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O texto acima circula na internet há algum tempo, uma sátira sobre o culto à personalidade que o coronel José Sarney patrocina por todo o Maranhão. Além de todos estes logradouros públicos ostentando o sobrenome de família - que caracteriza sua persona política - Sarney também possui seu próprio mausoléu, preparado para receber seu corpo um dia (provavelmente fardado com a indumentária acadêmica), tal qual um faraó moderno. O Mausoléu do Sarney surgiu em 1990, quando o então governador Epitácio Cafeteira doou à família do imortal o Convento das Mercês, um prédio do século XVII tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. O local passou então a se chamar Convento das Mercês Memorial José Sarney e pode, conforme já apregoou o próprio Sarney, se transformar em um "ponto de peregrinação".
Este culto à personalidade, além do farto bigode, é um interessante elo entre as figura de Sarney, do ditador soviético Joseph Stalin – o Deus do PC do B – cuja trajetória política foi marcada pela tirania e por espalhar por todo o “reino” sua imagem messiânica, e a do ex-ditador iraquiano Saddan Hussein, que obrigou a população a se defrontar diariamente com seu sorriso sinistro em cartazes espalhados por ruas e avenidas.
Os três estão separados pelo tempo, pela geografia e pelos credos políticos, mas se equiparam na estratégia autoritária de inflar o próprio ego na tentativa de impor aos outros suas vontades e seus objetivos. Se equiparam também, dentro da boa tradição personalista, na eliminação das vozes discordantes. Se Stalin e Saddan esmagaram seus opositores na base da bala e do desterro, Sarney os eliminou por meio das ferramentas que lhe foram oferecidas pela democracia de grotão que impera no Brasil. Uma democracia na qual o poder se perpetua – ou troca de senhor em um revezamento promíscuo – nas mãos de patriarcas, grupos políticos ou econômicos.
Assim como Stalin e Saddan se colocavam acima da razão, a oligarquia Sarney encara o Maranhão como propriedade particular e utiliza o poder para se autopromover ao arrepio da Lei, que proíbe a colocação de nomes de personalidades vivas em logradouros públicos.
2 comentários:
É de causar engulhos. Eu quase cheguei a sentir uma náusea.
- Felipe
É... eu também.
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