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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Duna - Frank Herbert

A literatura de ficção científica é apaixonante, em especial quando elaborada com maestria. É o caso de Duna, romance de Frank Herbert, publicado em 1965, uma das mais consistentes obras do gênero em todos os tempos. Vencedor dos prêmios Hugo e Nebula no ano de sua publicação, Duna rendeu ainda uma série de mais cinco livros escritos por Herbert e inspirou um filme (de 1984, dirigido por David Lynch), duas minisséries de televisão realizadas pelo Sci Fi Channel, jogos eletrônicos e uma série de seqüências co-escritas por Brian Herbert, o filho do autor, e Kevin J. Anderson.

Duna se passa em um futuro distante onde um império intergaláctico feudal é composto por Casas nobres que devem aliança à imperial Casa Corrino. O livro conta a história do jovem Paul Atreides, herdeiro do Duque Leto Atreides, na ocasião da transferência de sua família para o planeta Arrakis, a única fonte no universo da especiaria melange – produto que prolonga a vida e estende as capacidades mentais.

Em uma história que explora as complexas interações entre política, religião, ecologia, tecnologia e emoções humanas, o destino de Paul, sua família, seu novo planeta e seus habitantes nativos, assim como o destino do Imperador Padishah, da poderosa Corporação Espacial e da misteriosa ordem feminina das Bene Gesserit, acabam todos interligados em um confronto que mudará o curso da humanidade.

Frank Herbert fez uma grande inovação em Duna ao utilizar elementos filosóficos, religiosos e psicológicos, que eram até então raramente usados na ficção científica. Além desses temas, Duna trata também de ecologia e biologia.

O ambiente de Duna é notável por não possuir computadores, já que a religião do Império proíbe o uso de máquinas pensantes, temendo que estas possam destruir a humanidade. Todo o trabalho de cálculos complicados é feito pelos Mentats, homens treinados desde a infância para usarem suas mentes como computadores.

Na parte militar há ainda outra particularidade: a invenção dos escudos de força pessoais fez com que todas as armas de longa distância (incluindo lasers) perdessem a efetividade. Por isso o combate em Duna é corpo-a-corpo, as únicas armas efetivas são facas e espadas.

Outro aspecto interessante são as referências ao mundo islâmico e às culturas do oriente médio, que refletem em muitos nomes, terminologias e hábitos dos personagens.

O livro indica, numa leitura atenta, que o tempo de Paul Atreides está situado em cerca de 22.000 anos após o presente, talvez mais de 30.000, no qual a Terra não é mais habitada e muito da sua história já foi esquecida, enquanto a sombra de algumas tradições históricas e religiosas se mantêm.

Trata-se de uma belíssima obra de ficção científica, um trabalho com identidade própria e muitas reflexões contemporâneas, em especial no que se refere às religiões e sua influência sobre o homem.

2 comentários:

Adriana Godoy disse...

Barone, boa demais sua resenha. Já li esse livro e assisti ao filme há muitos anos. No mais, um ótimo 2011 pra você e continue sempre mantendo a qualidade de seu blog. Um abraço, Adriana.

Luiz Felipe Vasques disse...

Duna é um clássico que, por vezes, releio. Excelente sua resenha, chamarei a atenção lá no

http://blogdefc.blogspot.com/

Mesmo para quem não gosta de ficção-científica, Duna é dessas obras que transcende gêneros.