Semana On

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Poema

da proximidade tortuosa de dezembro

esse mormaço sabe a fevereiro
na claridade vê-se um quê de março

tão longe vai abril igual vai maio
de junho o quase-frio hoje é passado

o que dizer de agosto então e julho
a anunciar setembro em tons de azul

outubro é tão recente e já novembro
se esvai em dias claros de janeiro

quando o torpor do meu viver disfarço
cerro janelas nem às ruas saio
e vejo a mim qual ser mal-acabado
de frágil vidro e carne um podre entulho
mistura de canário e urubu

sem calendário afirmo — é dezembro

Márcia Maia

1 comentário:

Daniel Costa disse...

Márcio

Apreciei o poema e adorei o ritmo.

Daniel