Semana On

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Paternalismo

Há uma colossal diferença entre programas de assistência social e programas de inclusão social.Os primeiros tendem a manter no anonimato social os seus beneficiados, acostumando-os às facilidades e a benevolência estatal. Além disso, são passos largos rumo ao estelionato eleitoral. Afinal, em um País pobre como o nosso, qualquer prato de comida pode ser transformado em moeda de troca, em voto. Passam muito próximos, também, da demagogia paternalista que nunca fez bem a País algum.

Os programas de inclusão, por sua vez, pretendem dar à população carente as ferramentas necessárias para que, um dia, possam simplesmente prescindir deste tipo de auxílio pelo simples fato de não precisarem mais lançar mão deles.

É claro que não proponho aqui que se deixe passar fome os miseráveis. De forma alguma. Os programas de assistência social têm o seu papel em certas regiões, devem ser utilizados para tirar da penúria aqueles que simplesmente não tem o que comer. Mas deve parar aí. Aliadas a eles devem haver ferramentas que tragam a possibilidade real de uma emancipação, de meios que viabilizem a criação de um cidadão e não de um "mendigo oficializado" que dependerá eternamente do Estado para sobreviver.

Como bem disse o senador Cristovam Buarque, programas como o Bolsa Família condenam os que recebem o benefício à pobreza. A afirmação pode parecer radical, injusta para com a boa intenção do programa. Mas não é. Retrata com fidedignidade a situação de milhares de pessoas que encontraram no benefício uma muleta.

Como alternativa, o senador propõe retomar o Bolsa Escola que existia no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e criar uma espécie de emprego social para famílias carentes que não têm filhos em idade escolar. Na Bolsa Escola, a mãe receberia o dinheiro porque 'seu filho está estudando e a família sairá da pobreza'. Na realidade atual o raciocínio é outro. A família pensa: 'recebo o BolsaFamília porque sou pobre e se perder a condição de pobreza, não recebo mais'.

O Bolsa Família condena e o Bolsa Escola liberta, emancipa.

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