Em janeiro de 2003 tive a oportunidade de entrevistar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pouco depois da sua posse. O PT tomava, finalmente, o comando da nação e alimentava em muitos brasileiros a esperança de um futuro melhor. Tendo isso em mente, perguntei ao presidente se ele temia a possibilidade de seu governo decepcionar os milhões de eleitores que sempre haviam apostado nele e no PT como a possibilidade de uma guinada radical no jeito de se fazer política neste País. Lula, como era de se esperar, respondeu que não e disse uma frase marcante: “Acredito que só tem sentido uma pessoa como eu chegar à Presidência da República se for para fazer diferente do que foi feito até agora”.
Bom, deu no que deu. Depois de seis anos o Governo Lula não está se mostrando pior que os anteriores, mas não está sendo melhor. Falhou inexoravelmente em sepultar as práticas corrosivas da política nacional no que ela ainda tem de pior: o clientelismo, o paternalismo do Estado, a tendência de governar por decreto, um ranço autoritário do qual nossos mandatários não conseguiram se livrar. Hoje, sinto o quanto eu era ingênuo naquela época, acreditava que bem intencionados pudessem mudar o mundo.
Por isso, hoje, sou um torcedor fanático do presidente eleito dos Estados Unidos da América, o senador democrata Barack Obama. Torço com todas as forças para que seu governo seja o melhor de todos os tempos para os americanos. Faço isso, pois tenho receio.
É que há algo que não me sai da cabeça, uma relação entre o Lula de 2003 - fiel depositário da esperança da população brasileira por mudanças reais no âmbito político, econômico e social - e o presidente Obama.
Pupulam pela imprensa e pela internet odes ao primeiro presidente negro da maior nação do planeta, do maior império da história moderna, quiçá de todos os tempos. Confesso que Obama fascina, meche com nosso imaginário, nos faz pensar que a humanidade pode avançar deixando de lado anacronismos como o racismo. Mas, então, penso em Lula e faço uma relação entre o desencanto político de milhões de brasileiros e o que poderá ocorrer na América e no mundo se Barack Obama falhar em sua missão de guiar os destinos dos EUA rumo a um futuro menos belicista e egocêntrico.
No Brasil, ao compreendermos que as coroas apenas trocam de cabeça, ficamos mais céticos, mais cínicos, mais descrentes ao concluir (idiotas que éramos) que não há salvadores da pátria, que a máquina é capaz de esmigalhar as mais fundadas fantasias teóricas, que, de fato, nada nos resta na democracia representativa como alternativa de poder.
Mas lá, na América, a situação é outra. Barack Obama tem uma responsabilidade em mãos que em muito ultrapassa as fronteiras americanas e a mentalidade rasteira dos rednecks ou dos yuppies da quinta avenida.
Mais do que imprimir uma política mais humana para seus compatriotas esmagados pela mentira neoliberal que – entre outras coisas - deixa um em cada seis norte-americanos sem nenhum tipo de atendimento médico-hospitalar e outra parcela igual ou maior com planos de saúde de péssima qualidade, Obama terá que recuperar a imagem dos Estados Unidos entre seus vizinhos neste planeta esquecido do universo. E isso, creio, será de vital importância para os destinos de todos nós.
Se não for bem sucedido nesta empreitada, se os EUA continuarem a implementar uma política cega, surda e muda, focada apenas no próprio umbigo, o resultado será o fortalecimento do fundamentalismo muçulmano, do exemplo doentio do capitalismo de estado proposto pela China (e aplaudido por um bando de irresponsáveis que fecham os olhos para o fascismo, ofuscados que estão pelos lucros do mercado chinês) e da caricatura de stalinismo imposta por Hugo Chavez na Venezuela.
Se os Estados Unidos não emergirem do Governo Obama apresentando uma opção de sociedade e um modelo econômico mais racionais e humanos, os ignóbeis elegerão o Deus Mercado ou o Deus Estado como as únicas saídas para a humanidade
Ainda, se não conseguir tirar seu País da crise econômica ao mesmo tempo em que recupera as perdas sociais que os americanos da base da pirâmide tiveram nos últimos 16 anos, Obama será apontado pela elite do seu País – àquela que tem as armas para manipular os milhões de norte-americanos que acreditam que o sol gira em torno da terra, que preferem o criacionismo ao evolucuionismo ou que não são capazes de encontrar o Iraque num mapa – como uma falácia, como um exemplo do fracasso liberal, como uma confirmação das teses obtusas de superioridade racial.
