É incrível como os vícios da política tradicional brasileira estão entranhados na nossa sociedade. A coisa chegou a tal ponto que, mesmo aqueles que deveriam pensar a coisa pública de uma forma mais aberta, menos viciada, não conseguem vislumbrar a beira de abismo na qual estamos nos equilibrando.
Noite destas, o senador Cristovam Buarque, candidato do PDT à Presidência da República, mostrou isso muito claramente durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Segundo o senador, o Brasil só tem uma chance de se transformar em um País mais justo, desenvolvido e estruturado: o investimento maciço na educação.
O que parece um raciocínio óbvio para alguns, se transforma em motivo de deboche velado para muitos. Lamentável a superficialidade dos jornalistas presentes a entrevista, gente muito bem empregada nas Folhas e Épocas da vida, mas dotada de uma visão de Brasil rasa.
As perguntas lançadas contra Cristovam, feitas com um ar de quem “sente pena do pobre velhote ultrapassado”, estiveram sempre calcadas na imbecilidade que sustenta o imediatismo. Queriam saber se ele pretendia baixar a taxa de juros, quantos empregos iria gerar, como iria salvar o Brasil e outras barbaridades irrelevantes. O pedetista, por sua vez, insistia na verdade: não há salvação, a não ser pelo viés da educação.
Os entrevistadores, uma turma muito afinada com o funcionamento da máquina política brasileira, irritados, “não queriam ouvir falar de educação”, ficaram fartos, enfastiados com a verdade crua exposta por Cristovam. Certamente se sentiriam muito mais à vontade com discursos daqueles que estamos todos cansados de ouvir: aqueles que prometem milagres irrealizáveis, mentiras saborosas e toneladas de hipocrisia.
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