Um erro justifica o outro? A pergunta é antiga, mas extremamente pertinente em todos os aspectos das relações humanas, em especial na política. Podemos desrespeitar a lei para alcançarmos os criminosos? Devemos torturar para salvar vidas? Devemos espezinhar a ética para combatê-la? Ontem, na seara do debate sobre as eleições do Irã, o leitor Jaime fez o seguinte comentário sobre as críticas que têm sido feitas a eleição de Mahmoud Ahmadinejad.
“Engraçado, o Irã é muito mais democrático que a Arábia Saudita e que os Emirados Árabes mas ninguém reclama.Deve ser porque a Arábia Saudita é aliada dos americanos. Ahmadinejad faz um governo para os pobres e por isso foi eleito, democraticamente e não como foi aquela eleição, num certo país do norte, num estado chamado Flórida, de um certo Bush sobre um tal de Al Gore.”
Arábia Saudita e Emirados são ditaduras brutais que devem ser denunciadas. Também são ditaduras brutais outros países da região não alinhados ao Ocidente, como a Líbia e a Síria – para citar apenas dois. Em cada um destes países a democracia é apenas um vislumbre e pode ser medida em níveis muito insossos. O Irã é um país mais democrático que os anteriormente citados? Questionável.
Democracia não se mede apenas pelo ato de votar, mas, principalmente, pelo poder de ingerir sobre os aspectos fundamentais que regem o dia a dia dos cidadãos. Isso não acontece no Irã de Ahmadinejad – que não faz um governo para s “pobres”, mas para os ignorantes. O Irã é uma teocracia controlada por clérigos cujos valores incluem a segregação de homossexuais e o rebaixamento da mulher a níveis medievais. O que os impede de estabelecer estes valores de forma violenta, hoje, são exatamente as águas rasas de sua democracia e a voz dos grupos reformistas que, em uma sociedade que possui 70% de pessoas com idade até 33 anos, ressoa fortemente.
Apesar do jogo de interesses e da ingerência do Ocidente na região – questões óbvias – limitar a busca pela democracia no Irã ao interesse dos Estados Unidos é nivelar a inteligência e as aspirações dos iranianos por baixo. Portanto, a questão que se coloca é a seguinte: para combater a ingerência ocidental no oriente é necessário (ou válido) fazer vista grossa a quem aposta no obscurantismo?
“Engraçado, o Irã é muito mais democrático que a Arábia Saudita e que os Emirados Árabes mas ninguém reclama.Deve ser porque a Arábia Saudita é aliada dos americanos. Ahmadinejad faz um governo para os pobres e por isso foi eleito, democraticamente e não como foi aquela eleição, num certo país do norte, num estado chamado Flórida, de um certo Bush sobre um tal de Al Gore.”
Arábia Saudita e Emirados são ditaduras brutais que devem ser denunciadas. Também são ditaduras brutais outros países da região não alinhados ao Ocidente, como a Líbia e a Síria – para citar apenas dois. Em cada um destes países a democracia é apenas um vislumbre e pode ser medida em níveis muito insossos. O Irã é um país mais democrático que os anteriormente citados? Questionável.
Democracia não se mede apenas pelo ato de votar, mas, principalmente, pelo poder de ingerir sobre os aspectos fundamentais que regem o dia a dia dos cidadãos. Isso não acontece no Irã de Ahmadinejad – que não faz um governo para s “pobres”, mas para os ignorantes. O Irã é uma teocracia controlada por clérigos cujos valores incluem a segregação de homossexuais e o rebaixamento da mulher a níveis medievais. O que os impede de estabelecer estes valores de forma violenta, hoje, são exatamente as águas rasas de sua democracia e a voz dos grupos reformistas que, em uma sociedade que possui 70% de pessoas com idade até 33 anos, ressoa fortemente.
Apesar do jogo de interesses e da ingerência do Ocidente na região – questões óbvias – limitar a busca pela democracia no Irã ao interesse dos Estados Unidos é nivelar a inteligência e as aspirações dos iranianos por baixo. Portanto, a questão que se coloca é a seguinte: para combater a ingerência ocidental no oriente é necessário (ou válido) fazer vista grossa a quem aposta no obscurantismo?
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