O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), não é conhecido por seu tato. O estilo “patrola” o acompanha desde o início da vida pública e ganhou força nos oito anos em que “o italiano” – como é conhecido no Estado – governou a capital de MS, Campo Grande. Ocorre que a falta de tato do governador passou dos limites no dia 21 de novembro, quando, em entrevista à Rede Brasil de Televisão e à Agência Brasil, disse que o aumento do tempo de planejamento de aulas para 1/3 da carga horária de trabalho dos professores seria “vadiagem”.
Durante a desastrosa entrevista, Puccinelli disse que o tempo para o planejamento, previsto pela Lei Federal 11.738/08, era demasiado e exemplificou misturando alhos com bugalhos: “Eu fui cirurgião de trauma. Aí um doido te atropela, foge, você está sangrando e entra em choque. Eu vou planejar 13 horas como fazer a cirurgia? Não tem necessidade de aumentar horas de planejamento e diminuir o essencial, que é ensinar o aluno. O que precisa é dar aula para a gurizada”.
Subestimando a importância das horas para o planejamento, sugeriu também que os professores deveriam usar a internet para preparar aulas de forma mais rápida: “Há 30 anos quando não tinha internet, não tinha Google (site de buscas), não tinha tanta modernidade, os professores planejavam e tinham que pesquisar em livros. Hoje você entra no Google e o professor de Geografia passa a aula com maior tranqüilidade”, disse, deixando claro que, para ele, um professor pode entrar na Internet, copiar uma aula, e apresentá-la aos seus alunos.
Foi no fim da entrevista que Puccinelli soltou a pérola maior: “Pela intimidade que eu tenho com eles (com os professores), eu disse: vocês não vão ficar com horas a mais de vadiagem, vão ficar só com dez horas de planejamento/vadiagem”.
O mais grave é que o fato gerou pouquíssima repercussão na mídia local. Salvo uma matéria publicada pelo jornalista Oswaldo Júnior no site de notícias Midiamax, no dia 23 de novembro - reproduzida no site Cassilândia News, no dia 24 - e notas tímidas escondidas em alguns jornais, a imprensa sul-mato-grossense passou ao largo do tema. Esta omissão ocorreu mesmo diante da comoção causada entre os professores e parte da sociedade civil, que pode ser atestada pelos comentários feitos na seção Espaço do Leitor do Midiamax, ou em manifestações pontuais, como a do professor Rogério Tenório de Moura, com sua carta de repúdio publicada no Centro de Mídia Independente.
Uma relação pode ser traçada com o episódio no qual o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, agrediu e chamou de vagabundo um cidadão, em fevereiro de 2007. Tal foi à repercussão negativa de sua atitude, amplamente divulgada pela mídia que, no dia seguinte, Kassab “optou” por recuar e pedir desculpas publicamente. Enquanto em São Paulo a imprensa cumpriu o seu papel, expondo o fato e fazendo com que um governante passasse a mensurar com mais cuidado suas palavras, em MS a omissão reforçou o caráter autoritário do governador, passando a mensagem de que tudo é permissível.
Não é a primeira vez que o governador André Puccinelli conflita com os professores do Estado. Em novembro de 2007 ele foi alvo de uma representação no Ministério Público Estadual (MPE) apresentada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, por ter determinado que a PM-2 (serviço reservado de inteligência da Polícia Militar) espionasse uma assembléia de professores em Campo Grande.
O caso também não obteve destaque na mídia local, a não ser por algumas reportagens do site de notícias Campo Grande News (aqui, aqui e aqui) e breve matéria no Midiamax. Na ocasião, falando ao jornalista Graciliano Rocha (atualmente correspondente da Folha de S. Paulo em Porto Alegre), o secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado, Wantuir Jacini (ainda no cargo), defendeu a espionagem alegando “segurança de Estado”.
Durante a desastrosa entrevista, Puccinelli disse que o tempo para o planejamento, previsto pela Lei Federal 11.738/08, era demasiado e exemplificou misturando alhos com bugalhos: “Eu fui cirurgião de trauma. Aí um doido te atropela, foge, você está sangrando e entra em choque. Eu vou planejar 13 horas como fazer a cirurgia? Não tem necessidade de aumentar horas de planejamento e diminuir o essencial, que é ensinar o aluno. O que precisa é dar aula para a gurizada”.
Subestimando a importância das horas para o planejamento, sugeriu também que os professores deveriam usar a internet para preparar aulas de forma mais rápida: “Há 30 anos quando não tinha internet, não tinha Google (site de buscas), não tinha tanta modernidade, os professores planejavam e tinham que pesquisar em livros. Hoje você entra no Google e o professor de Geografia passa a aula com maior tranqüilidade”, disse, deixando claro que, para ele, um professor pode entrar na Internet, copiar uma aula, e apresentá-la aos seus alunos.
Foi no fim da entrevista que Puccinelli soltou a pérola maior: “Pela intimidade que eu tenho com eles (com os professores), eu disse: vocês não vão ficar com horas a mais de vadiagem, vão ficar só com dez horas de planejamento/vadiagem”.
O mais grave é que o fato gerou pouquíssima repercussão na mídia local. Salvo uma matéria publicada pelo jornalista Oswaldo Júnior no site de notícias Midiamax, no dia 23 de novembro - reproduzida no site Cassilândia News, no dia 24 - e notas tímidas escondidas em alguns jornais, a imprensa sul-mato-grossense passou ao largo do tema. Esta omissão ocorreu mesmo diante da comoção causada entre os professores e parte da sociedade civil, que pode ser atestada pelos comentários feitos na seção Espaço do Leitor do Midiamax, ou em manifestações pontuais, como a do professor Rogério Tenório de Moura, com sua carta de repúdio publicada no Centro de Mídia Independente.
Uma relação pode ser traçada com o episódio no qual o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, agrediu e chamou de vagabundo um cidadão, em fevereiro de 2007. Tal foi à repercussão negativa de sua atitude, amplamente divulgada pela mídia que, no dia seguinte, Kassab “optou” por recuar e pedir desculpas publicamente. Enquanto em São Paulo a imprensa cumpriu o seu papel, expondo o fato e fazendo com que um governante passasse a mensurar com mais cuidado suas palavras, em MS a omissão reforçou o caráter autoritário do governador, passando a mensagem de que tudo é permissível.
Não é a primeira vez que o governador André Puccinelli conflita com os professores do Estado. Em novembro de 2007 ele foi alvo de uma representação no Ministério Público Estadual (MPE) apresentada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, por ter determinado que a PM-2 (serviço reservado de inteligência da Polícia Militar) espionasse uma assembléia de professores em Campo Grande.
O caso também não obteve destaque na mídia local, a não ser por algumas reportagens do site de notícias Campo Grande News (aqui, aqui e aqui) e breve matéria no Midiamax. Na ocasião, falando ao jornalista Graciliano Rocha (atualmente correspondente da Folha de S. Paulo em Porto Alegre), o secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado, Wantuir Jacini (ainda no cargo), defendeu a espionagem alegando “segurança de Estado”.
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