E isso - façamos figa para que não ocorra – será um desastre de proporções avassaladoras.
Bom, deu no que deu. Depois de seis anos o Governo Lula não está se mostrando pior que os anteriores, mas não está sendo melhor. Falhou inexoravelmente em sepultar as práticas corrosivas da política nacional no que ela ainda tem de pior: o clientelismo, o paternalismo do Estado, a tendência de governar por decreto, um ranço autoritário do qual nossos mandatários não conseguiram se livrar. Hoje, sinto o quanto eu era ingênuo naquela época, acreditava que bem intencionados pudessem mudar o mundo.
Por isso, hoje, sou um torcedor fanático do presidente eleito dos Estados Unidos da América, o senador democrata Barack Obama. Torço com todas as forças para que seu governo seja o melhor de todos os tempos para os americanos. Faço isso, pois tenho receio.
É que há algo que não me sai da cabeça, uma relação entre o Lula de 2003 - fiel depositário da esperança da população brasileira por mudanças reais no âmbito político, econômico e social - e o presidente Obama.
Pupulam pela imprensa e pela internet odes ao primeiro presidente negro da maior nação do planeta, do maior império da história moderna, quiçá de todos os tempos. Confesso que Obama fascina, meche com nosso imaginário, nos faz pensar que a humanidade pode avançar deixando de lado anacronismos como o racismo. Mas, então, penso em Lula e faço uma relação entre o desencanto político de milhões de brasileiros e o que poderá ocorrer na América e no mundo se Barack Obama falhar em sua missão de guiar os destinos dos EUA rumo a um futuro menos belicista e egocêntrico.
No Brasil, ao compreendermos que as coroas apenas trocam de cabeça, ficamos mais céticos, mais cínicos, mais descrentes ao concluir (idiotas que éramos) que não há salvadores da pátria, que a máquina é capaz de esmigalhar as mais fundadas fantasias teóricas, que, de fato, nada nos resta na democracia representativa como alternativa de poder.
Mas lá, na América, a situação é outra. Barack Obama tem uma responsabilidade em mãos que em muito ultrapassa as fronteiras americanas e a mentalidade rasteira dos rednecks ou dos yuppies da quinta avenida.
Mais do que imprimir uma política mais humana para seus compatriotas esmagados pela mentira neoliberal que – entre outras coisas - deixa um em cada seis norte-americanos sem nenhum tipo de atendimento médico-hospitalar e outra parcela igual ou maior com planos de saúde de péssima qualidade, Obama terá que recuperar a imagem dos Estados Unidos entre seus vizinhos neste planeta esquecido do universo. E isso, creio, será de vital importância para os destinos de todos nós.
Se não for bem sucedido nesta empreitada, se os EUA continuarem a implementar uma política cega, surda e muda, focada apenas no próprio umbigo, o resultado será o fortalecimento do fundamentalismo muçulmano, do exemplo doentio do capitalismo de estado proposto pela China (e aplaudido por um bando de irresponsáveis que fecham os olhos para o fascismo, ofuscados que estão pelos lucros do mercado chinês) e da caricatura de stalinismo imposta por Hugo Chavez na Venezuela.
Se os Estados Unidos não emergirem do Governo Obama apresentando uma opção de sociedade e um modelo econômico mais racionais e humanos, os ignóbeis elegerão o Deus Mercado ou o Deus Estado como as únicas saídas para a humanidade
Ainda, se não conseguir tirar seu País da crise econômica ao mesmo tempo em que recupera as perdas sociais que os americanos da base da pirâmide tiveram nos últimos 16 anos, Obama será apontado pela elite do seu País – àquela que tem as armas para manipular os milhões de norte-americanos que acreditam que o sol gira em torno da terra, que preferem o criacionismo ao evolucuionismo ou que não são capazes de encontrar o Iraque num mapa – como uma falácia, como um exemplo do fracasso liberal, como uma confirmação das teses obtusas de superioridade racial.
E isso - façamos figa para que não ocorra – será um desastre de proporções avassaladoras.
1 comentário:
Sim, é minha esperança pois eu TAMBÉM me recordo de quanta "esperança" (porque agora não sei mais se foi isso) a eleição do Lula trouxe para o Brasil e vendo a euforia aqui nessa terra marcada por incoerências e discórdias, me dá um frio na espinha.
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