Semana On

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O que todo mundo já sabia

O senador Jarbas Vasconcelos, 66, ex-governador de Pernambuco e fundador do antigo MDB soltou o verbo neste final de semana, em entrevista publicada na revista Veja. Sem papas na língua, “detonou” sua legenda, o PMDB, desfiando críticas ácidas que são correntes no meio político, mas que nunca haviam sido expostas de forma tão clara. "Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção", alfinetou.

Em meio à política nenhum ponto é dado sem nó. Vasconcelos está isolado no partido e olha de soslaio para a possibilidade de se viabilizar sem ter de deixar a legenda que ajudou a fundar. Pensa em ser vice na chapa de José Serra. Isso não tira o mérito do “desabafo” feito ao jornalista Otávio Cabral, cujos momentos mais bombásticos você confere a seguir:

“Ele (Renan Calheiros) não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.”

“Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.”

“(o PMDB quer cargos) Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.”

“Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos. O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso.”

“O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.”

“Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família. A situação imediata do nordestino melhorou, mas a miséria social permanece.”

2 comentários:

Anónimo disse...

Seria ótimo se Jarbas fosse vice-presidente ou presidente, mas certamente esse não é o motivo de sua entrevista à Veja. Para conseguir apoio do PMDB, o candidato a presidente teria que acertar justamente com a parte do PMDB que o Jarbas acusou de todos os nomes. Pode-se dizer que com essa entrevista ele enterrou essa possibilidade, que, aliás, nem parecia existir.

PS - Ele foi pré-candidato a vice de Serra em 2002, mas aquele contexto era outro, pois ele era governador. Hoje é um senador dissidente.

Barone disse...

De qualquer forma, falou explicitamente o que ninguém havia tido coragem de dizer antes.