Semana On

sábado, 10 de abril de 2010

Poesia aos sábados

Lapela dos paradoxos impotentes

1 – Lá ao longe
na lapela dos paradoxos impotentes
o deserto esticado
e os arbustos natimortos dos umbrais favelados
de homens com macieza arrefecida
― Nas ventas dos tumores malignos
o pouso aéreo das borboletas de programa,
o trajeto das coisas redivivas,
o transe das pessoas dormindo
com o cobertor em pane...

2 – Lá no quaradouro dos astros cômodos
a renque de estalos de palavras
vomitando sob o dormitório da memória
― A prima face da relva
rende a súbita resposta dos óbolos metafísicos
esculpindo o rugido com hálito
e útero sem dobra.

3 – Há e há o cio geométrico
por traz dos olhares imbuídos de milagre
resguardando o suspirar da faca
― Na boca
os restos de alimentos reconvexos
hesitam em endeusar o avesso da vida
para saborear a partida à noite.

4 – Na hesitação das falas obscenas
a física do trajeto
e o vinhedo clandestino dos mortos
fazendo sexo de mãos à cabeça
― Eu sei: há no gozar sem cautela
a armadinha de reinventar
feita de mendicâncias.

5 – Ai! Rogo à vida
as súmulas dos pastos,
as fagulhas de umbigos cálidos,
os mantos de escolhas e vindas,
o sim dos homens insones
― Eu sei: há desperdícios de tardes ocas
gotejando
gotejando
as ondinas gramaticais dos poetas
em lágrimas.

Benny Franklin, esta semana, no Poema Dia

2 comentários:

Flá Perez (BláBlá) disse...

cobertor em pane...
queria ter escrito isso!

Cria disse...

Inteligente por demais ! Beijo.