“Mais importante do que o bate boca sobre o direito ou não da Petrobras publicar as perguntas de jornais em entrevistas solicitadas à empresa é a questão da quebra de rotinas vigentes há décadas no relacionamento da imprensa com fontes oficiais e corporativas. Isto altera radicalmente uma questão chave que é a do acesso privilegiado à informação. Os blogs criaram um novo espaço público para interatividade entre cidadãos, empresas, governos e associações civis, tirando da imprensa escrita a exclusividade na mediação entre os diferentes protagonistas. Trata-se de uma ruptura com o modelo tradicional, cujos efeitos provocam perplexidade, especialmente entre os jornalistas.”.
O raciocínio é do jornalista Carlos Castilho, em artigo publicado quarta-feira no Observatório da Imprensa. O caminho é o mesmo traçado por Luiz Carlos Azenha, para quem os veículos de comunicação tradicionais não encontraram ainda formas de interagir com esta ruptura causada pelas novas ferramentas de informação. "Posso especular que os jornais se sentem incomodados com uma nova dinâmica que não os favorece. Os jornais já chegam claramente envelhecidos às bancas. Como contornar isso? Com notícias exclusivas. Denúncias extraordinárias. Isso pressupõe, no entanto, que todos os atores sociais continuem aceitando o jornalismo como era: o monopólio da informação controlado por algumas empresas que vendem informação. A internet rompe essa lógica.”.
Também é o que sustenta Mariana Martins em texto publicado no Observatório do Direito à Comunicação (dia 10). “As novas ferramentas propiciadas pelo desenvolvimento tecnológico, como portais eletrônicos, blogs e redes sociais, vêm mudando também ao longo dos anos o próprio caráter da informação jornalística, da função dos veículos tradicionais e da relação entre a fonte primária da informação e o público, como no caso da Petrobras.”.
No artigo “Nova descoberta da empresa abala mídia”, o jornalista Marcelo Salles diz o seguinte: “Se milhares de pessoas passam a ter acesso aos argumentos da Petrobras diretamente da fonte, e os comparam com o que foi publicado pela imprensa, então esta imprensa é quem será julgada pelos leitores. A nova descoberta da Petrobras abalou a tática da mídia grande, que consiste em dizer sem permitir o contraponto.”.
Estas leituras apontam para a necessidade de o Jornalismo reconstruir paradigmas muito arraigados que, em parte, são responsáveis pela sensação de superação que hoje permeia a prática jornalística tradicional. Diante do turbilhão provocado pelas ferramentas de informação interativa que se proliferam pela rede, o Jornalismo se agarra a velhas fórmulas e, para manter-se à tona, opta por um confronto ao qual já entra derrotado. O episódio Petroblog é um sinal do que está por vir.
Luiz Nassif, no artigo Avanço no jornalismo: “Hoje em dia, não há transparência na forma como são tratadas as notícias, especialmente aquelas com viés partidário. O jornalista detém uma informação e se julga no direito de dar o tratamento que bem entender, o enfoque que desejar, selecionar as informações que melhor se adaptem à sua tese. A possibilidade do leitor ter acesso a todas as informações fornecidas é um ganho excepcional no direito constitucional de ser bem informado.”.
O jornalista Leandro Fortes sustenta que: “As reações ‘conspirativas’ – neologismo cunhado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha para unir conspiração com mídia corporativa – ao blog da Petrobras são, em tudo, emblemáticas. E não têm nada a ver com ‘vazamento’ das perguntas e informações enviadas por e-mail à empresa. Têm a ver com a perda de poder das redações e com a necessidade de se estabelecer outros paradigmas para o jornalismo. Isso inclui o conceito de ‘furo’, que a vaidade dos jornalistas transformou em coisa mais importante do que o dever de bem informar – de maneira mais ampla e correta possível – a sociedade na qual está inserido.”.
Parece que, ao olharmos a profissão diante dos novos panoramas aos quais ela tenta se adaptar, nos deparamos com este limiar, esta sensação de que algo está para mudar radicalmente na prática jornalística. No artigo “Blog da Petrobras: o Jornalismo precisa se reinventar” – que também foi disponibilizado na quarta - apontei as mesmas armadilhas que os demais jornalistas citados anteriormente: “Dizer que este novo cenário colabora para inibir os jornalistas e jornalões a desenvolverem e bancarem material de qualidade é dizer que eles se importam mais com o furo do que com a própria informação (reflexão propositalmente ingênua de minha parte) e se for assim (mantendo a ingenuidade), trata-se de mais um sinal de que o Jornalismo precisa se reinventar.”.
