Semana On

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Políticos no Twitter: sabemos o que eles querem... mas o que queremos deles?

No primeiro semestre de 2009, milhões de pessoas descobriram o Twitter. A ferramenta já ultrapassou o 45 milhões de usuários, com um crescimento de 1.460% apenas no último ano. Inevitável que o espaço fosse invadido pelos políticos. Com a aproximação de 2010 e das eleições, eles chegaram e, como todos os demais, estão aprendendo a utilizar as redes sociais.

Pai da criança, Biz Stone disse recentemente que esta simbiose é muito natural: “Os políticos precisam estar conectados com seus eleitores. Como o Twitter permite a conexão direta, é natural que tenha se tornado uma ferramenta presente nas campanhas políticas. Não há nada de errado nisso. Quanto mais pessoas compartilharem informações, melhor para todos.”, afirmou.

Falei sobre o tema em detalhes no artigo “Política em 140 caracteres” (publicado também no Observatório da Imprensa e no twitterportugal). “Vereadores, deputados estaduais e federais, senadores e governadores aderiram ao microblog, ao lado de uma miríade de pré-candidatos às eleições de 2010. A maioria ainda não entendeu a vocação e o potencial das mídias sociais, mas os que compreenderem os seus meandros poderão obter vantagens ao estreitarem de forma transparente as suas relações com a população.

O fato é que eles vieram para ficar. Usarão as mídias sociais para divulgar suas plataformas, compromissos e idéias. Os mais antenados darão um passo além, procurarão interagir com os demais usuários, incorporar sugestões, responder críticas, navegar pela plataforma entendendo que, como disse o jornalista e blogueiro Marcelo Tas, “o Twitter é uma ferramenta de ouvir”. Nós sabemos o que eles querem, nosso voto, mas afinal, o que os usuários do Twitter querem dos políticos?

Para tentar desvendar esta questão, realizei entre 10 de outubro e 10 de novembro, uma pesquisa no blog. Perguntei "Seguir um político no Twitter é válido se ele... ". Dei cinco opções de respostas que, em minha opinião, resumiam os principais motivos que poderiam ser elencados, possibilitando que os participantes pudessem escolher mais de uma resposta. Cem internautas participaram da enquête e o resultado foi o seguinte:

"Seguir um político no Twitter é válido se ele... "

- Se posicionar sobre assuntos polêmicos – 68 votos, 66%
- Prestar contas de suas atividades políticas – 60 votos, 58%
- Consultar a opinião dos tuiteiros – 46 votos, 44%
- Responder a todas as críticas – 44 votos, 42%
- Falar de sua vida particular – 6 votos, 5%

As duas opções mais votadas deixam crer que o tuiteiro espera que o político use o Twitter para esclarecer sua opinião a respeito de assuntos dos quais, normalmente, se esquiva e para tornar pública sua atuação parlamentar. A consulta popular através da ferramenta também recebeu boa votação, insinuando que o usuário quer ter voz ativa, quer dar o ser recado a respeito de assuntos que dizem respeito ao seu dia a dia, fortalecendo a idéia de que a internet possa, um dia, se transformar em uma ágora virtual com toques de democracia direta (para aprofundar o conceito leia o artigo “O ciberespaço e as possibilidades de democracia participativa”).

O que menos o tuiteiro quer de um homem público, segundo a pesquisa, é que ele utilize a ferramenta para falar de sua vida particular. Postagens como “Vou almoçar com fulano”, ou “Estou saindo para me reunir com beltano” não estão no rol das informações que os usuários do Twitter querem ver no perfil de seus representantes.

Apesar das críticas que permeiam a rede a respeito do uso político das redes sociais, a presença de vereadores, deputados, senadores, secretários, prefeitos e governadores nestes ambientes é uma oportunidade única de o eleitor interagir com eles verticalmente, sem intermediários. Mesmo os que se utilizam de assessorias para atualizar seus perfis, estão na linha de tiro, deram a cara a tapa ao se colocarem no ambiente virtual. Cabe a nós, “simples usuários”, utilizarmos estes espaços como ferramenta de cobrança e de chamada de nossos representantes as suas responsabilidades.

2 comentários:

Nelson Corrêa disse...

Caro Victor,

Infelizmente a maioria ainda acha que o Twitter é um novo outdoor de rua, eletrônico e virtual. Às vezes percebo que eles acreditam que o Twitter, por ser gratuito, faz parte do espaço que eles têm por lei na TV.

Mas eles aprendrão o jeito ideal de usá-lo (nós também) depois das eleições de 2010.

Abraços e sucesso,
Nelson

Barone disse...

Vão aprender da maneira mais dura Nelson, sentindo a repercussão ao vivo, a cores e em 140 caracteres.