da proximidade tortuosa de dezembro
esse mormaço sabe a fevereiro
na claridade vê-se um quê de março
tão longe vai abril igual vai maio
de junho o quase-frio hoje é passado
o que dizer de agosto então e julho
a anunciar setembro em tons de azul
outubro é tão recente e já novembro
se esvai em dias claros de janeiro
quando o torpor do meu viver disfarço
cerro janelas nem às ruas saio
e vejo a mim qual ser mal-acabado
de frágil vidro e carne um podre entulho
mistura de canário e urubu
sem calendário afirmo — é dezembro
Márcia Maia
1 comentário:
Márcio
Apreciei o poema e adorei o ritmo.
Daniel
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