O conflito em Gaza tem suscitado reflexões interessantes sobre a definição de “civil”. Para o direito internacional, civil é todo indivíduo não envolvido diretamente em ações de combate. No entanto, para Israel, qualquer militante ou simpatizante do grupo Hamas deve ser tratado como um combatente. O resultado é o alto índice de mortos e feridos entre civis palestinos.
Uma relação pode ser feita entre o que ocorre hoje em Gaza e a guerra do tráfico nos grandes centros urbanos do Brasil, onde populações inteiras vivem sob o tacão dos traficantes de drogas. Em ambos os casos há a tendência de englobar a população civil entre os inimigos. Se de um lado a polícia brasileira tem dificuldade em enxergar diferenças entre um soldado do tráfico e um simples transeunte, no Oriente Médio soldados israelenses não fazem muita questão de separar combatentes de gente comum.
Assim como balas perdidas acabam – com freqüência - encontrando seus destinos nos corpos de crianças, homens e mulheres que tiveram o azar de ficar entre as armas de policiais e traficantes no dia-a-dia do confronto urbano no Brasil, em Gaza as armas de alta tecnologia do exército de Israel também não fazem a partilha entre um guerrilheiro armado, um adolescente com pedra em punho ou uma criança escondida em uma escola.
“Quando as autoridades aceitam sofismas para minimizar o horror que é imposto aos inocentes apanhados no fogo cruzado, também abrem espaço para que a insanidade floresça longe do cenário de guerra”, diz o jornalista Luciano Martins Costa, em recente artigo no Observatório da Imprensa. É verdade. A banalização da violência aponta para uma reação na qual vítimas podem acabar se tornando agressoras em um círculo vicioso pérfido.
Desde que o Fatah foi expulso de Gaza pelo Hamas, em junho de 2007, Israel impôs um bloqueio sobre a região, impedindo a entrada de todo o tipo de bens de consumo. Desde então, isolada, a população palestina sofre com a escassez de água, energia, alimentos, combustíveis e remédios.
Isolados, restou a estes 1,5 milhão de palestinos legitimar o Hamas no papel de governante – mesmo que isso já tenha ocorrido oficialmente em 2006, quando o grupo venceu as eleições para o Parlamento Palestino. Israel, no papel de opressor, passa a ser o inimigo a ser odiado. De forma muito similar, no Brasil, as populações aprisionadas em meio ao domínio do tráfico de drogas ou das milícias acostumam-se com a tirania e, algumas, atribuem aos seus algozes o papel de Estado, olhando a polícia como adversária.
Em ambos os casos, no entanto, não se pode permitir que estas populações sejam encaradas como alvo, independente das questões políticas ou de segurança pública que envolvam os dois cenários de forma distinta. Assim como é inconcebível o bombardeio de uma escola repleta de civis palestinos, é impensável que se levante um muro de isolamento entre o asfalto e a favela.
Uma relação pode ser feita entre o que ocorre hoje em Gaza e a guerra do tráfico nos grandes centros urbanos do Brasil, onde populações inteiras vivem sob o tacão dos traficantes de drogas. Em ambos os casos há a tendência de englobar a população civil entre os inimigos. Se de um lado a polícia brasileira tem dificuldade em enxergar diferenças entre um soldado do tráfico e um simples transeunte, no Oriente Médio soldados israelenses não fazem muita questão de separar combatentes de gente comum.
Assim como balas perdidas acabam – com freqüência - encontrando seus destinos nos corpos de crianças, homens e mulheres que tiveram o azar de ficar entre as armas de policiais e traficantes no dia-a-dia do confronto urbano no Brasil, em Gaza as armas de alta tecnologia do exército de Israel também não fazem a partilha entre um guerrilheiro armado, um adolescente com pedra em punho ou uma criança escondida em uma escola.
“Quando as autoridades aceitam sofismas para minimizar o horror que é imposto aos inocentes apanhados no fogo cruzado, também abrem espaço para que a insanidade floresça longe do cenário de guerra”, diz o jornalista Luciano Martins Costa, em recente artigo no Observatório da Imprensa. É verdade. A banalização da violência aponta para uma reação na qual vítimas podem acabar se tornando agressoras em um círculo vicioso pérfido.
Desde que o Fatah foi expulso de Gaza pelo Hamas, em junho de 2007, Israel impôs um bloqueio sobre a região, impedindo a entrada de todo o tipo de bens de consumo. Desde então, isolada, a população palestina sofre com a escassez de água, energia, alimentos, combustíveis e remédios.
Isolados, restou a estes 1,5 milhão de palestinos legitimar o Hamas no papel de governante – mesmo que isso já tenha ocorrido oficialmente em 2006, quando o grupo venceu as eleições para o Parlamento Palestino. Israel, no papel de opressor, passa a ser o inimigo a ser odiado. De forma muito similar, no Brasil, as populações aprisionadas em meio ao domínio do tráfico de drogas ou das milícias acostumam-se com a tirania e, algumas, atribuem aos seus algozes o papel de Estado, olhando a polícia como adversária.
Em ambos os casos, no entanto, não se pode permitir que estas populações sejam encaradas como alvo, independente das questões políticas ou de segurança pública que envolvam os dois cenários de forma distinta. Assim como é inconcebível o bombardeio de uma escola repleta de civis palestinos, é impensável que se levante um muro de isolamento entre o asfalto e a favela.
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