da matiz ideológica que for) não pode cercear a liberdade - ainda anárquica - que permeia o mundo virtual. Eles podem, sim, e farão isso.
O jornal cubano Juventud Rebelde, do órgão oficial cubano para a Juventude, levantou uma questão interessante ao dizer que "o mais paradoxal é que a medida seja tomada precisamente por uma empresa como a Microsoft". Afinal, ao lançar o MSN uma década atrás, a empresa “espalhou aos quatro ventos que este se dedicaria a fomentar a troca 'livre' entre as pessoas, sem distinção de raça, credo, crenças políticas ou qualquer outro elemento discriminatório". Balela.
Mas, incoerência maior é que o embargo digital tem por objetivo enfraquecer as estruturas de países considerados pelos estadunidenses como ameaças a democracia e ao bem estar entre os países. Ora, ao bloquear o serviço, Washington faz exatamente o contrário, visto que a internet, ainda que controlada nestas ditaduras, é o grande campo para a livre circulação de informações dos que enfrentam o totalitarismo.
A blogeira cubana Yoani Sánchez resumiu a ópera.
“Há cerca de três anos uma amiga me infiltrou no escritório governamental em que trabalhava para que eu pudesse me contatar a internet. Queria escrever um artigo e me faltavam alguns dados, motivo pelo qual lhe pedi alguns minutos no obsoleto computador da empresa. Eram os tempos em que eu fingia ser turista para acessar a rede nos hotéis, mas naquela semana me faltavam os pesos com que pagar uma hora de acesso. Minha amiga me mostrou uma lista de acessos proibidos nesta conexão institucional e alertou que o MSN estava entre eles... Agora a proibição vem de outro lado, exatamente da parte de quem construiu um programa que nos ajudava a escapar do controle. Sinto que com ele (o embargo) saímos perdendo nós, cidadãos, já que nossos governantes têm seus próprios canais de comunicação com o resto do mundo. Trata-se, claramente, de um golpe contra os internautas, contra os ‘foragidos da rede’, nós que acessamos a internet em Cuba. Com certeza, na empresa em que trabalha minha amiga, o censor que monitora as conexões deve estar de férias: a Microsoft acaba de fazer o trabalho por ele”.
2 comentários:
tentando prejudicar ditadores, os ajudam. é um erro.
Sobre esse post e o de baixo, na china, bloquearam o twitter:
http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2009/06/02/china-bloqueia-twitter-as-vesperas-de-aniversario-de-protestos-756153788.asp
Poizé Luiz, é o mesmo caso. Lamentável.
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