O assunto do momento é o blog da Petrobras. A estratégia da empresa, de revelar as perguntas feitas por jornalistas - e as respectivas respostas - antes das reportagens serem publicadas despertou a ira de alguns e o aplauso de muitos. Em resposta ao jornal O Globo, dia 5, a assessoria de imprensa da Petrobras disse que sua intenção é de “tornar públicas as respostas enviadas pela Companhia, de forma completa e sem edição dos dados, sobre todos os questionamentos feitos pela imprensa.”.
Mais claro impossível. A empresa não confia na edição das respostas dada aos jornalistas e posteriormente publicadas e se resguarda publicando a íntegra das perguntas e das respostas em seu blog assim que elas (as perguntas) são enviadas aos jornalistas.
Os jornalões alopraram.
O Estadão quis saber se a medida era ilegal, O Globo esperneou, a Folha bateu o pé e a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) fez beicinho. Acontece que, argumento que é bom, necas.
Entre as sandices elencadas para tentar transformar a estratégia da Petrobras em um atentado contra a liberdade de imprensa algumas se destacam pela criatividade. Uma delas é o conceito de pergunta jornalística em off, “a fonte que deve sigilo ao entrevistador”, como resumiu Idelber Avelar lá no Biscoito.
“É a cara-de-pau e a cretinice dos oligopólios de mídia elevadas à última potência. As instituições enxovalhadas pela sua manipulação lhes devem, além do mais, sigilo sobre quais foram as perguntas feitas. Já não basta acusá-las de ‘censoras’ quando elas se insurgem contra a mentirada. Elas devem, agora, aceitar falar só pelas paráfrases criminosamente mentirosas dos jornalões. Ou pelo menos silenciar até que estas tenham aparecido.”, espeta Avelar.
Outra parvalhice - emitida pelo Globo – é a idéia de que, ao divulgar as perguntas e respostas antes da publicação das reportagens, o blog “viola o sigilo dos órgãos de imprensa”.
“É a comprovação de que está se encerrando a era das informações seletivas para compor reportagens. Não restará outra alternativa senão fazer reportagens tecnicamente bem feitas, baseadas em fatos não questionáveis. Em suma, praticar jornalismo. E isso é terrível!”, aguilhoa Luis Nassif.
O editorial publicado hoje por O Globo foi especialmente obtuso. Com o título “Ataque à imprensa”, o diário carioca afirma que a Petrobras tenta “acuar O GLOBO, a ‘Folha de S. Paulo’ e ‘O Estado de S. Paulo’, jornais que, por dever de ofício, acompanham com a atenção devida as evidências de desmandos na administração da companhia” usando a terrível estratégia de “publicar em um blog da empresa as perguntas encaminhadas por repórteres dos jornais e respectivas respostas”. Para piorar a emenda, afirma que “as perguntas, encaminhadas por escrito, são de propriedade do jornalista e do veículo a que ele representa”.
E não para por aí. O editorial diz ainda que, por meio do blog, a Petrobras “desrespeita profissionais e atenta contra a liberdade de imprensa, ao violar o direito da sociedade de ser informada, sem limitações”.
Ora bolas... A Petrobras atenta contra a liberdade de imprensa ao divulgar as perguntas a ela endereçadas e as respectivas respostas?
Pedro Doria coloca um freio na fanfarronice dizendo que “antes de tudo: não, não existe sigilo de pergunta. A Petrobras, ou qualquer empresa, tem o direito de tornar públicas todas as perguntas que recebe de repórteres. Não é nem ilegal, nem antiético”. Azenha, por sua vez, enumera os motivos que levaram os jornalões a um clima de histeria coletiva.
Mas é Túlio Vianna que resume a ópera: “Se o jornalista quer confidencialidade em suas conversas, melhor procurar um psicoterapeuta. Exigir confidencialidade das suas fontes é, não só paradoxal, mas um claro manifesto de sua incompetência”.
Eu, no meio desta tempestade, quero saber apenas o seguinte: tem alguma mentira nas respostas que a Petrobras publica em seu blog?
Mais claro impossível. A empresa não confia na edição das respostas dada aos jornalistas e posteriormente publicadas e se resguarda publicando a íntegra das perguntas e das respostas em seu blog assim que elas (as perguntas) são enviadas aos jornalistas.
Os jornalões alopraram.
O Estadão quis saber se a medida era ilegal, O Globo esperneou, a Folha bateu o pé e a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) fez beicinho. Acontece que, argumento que é bom, necas.
Entre as sandices elencadas para tentar transformar a estratégia da Petrobras em um atentado contra a liberdade de imprensa algumas se destacam pela criatividade. Uma delas é o conceito de pergunta jornalística em off, “a fonte que deve sigilo ao entrevistador”, como resumiu Idelber Avelar lá no Biscoito.
“É a cara-de-pau e a cretinice dos oligopólios de mídia elevadas à última potência. As instituições enxovalhadas pela sua manipulação lhes devem, além do mais, sigilo sobre quais foram as perguntas feitas. Já não basta acusá-las de ‘censoras’ quando elas se insurgem contra a mentirada. Elas devem, agora, aceitar falar só pelas paráfrases criminosamente mentirosas dos jornalões. Ou pelo menos silenciar até que estas tenham aparecido.”, espeta Avelar.