Leia mais sobre o tema:
- Blog da Petrobras: o Jornalismo precisa se reinventar
- Tem alguma mentira no blog da Petrobras?
O raciocínio é do jornalista Carlos Castilho, em artigo publicado quarta-feira no Observatório da Imprensa. O caminho é o mesmo traçado por Luiz Carlos Azenha, para quem os veículos de comunicação tradicionais não encontraram ainda formas de interagir com esta ruptura causada pelas novas ferramentas de informação. "Posso especular que os jornais se sentem incomodados com uma nova dinâmica que não os favorece. Os jornais já chegam claramente envelhecidos às bancas. Como contornar isso? Com notícias exclusivas. Denúncias extraordinárias. Isso pressupõe, no entanto, que todos os atores sociais continuem aceitando o jornalismo como era: o monopólio da informação controlado por algumas empresas que vendem informação. A internet rompe essa lógica.”.
Também é o que sustenta Mariana Martins em texto publicado no Observatório do Direito à Comunicação (dia 10). “As novas ferramentas propiciadas pelo desenvolvimento tecnológico, como portais eletrônicos, blogs e redes sociais, vêm mudando também ao longo dos anos o próprio caráter da informação jornalística, da função dos veículos tradicionais e da relação entre a fonte primária da informação e o público, como no caso da Petrobras.”.
No artigo “Nova descoberta da empresa abala mídia”, o jornalista Marcelo Salles diz o seguinte: “Se milhares de pessoas passam a ter acesso aos argumentos da Petrobras diretamente da fonte, e os comparam com o que foi publicado pela imprensa, então esta imprensa é quem será julgada pelos leitores. A nova descoberta da Petrobras abalou a tática da mídia grande, que consiste em dizer sem permitir o contraponto.”.
Estas leituras apontam para a necessidade de o Jornalismo reconstruir paradigmas muito arraigados que, em parte, são responsáveis pela sensação de superação que hoje permeia a prática jornalística tradicional. Diante do turbilhão provocado pelas ferramentas de informação interativa que se proliferam pela rede, o Jornalismo se agarra a velhas fórmulas e, para manter-se à tona, opta por um confronto ao qual já entra derrotado. O episódio Petroblog é um sinal do que está por vir.
Luiz Nassif, no artigo Avanço no jornalismo: “Hoje em dia, não há transparência na forma como são tratadas as notícias, especialmente aquelas com viés partidário. O jornalista detém uma informação e se julga no direito de dar o tratamento que bem entender, o enfoque que desejar, selecionar as informações que melhor se adaptem à sua tese. A possibilidade do leitor ter acesso a todas as informações fornecidas é um ganho excepcional no direito constitucional de ser bem informado.”.
O jornalista Leandro Fortes sustenta que: “As reações ‘conspirativas’ – neologismo cunhado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha para unir conspiração com mídia corporativa – ao blog da Petrobras são, em tudo, emblemáticas. E não têm nada a ver com ‘vazamento’ das perguntas e informações enviadas por e-mail à empresa. Têm a ver com a perda de poder das redações e com a necessidade de se estabelecer outros paradigmas para o jornalismo. Isso inclui o conceito de ‘furo’, que a vaidade dos jornalistas transformou em coisa mais importante do que o dever de bem informar – de maneira mais ampla e correta possível – a sociedade na qual está inserido.”.
Parece que, ao olharmos a profissão diante dos novos panoramas aos quais ela tenta se adaptar, nos deparamos com este limiar, esta sensação de que algo está para mudar radicalmente na prática jornalística. No artigo “Blog da Petrobras: o Jornalismo precisa se reinventar” – que também foi disponibilizado na quarta - apontei as mesmas armadilhas que os demais jornalistas citados anteriormente: “Dizer que este novo cenário colabora para inibir os jornalistas e jornalões a desenvolverem e bancarem material de qualidade é dizer que eles se importam mais com o furo do que com a própria informação (reflexão propositalmente ingênua de minha parte) e se for assim (mantendo a ingenuidade), trata-se de mais um sinal de que o Jornalismo precisa se reinventar.”.
Leia mais sobre o tema:
- Blog da Petrobras: o Jornalismo precisa se reinventar
- Tem alguma mentira no blog da Petrobras?
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