É tentador cair em um discurso fácil de retidão e manutenção da ordem pública quando se está sentado sob a pasmaceira ideológica em que se transformou o Brasil. Que ordem é esta que deve ser defendida com unhas e dentes? Devemos, mesmo, fazer careta diante de qualquer manifestação popular mais exaltada? Será que está tudo andando sobre os trilhos da dignidade e da lisura a ponto de clamarmos pela manutenção da ordem?
O jornalista Guilherme Fiúza publicou hoje em seu blog um artigo intitulado “A ética do sapatão” no qual critica a atitude do repórter iraquiano que arremessou um sapato contra George Bush e dos que sentiram-se um pouco representados pela atitude. É a lógica do conformismo acima de tudo na qual, em nome da legalidade, toda perversão é aceitável.
Na década de 30 cidadãos espanhóis e de várias nações pegaram em armas contra a tirania de Franco. Logo depois, durante a segunda guerra mundial, para combater as atrocidades do fascismo, grupos de cidadãos combateram na clandestinidade em diversos países europeus. Em todas as ditaduras que vieram em seguida, de esquerda ou de direita, cidadãos se armaram e responderam violência com violência.
Os fundamentos ideológicos de todas estas lutas foram diferentes uns dos outros, diferentes também dos fundamentos da sapatada proferida pelo jornalista iraquiano em Bush. No entanto, todas estas manifestações de violência surgiram como respostas a violências maiores, em especial contra os direitos civis, contra a liberdade de expressão, de associação, de respirar.
Volto a perguntar: é possível condenar estas reações sob o ponto de vista fácil de quem está sentado confortavelmente em meio a uma pasmaceira ideológica? Acho que, especialmente no Brasil, há uma falta danada de gente com coragem de atirar sapatos.
O jornalista Guilherme Fiúza publicou hoje em seu blog um artigo intitulado “A ética do sapatão” no qual critica a atitude do repórter iraquiano que arremessou um sapato contra George Bush e dos que sentiram-se um pouco representados pela atitude. É a lógica do conformismo acima de tudo na qual, em nome da legalidade, toda perversão é aceitável.
Na década de 30 cidadãos espanhóis e de várias nações pegaram em armas contra a tirania de Franco. Logo depois, durante a segunda guerra mundial, para combater as atrocidades do fascismo, grupos de cidadãos combateram na clandestinidade em diversos países europeus. Em todas as ditaduras que vieram em seguida, de esquerda ou de direita, cidadãos se armaram e responderam violência com violência.
Os fundamentos ideológicos de todas estas lutas foram diferentes uns dos outros, diferentes também dos fundamentos da sapatada proferida pelo jornalista iraquiano em Bush. No entanto, todas estas manifestações de violência surgiram como respostas a violências maiores, em especial contra os direitos civis, contra a liberdade de expressão, de associação, de respirar.
Volto a perguntar: é possível condenar estas reações sob o ponto de vista fácil de quem está sentado confortavelmente em meio a uma pasmaceira ideológica? Acho que, especialmente no Brasil, há uma falta danada de gente com coragem de atirar sapatos.
3 comentários:
Pois é o que eu falei desde o começo quando ouvi do acontecido "veio tarde!". Nós estamos com muito medo de perder o que não temos pra levantarmos nossas bundas dos sofás...
É triste.
O interessante é que nossa identificação com o atirador de sapatos é suficiente para nossa necessidade de protesto e transgressão. Já estamos satisfeitos que um sujeito lá longe tenha levado os cascudos que nós não temos coragem de levar... Estamos midiatizados a esse ponto?!
Olá Diego. Estamos esmagados, idiotizados, paralisados. É o que vejo por aqui. Trabalho na assessoria de imprensa de uma Câmara Municipal e o que vejo é uma população totalmente entregue. Não há reivindicação, não há cobrança e, pior, não há nem mesmo a consciência de que os homens públicos são, em verdade, servidores do povo. Se a democracia representativa é isso que vivemos no Brasil, então ela, realmente, não cumpre seu papel de dar ao povo o poder que dele deveria emanar. Estamos em meio ao caos.
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