Semana On

sábado, 3 de outubro de 2009

Poesia aos sábados

Desespero de Vida

Tentei agarrá-la pelas mãos:
Escorreu-me entre os dedos.
Tentei bebê-la em doses homeopáticas, a conta-gotas.
Dosada...
Faltou-me os efeitos colaterais.
Enfrentei-a só...
Fez falta a dádiva maior:
Dividí-la.
Decidi a ela doar-me, sem precauções.
Rendida.
Sobrei-me inteira e fértil.
Amei o mistério impalpável:
Vida!
Orgasmo infinito.
E quero-te assim.
Com perigos e riscos.
Em total desassossego.

Alyne Costa, esta semana, no Poema Dia

4 comentários:

Francisco José Rito disse...

Muito bem conseguido, amigo.
Bom fim de semana

Francisco

Anónimo disse...

Allez y!

Valdir DM disse...

Barone: não entendi nada, como não entendo os poemas do Manoel de Barros (mas entendo alguns do Mário Quintana, quase todos os do Shakespeare e do Camões, além de vários hai-cais). Afinal, o que é Poesia? Um Poeta deve ser um Poeta, ou pode, alternativamente, usurpando o qualificativo "Poeta" ser um mero Indutor de Estados Poéticos (neste caso, o leitor construiria pontes entre os elementos fornecidos pelo "poeta", dando-lhes algum sentido, isto é, reescreveria o poema inconcluso, dando-lhe o necessário acabamento).
Isto não é uma provocação; quero mesmo saber...

Barone disse...

Olá Valdir... penso que poesia não é feita necessariamente para ser entendida, mas para ser sentida. Portanto, sim, o poeta e a poesia podem ser canais de "induçao de estados poéticos".