Outra parvalhice - emitida pelo Globo – é a idéia de que, ao divulgar as perguntas e respostas antes da publicação das reportagens, o blog “viola o sigilo dos órgãos de imprensa”.
“É a comprovação de que está se encerrando a era das informações seletivas para compor reportagens. Não restará outra alternativa senão fazer reportagens tecnicamente bem feitas, baseadas em fatos não questionáveis. Em suma, praticar jornalismo. E isso é terrível!”, aguilhoa Luis Nassif.
O editorial publicado hoje por O Globo foi especialmente obtuso. Com o título “Ataque à imprensa”, o diário carioca afirma que a Petrobras tenta “acuar O GLOBO, a ‘Folha de S. Paulo’ e ‘O Estado de S. Paulo’, jornais que, por dever de ofício, acompanham com a atenção devida as evidências de desmandos na administração da companhia” usando a terrível estratégia de “publicar em um blog da empresa as perguntas encaminhadas por repórteres dos jornais e respectivas respostas”. Para piorar a emenda, afirma que “as perguntas, encaminhadas por escrito, são de propriedade do jornalista e do veículo a que ele representa”.
E não para por aí. O editorial diz ainda que, por meio do blog, a Petrobras “desrespeita profissionais e atenta contra a liberdade de imprensa, ao violar o direito da sociedade de ser informada, sem limitações”.
Ora bolas... A Petrobras atenta contra a liberdade de imprensa ao divulgar as perguntas a ela endereçadas e as respectivas respostas?
Pedro Doria coloca um freio na fanfarronice dizendo que “antes de tudo: não, não existe sigilo de pergunta. A Petrobras, ou qualquer empresa, tem o direito de tornar públicas todas as perguntas que recebe de repórteres. Não é nem ilegal, nem antiético”. Azenha, por sua vez, enumera os motivos que levaram os jornalões a um clima de histeria coletiva.
Mas é Túlio Vianna que resume a ópera: “Se o jornalista quer confidencialidade em suas conversas, melhor procurar um psicoterapeuta. Exigir confidencialidade das suas fontes é, não só paradoxal, mas um claro manifesto de sua incompetência”.
Eu, no meio desta tempestade, quero saber apenas o seguinte: tem alguma mentira nas respostas que a Petrobras publica em seu blog?
6 comentários:
São respostas oficiais, é a posição oficial da empresa. Quando responde, claro. Mas o problema que eu vejo não é esse. A Petrobras estaria prestando um belíssimo serviço se publicasse a íntegra das respostas ao lado da matéria publicada, para leitores inteligentes poderem comparar. Ao publicar antes de sair a matéria, busca basicamente insuflar o instinto de manada que você conhece na internet.
Desenvolvi o argumento no Dicas. Dê uma olhada lá.
Que tem um monte de irregularidades na Petrobras, ou pelo menos no uso de algumas (certamente não todas) suas verbas de patrocínio parece óbvio. Parece óbvio também que a CPI foi montada não para investigar e sanar as falhas da estatal, mas para obter capital político para o ano que vem.
E na eterna briga para ver quem está mais errado os jornalões conseguem se destacar mais que os políticos e o objeto das investigações. Isso não pode acabar bem...
-Daniel Bezerra
Olá Marcelo,
apesar de tratar-se de respostas oficiais e da posição oficial da empresa – e como são diferentes os ofícios de jornalista e assessor de imprensa – em nenhum momento O Globo, Folha e Estadão questionaram a veracidade das respostas. Se este fosse o caso a celeuma teria razão de ser. Os leitores sempre podem adquirir o jornal e ler a reportagem. Penso que a imprensa dá um tiro no pé ao tentar estabelecer uma relação entre a estratégia da Petrobras e a liberdade de imprensa. Vou dar um pulo lá no Dicas para ler sua análise.
Daniel,
Não duvido que haja irregularidades na Petrobras, acho até muito provável. A CPI, então, nem fale. São teatros bem ensaiados, onde eles fingem que trabalham e nós fingimos que acreditamos. Cartas marcadas, sempre.
Marcelo e Barone,
Sem dúvida que a Petrobras está jogando para a platéia. Entretanto, para quem era chamada de "Petrossauro", de ineficiente e sei lá mais do quê, a empresa deu um belo drible nos Senhores da Mídia e ainda espezinha essa espetacularmente burra investida da oposição.
Quem perde somos nós, claro; que não veremos uma investigação técnica e correta dos desvios da estatal.
-Daniel Bezerra
Liberade de imprensa... para quem imprime. ;-)
É Felipe... é por aí.
Daniel: sim, para a platéia. Ainda assim acho que o ocorrido foi mais um sintoma de um problema mais grave que atinge o Jornalismo em seu cerne: o hábito de não debater suas próprias mazelas. Fatal em tempos de reformulação geral na profissão.
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