Semana On

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Livre exercício do Jornalismo ameaçado em MS

A relação entre o poder público em Mato Grosso do Sul e a imprensa está se deteriorando de forma preocupante neste final de ano. Hoje pela manhã a jornalista Fernanda Brigatti, do jornal O Estado de MS, foi proibida de acompanhar a coletiva do presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE), Cícero Antônio de Souza, após a cerimônia em que ele foi reconduzido ao cargo. “Fui informada que após a posse haveria uma coletiva no gabinete da presidência, mas que eu - na verdade o jornal O Estado - não estava convidada”, afirma Fernanda e completa: “Foi feita a ressalva de que o plenário é público, logo, eu poderia ficar lá, mas no gabinete, não”.

O motivo da proibição foi matéria publicada hoje na página 3 do jornal, assinada pela jornalista Sandra Luz, sob o título “Assessor é investigado por dar assistência a câmaras”, que trata do uso indevido de vantagens por parte de funcionários do TCE-MS. A reportagem desagradou Cícero que, por sua vez, achou-se no direito de vetar a presença de jornalistas do referido veículo de comunicação em seu gabinete.

Fernanda, então, pediu que o jornalista Celso Bejarano Junior, do site de notícias Midiamax, fizesse a Cícero uma pergunta sobre a reportagem em questão, ao que o presidente do TCE respondeu dizendo que “o jornal mente e que deveria pagar suas contas, porque deve R$ 59 milhões ao Estado". Cícero referiu-se a dívidas que outras empresas do grupo O Estado, comandadas pelo empresário Jaime Valler, possui com o Estado de Mato Grosso do Sul.

Não é a primeira vez que jornalistas de O Estado passam por constrangimentos deste tipo. No dia 13 de novembro o repórter Humberto Marques viveu situação parecida na Assembléia Legislativa.

Não entro no mérito se os donos do jornal devem ou não impostos ao Estado, se as reportagens publicadas têm ou não embasamento. Não faço aqui uma defesa do jornal o Estado - do qual integrei a equipe inicial entre 2002 e 2004 - até por que tive sérios problemas com sua diretoria. Por isso mesmo me sinto muito à vontade para abordar o tema. O que está em jogo no Mato Grosso do Sul é o livre exercício do Jornalismo.

2 comentários:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

De fato, grave.

Alice Salles disse...

Ao meu ver, o Estado não deve de maneira alguma interferir no que diz respeito à informação que chega ao povo, principalmente se essa informação é coerente e diz respeito a algo que todos precisam saber. É uma falta de vergonha na cara MESMO.