Semana On

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Caretas e risadas

Considerado um dos maiores especialistas do mundo em direitos humanos, o estadunidense Richard Falk - relator especial das Nações Unidas (ONU) para a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados por Israel e professor emérito da Universidade de Princeton (EUA) – publicou ontem no jornal britânico The Independent um belíssimo artigo sobre a hipocrisia dos grandes líderes mundiais e dos grupos extremistas em relação aos palestinos. Traduzido por Caia Fittipaldi, o texto está disponível no blog Amalgama sob o título “Caretas e risadas. E as vítimas apodrecem”.

Falk, que esteve no Brasil no último dia sete, a convite do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), foi expulso do território israelense no dia 14 de dezembro no que seria sua primeira missão como relator especial – uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Apesar de estar em visita oficial, ele foi detido por 15 horas antes de ser retirado do país sob a alegação de ser “anti-Israel”.

“Minha expulsão é um claro aviso à ONU de que Israel não quer cooperar com relatores críticos à ocupação, e faz parte de uma política para excluir possíveis testemunhas oculares dos fatos que estão acontecendo em Gaza neste momento”, avaliou.

4 comentários:

Anónimo disse...

Afinal, o relator foi expulso de Israel ou de Gaza? Quanto ao papel da Onu, está mais do que claro: contra a força bélica não há Onu. Seja para impedir a entrada dos EUA no Iraque ou o bombardeio de Gaza. Tanto fez, nestes dois casos. É preciso começar a pensar em algo mais eficaz, como eleições de líderes mundiais pacifistas. Obama tem um grande desafio a frente. Veremos o que conseguirá fazer frente à máquina de guerra montada em seu país. Abraços.

Barone disse...

Olá.

Para entrar na Cijordânia é preciso primeiro passar por Israel (mais uma atitude autoritaria dos israelenses). Em Gaza nem memso se pode entrar, devido ao bloqueio israelense que dura dois anos.

Falk iria se encontrar, em missão da ONU, com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, na Cijordânia. Foi detido em Israel antes de chegar ao seu destino e expulso da região.

Um abraço.

Adriana Godoy disse...

É, Barone, o buraco está muito mais embaixo do que a gente supõe. Gostaria de saber qual a sua visão a respeito da saída das tropas de Israel de Gaza e o que isso representa efetivamente em relação ao conflito. Prezo muito a sua opinião, principalmente, depois de tantas reportagens suas a respeito. Um grande abraço.

Barone disse...

Olá Adriana, sem querer ser pessimista, a saída das tropas israelenses de Gaza não significa absolutamente nada no contexto geral.

Os 1,5 milhão de palestinos de Gaza, sob o domínio religioso e autocrático do Hamas, continuam isolados por Israel, que controla suas fronteiras terrestre, marítima e aérea sem permitir que ninguém entre ou saia da região e os cerca de três milhões de palestinos da Cijordâia, sob o governo democrático da Autoridade Palestina, continuam na pobreza, esmagados em um labirinto territorial mesclado por bolsões de riqueza, que são os assentamentos israelenses na região.

Nada vai mudar enquanto Israel não sair dos territórios ocupados e tratar (junto com o resto do mundo ocidental) os palestinos como um povo que necessita de uma nação (assim como os judeus precisavam de uma nação e a conquistaram na década de 40).

Ocorre que este não é o interesse de Israel. O que Israel quer, de fato, é tornar a vida dos palestinos nos territórios ocupados tão miserável, tão horrenda, que eles acabem optando por migrar para a Jordânia ou para o Egito, o que seria mais uma catástrofe humana sobre este povo.

É lamentável, mas a solução está longe de ser encontrada, pois Israel conta com o apoio irrestrito dos Estados Unidos que já usou seu direito de veto (outro absurdo) 40 vezes em favor de Israel quando as Nações Unidas condenaram o país por inúmeras violações do direito internacional, em especial a instalação de colônias permanentes nos territórios palestinos ocupados.