Alertado no twitter pelo jornalista Marcelo Soares fui verificar uma notícia do JB Online intitulada “Ambientalista baiana diz que buraco negro engoliu o avião”. Trata-se de um excelente exemplo de “churnalismo”.
O termo, criado pelo jornalista Nick Davies a partir da expressão "churn out" (algo como "fazer nas coxas"), define um jornalismo feito sem apuração, baseado na reprodução de notícias produzidas, também, com pouco compromisso (leia o artigo “Churnalism has taken the place of what we should be doing: Telling the truth” para se aprofundar no tema).
A seguir, a “notícia” publicada no portal do JB às 15h56 do dia 1º de junho:
O termo, criado pelo jornalista Nick Davies a partir da expressão "churn out" (algo como "fazer nas coxas"), define um jornalismo feito sem apuração, baseado na reprodução de notícias produzidas, também, com pouco compromisso (leia o artigo “Churnalism has taken the place of what we should be doing: Telling the truth” para se aprofundar no tema).
A seguir, a “notícia” publicada no portal do JB às 15h56 do dia 1º de junho:
A “reportagem”, publicada sem assinatura, é uma mostra das besteiras que circulam pelo ambiente virtual. O mais grave, porém, é que neste caso a besteira foi mal escrita e, pior, publicada em um site jornalístico que, entre outras coisas, deveria primar pelo respeito à inteligência de seus leitores.
Marcelo Soares já falou algumas vezes sobre o “churnalismo”. Um post seu (O churnalismo e o submercado), de 2008, assinala muito bem o fenômeno no que ele tem de mais estúpido, a prática do ctrl c x ctrl v.
8 comentários:
pô, churnalismo? E que tal a chenchenheira? ;-)
Barone, com todo respeito, mas eu simplesmente me recuso a creditar na notícia que você linkou. Pra mim isso é simplesmente a maior falta de respeito, de dignidade, de... de assistir uma aula de ética em jornalismo! É falta de humanidade!
Enquanto centenas de pessoas - familiares e amigos - anseiam por uma notícia confortadora ou que esclareça de vez o ocorrido, nego vem falar de abdução. Isso é maldade, é abissal!
Olha, não que eu seja cético a ponto de ignorar a possível-provável-iminente existência de um buraco negro transportador de dimensões, longe disso. Aliás, assim eu até fico confortável em saber que meu skate que perdi em 1994 está num lugar seguro, mas voltando ao assunto, se não tem algo novo a divulgar, não é suficiente ficar parado? Não dá pra manter o Control C + Control V do G1, como esses portais costumam fazer? Tem que encher linguiça? Tem que zoar com os leitores? Tem que ser irresponsável?
Francamente, sinto repulsa desses profissionais medíocres, que no fim das contas ficam todos cheios de dedos, um a jogar a culpa para o outro quando uma merda dessas acontece.
PS: Uma das vítimas é irmã de um colega fotojornalista de Fortaleza. Estou de luto.
Infelizmente, é o que se encontra com muita frequência na imprensa. Onde vamos parar??
Barone, leio seu blog a algum tempo, cortesia do Luiz Felipe. Sou Físico e por isso mesmo custa-me acreditar que uma besteira desse quilate foi publicada no JB Online. Não que não não exista quem acredite nessa bobajada (longe disso). Mas que não tenha sido imediatamente tirado do ar por algum revisor, editor, sei lá o quê.
É tão ruim, mas tão ruim, que parece fake. Parece um corolário da Lei de Poe (q.v.)
E, por Lei de Poe:
"Sem uma carinha feliz ou outra obvia exibição de humor, é impossível criar uma parodia de Fundamentalismo que ALGUÉM não vai confundir com um argumento verdadeiro."
http://rationalwiki.com/wiki/Poe%27s_Law
Rapaz, passei a manhã olhando o código-fonte da página e o que linkava para aquela notícia... se for mesmo um fake, é extremamente bem-feito para parecer do JB.
Me assusto com a possibilidade grande de ter sido realmente escrita por algum estagiário de lá :-P
Gui,
a questão aí não é de ética jornalística, mas de ética pessoal. O cara (e o veículo) que se dá ao trabalho de publicar uma matéria como esta está tripudiando do direito de informar livremente, está colaborando para a imbecilização do jornalismo.
Adriana,
vamos parar lá onde a vaca foi... no brejo.
Olá otelhado,
não é fake, acredite. E volte sempre.
Voltarei :-)
Daniel, muito prazer.
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