O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB-MS), Fábio Trad, expôs recentemente, no artigo “A Política Despolitizada” (Midiamax - 27/11/2008), sua preocupação para com os rumos da política no Brasil e, em conseqüência, com o desencanto do brasileiro para com a democracia.
Para Trad, “a Política degenera-se e, muitas vezes, expõe a face mais cruel das misérias morais do ser humano”. A falta de critérios republicanos na política partidária tupiniquim é apontada em seu artigo de forma incisiva: “...a indiscutível mediocridade do diálogo entre os programas partidários aliada a superficialidade da mensagem discursiva da classe política brasileira robustecem a impressão de que a política deixou de ser um ideal, reduzindo-se a uma ocupação semi-profissionalizada cuja atração maior é o status e, eventualmente, a vantagem material”.
Ele ilustra os efeitos da crise de credibilidade política citando a pesquisa PNUD/ONU, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo há quatro, que aponta um flagrante desprezo dos latino-americanos pela democracia. O levantamento conclui, entre outras coisas, que 56,3% da população do continente crê que o desenvolvimento econômico seja mais importante que a democracia e que 54,7% apoiaria um governo autoritário se este resolvesse os problemas econômicos.
Outros dados dignos de nota sustentam que 58,1% dos entrevistados concorda que o presidente possa ir além das leis; 43,9% não crê que a democracia solucione os problemas do país e 37,2% concorda que o presidente controle os meios de comunicação.
Trad sugere que a saída para esta perigosa seara na qual caminha a América Latina seja “uma urgente retomada da credibilidade da atividade política” e conclui com a seguinte reflexão crítica sobre o modus operandi dos homens públicos.
“A política, que deveria recordar o vôo das águias pelo idealismo sobranceiro de quem assume a árdua missão de trabalhar para o coletivo, impressiona pelo sentido contrário, porque à medida em que se distancia dos bons, dos idealistas, dos ingênuos de boa-fé, dos que desconhecem a complicada linguagem do tráfico de favores, dos que ignoram a engenharia das manobras ardilosas e dos frios cálculos das traições com hora marcada, mais e mais, o que era para recordar o vôo das águias, lembra o passo insinuante das raposas.”
No artigo “Economia faria maioria dos brasileiros trocar democracia por ditadura”, publicado aqui no dia 17/11/2008, analisei o Latinobarómetro, pesquisa anual da Economist sobre o pensamento político dos cidadãos latino-americanos, cujos resultados reforçam os motivos de preocupação expostos pelo presidente da OAB-MS.
Entre os brasileiros ouvidos pela pesquisa, a democracia é apontada como o regime preferido de 47% dos entrevistados, embora 57% deles tenham afirmado que não se importaria em ter um governo não democrático desde que este resolvesse os problemas econômicos de seus países.
Em 2001 o percentual de entrevistados pelo Latinobarómetro que trocaria a democracia por uma ditadura, caso esta fosse mais competente para guiar a economia de seu País, era de 51%, contra 55% em 2004 e 53% em 2008.
O fato é que há, sim, motivos para preocupação. Quando a população abre mão do conceito de democracia (independente das críticas que possam ser feitas à democracia representativa) em prol de soluções autoritárias, abre-se caminho para o totalitarismo. A história já nos mostrou isso em diversas oportunidades e nada impede que volte a nos apresentar a face da tirania. Para isso, basta continuarmos enterrando a noção básica segundo a qual todo o poder emana do povo.
Leia mais sobre o mesmo tema:
- O ciberespaço e as possibilidades de democracia participativa
- Economia faria maioria dos brasileiros trocar democracia por ditadura
Para Trad, “a Política degenera-se e, muitas vezes, expõe a face mais cruel das misérias morais do ser humano”. A falta de critérios republicanos na política partidária tupiniquim é apontada em seu artigo de forma incisiva: “...a indiscutível mediocridade do diálogo entre os programas partidários aliada a superficialidade da mensagem discursiva da classe política brasileira robustecem a impressão de que a política deixou de ser um ideal, reduzindo-se a uma ocupação semi-profissionalizada cuja atração maior é o status e, eventualmente, a vantagem material”.
Ele ilustra os efeitos da crise de credibilidade política citando a pesquisa PNUD/ONU, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo há quatro, que aponta um flagrante desprezo dos latino-americanos pela democracia. O levantamento conclui, entre outras coisas, que 56,3% da população do continente crê que o desenvolvimento econômico seja mais importante que a democracia e que 54,7% apoiaria um governo autoritário se este resolvesse os problemas econômicos.
Outros dados dignos de nota sustentam que 58,1% dos entrevistados concorda que o presidente possa ir além das leis; 43,9% não crê que a democracia solucione os problemas do país e 37,2% concorda que o presidente controle os meios de comunicação.
Trad sugere que a saída para esta perigosa seara na qual caminha a América Latina seja “uma urgente retomada da credibilidade da atividade política” e conclui com a seguinte reflexão crítica sobre o modus operandi dos homens públicos.
“A política, que deveria recordar o vôo das águias pelo idealismo sobranceiro de quem assume a árdua missão de trabalhar para o coletivo, impressiona pelo sentido contrário, porque à medida em que se distancia dos bons, dos idealistas, dos ingênuos de boa-fé, dos que desconhecem a complicada linguagem do tráfico de favores, dos que ignoram a engenharia das manobras ardilosas e dos frios cálculos das traições com hora marcada, mais e mais, o que era para recordar o vôo das águias, lembra o passo insinuante das raposas.”
No artigo “Economia faria maioria dos brasileiros trocar democracia por ditadura”, publicado aqui no dia 17/11/2008, analisei o Latinobarómetro, pesquisa anual da Economist sobre o pensamento político dos cidadãos latino-americanos, cujos resultados reforçam os motivos de preocupação expostos pelo presidente da OAB-MS.
Entre os brasileiros ouvidos pela pesquisa, a democracia é apontada como o regime preferido de 47% dos entrevistados, embora 57% deles tenham afirmado que não se importaria em ter um governo não democrático desde que este resolvesse os problemas econômicos de seus países.
Em 2001 o percentual de entrevistados pelo Latinobarómetro que trocaria a democracia por uma ditadura, caso esta fosse mais competente para guiar a economia de seu País, era de 51%, contra 55% em 2004 e 53% em 2008.
O fato é que há, sim, motivos para preocupação. Quando a população abre mão do conceito de democracia (independente das críticas que possam ser feitas à democracia representativa) em prol de soluções autoritárias, abre-se caminho para o totalitarismo. A história já nos mostrou isso em diversas oportunidades e nada impede que volte a nos apresentar a face da tirania. Para isso, basta continuarmos enterrando a noção básica segundo a qual todo o poder emana do povo.
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