Semana On

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

E agora?

Adriana, poeta maravilhosa e amiga blogueira me pergunta:

Gostaria de saber qual a sua visão a respeito da saída das tropas de Israel de Gaza e o que isso representa efetivamente em relação ao conflito. Prezo muito a sua opinião, principalmente, depois de tantas reportagens suas a respeito. Um grande abraço.”.

Respondo.

Sem querer ser pessimista, a saída das tropas israelenses de Gaza não significa absolutamente nada no contexto geral.

Os 1,5 milhão de palestinos de Gaza, sob o domínio religioso e autocrático do Hamas, continua isolado por Israel, que controla suas fronteiras terrestre, marítima e aérea sem permitir que ninguém entre ou saia da região e os cerca de três milhões de palestinos da Cijordânia, sob o governo democrático da Autoridade Palestina, continuam na pobreza, esmagados em um labirinto territorial mesclado por bolsões de riqueza, que são os assentamentos israelenses na região.

Nada vai mudar enquanto Israel não sair dos territórios ocupados e tratar (junto com o resto do mundo ocidental) os palestinos como um povo que necessita de uma nação (assim como os judeus precisavam de uma nação e a conquistaram na década de 40).

Ocorre que este não é o interesse de Israel. O que Israel quer, de fato, é tornar a vida dos palestinos nos territórios ocupados tão miserável, tão horrenda, que eles acabem optando por migrar para a Jordânia ou para o Egito, o que seria mais uma catástrofe humana sobre este povo.

É lamentável, mas a solução está longe de ser encontrada, pois Israel conta com o apoio irrestrito dos Estados Unidos que já usou seu direito de veto (outro absurdo) 40 vezes em favor de Israel quando as Nações Unidas condenaram o país por inúmeras violações do direito internacional, em especial a instalação de colônias permanentes nos territórios palestinos ocupados.

1 comentário:

Adriana Godoy disse...

É a resposta que temia e que você soube explicar tão bem. Talvez, no fundo, eu tivesse a esperança que pudesse indicar outras direções a saída das tropas israelenses. Fico extremamente agradecida por sua atenção e o admiro cada vez mais. Abraço.