Ando cansado do ser humano. Tão cansado que raramente me emociono com a condição humana a ponto de desmontar minha carapaça auto-protetora que ostento em meio ao desfile de hipocrisias do dia a dia. Há, no entanto, algo que me desconcerta, me desmorona, me faz criança de novo, me eriça os pelos do corpo e faz brotar a lágrima que guardo: a nobre resignação no olhar dos animais abandonados.
Hoje, caminhando as três quadras que separam minha casa de meu trabalho, deparei-me novamente com este olhar e com o que jamais deveria ter perdido: a capacidade de me emocionar, de simplesmente parar, observar e deixar a emoção fluir.
Um pastor alemão, maltratado, as ancas traseiras ensangüentadas, mas ainda exibindo uma bela pelagem de manto negro, vinha, incerto, pela calçada. Parei para observar sua passagem. Ele veio cambaleante, me olhando como quem pedisse um afago. Ao passar por mim, apertou o passo como se temesse um chute, um grito de desprezo.
E eu fiquei ali, parado, inundado por aquele olhar, sentindo apenas um vazio, uma lágrima que assustou as pessoas que por mim cruzavam seus destinos rasos. Queria poder colher todos estes nobres olhares que vagam por nossas esquinas vazias de sentidos, recolhê-los e guardá-los com cuidado, mantê-los longe da nossa pequenez humana.
Hoje, caminhando as três quadras que separam minha casa de meu trabalho, deparei-me novamente com este olhar e com o que jamais deveria ter perdido: a capacidade de me emocionar, de simplesmente parar, observar e deixar a emoção fluir.
Um pastor alemão, maltratado, as ancas traseiras ensangüentadas, mas ainda exibindo uma bela pelagem de manto negro, vinha, incerto, pela calçada. Parei para observar sua passagem. Ele veio cambaleante, me olhando como quem pedisse um afago. Ao passar por mim, apertou o passo como se temesse um chute, um grito de desprezo.
E eu fiquei ali, parado, inundado por aquele olhar, sentindo apenas um vazio, uma lágrima que assustou as pessoas que por mim cruzavam seus destinos rasos. Queria poder colher todos estes nobres olhares que vagam por nossas esquinas vazias de sentidos, recolhê-los e guardá-los com cuidado, mantê-los longe da nossa pequenez humana.
7 comentários:
Comovente.
Maltratar os animais é dar um tapa na cara de São Franciso de Assis!
É... acho que abandonar ou maltratar animais é dar um tapa na cara de nossa própria humanidade.
Esse texto me fez lembrar e refletir sobre como é triste os olhares que os cães são capazes de nos lançar.
É um olhar de gente, embora gente não consiga nos tocar tanto. Me pergunto pq a natureza dos cães chega a nos sensibilizar mais? Pelo menos a mim.
Descrédito na raça humana? talvez.
Enfim, um olhar de um guaipeca abandonado é mesmo de cortar o coração.
Amigo...demasiadamente o seres "humanos" nos decepcionam... por este motivo tantas vezes não ficamos sensibilizados diante de alguns... mas animais...amo animais e acho uma covardia, uma irresponsabilidade, alguém abandonar e/ou maltratar animais... me corta o coração...
Um abraço
muito bom!
Barone, quantas vezes sinto isso. Dá vontade de recolher todos eles e cuidar, dar carinho, dar amor..lindo texto. beijo.
A que ponto chega a crueldade humana?
Magnífico texto, Barone, magnífico.
Lembrou-me a citação que Guimarães Rosa faz em um de seus livros (a frase está no pórtico de um zoológico alemão):
"amar os animais é aprendizado de humanidade".
Quem se emociona com o sofrimento animal tem humanidade borbulhando nas veias. Como você.
Grande abraço do seu sempre leitor.
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