Semana On

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Criacionismo e Evolucionismo

Antes de dizer qualquer coisa, aviso que, em minha opinião, a teoria evolucionista não exclui a existência de Deus, acreditemos nele ou não. Dito isso, vamos lá. Uma reportagem publicada hoje no Estadão, intitulada “Escolas adotam criacionismo em aulas de ciências”, faz-me crer que estamos voltando ao obscurantismo – ou será que chegamos a sair dele?

Diz a matéria que as teorias do criacionismo e do design inteligente estão ganhando espaço nas aulas de ciência oferecidas nas escolas confessionais brasileiras (como o Mackenzie e o Colégio Batista), deixando o campo do ensino religioso e sendo tratadas como ciência. Assim, ao explicar a diversidade de espécies, em vez de dizer que elas são resultados de milhares de anos do processo de seleção natural, os professores destas escolas dizem que a variedade representa a sabedoria e a riqueza de Deus.

No artigo “O debate sabotado entre criacionistas e evolucionistas”, o jornalista Maurício Tuffani faz uma aprofundada análise sobre os argumentos de criacionistas e evolucionistas com base em artigos publicados sábado no jornal Folha de S.Paulo. Leitura indicada.

8 comentários:

Luiz Felipe Vasques disse...

Obrigado, obrigado e obrigado, Victor, por salvar o meu mal-humor. :)

Hum, por onde começar...?

1) A Teoria da Evolução não exclui Deus por que também não O inclui. Deus não é comprovável, nem descomprovável, portanto, não é matéria de Ciência. Portanto, não tem que estar em uma aula de Ciência. Deus, ainda a acrescentar, não é o objeto de estudo da Teoria da Evolução.

2) A alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo: porque a visão do Deus judaico-cristão, como opção à TdE, *tão somente*? Onde estão as teorias de nossos umbandistas, nossos candomblés, nossos budistas, cada um de nossos grupos indígenas - nossos espíritas, que tal? O espiritismo, que tentou fazer o approach do sobrenatural mediante métodos os mais científicos possíveis?

3) Tibieza, bitches. Vão pegar o pai-dos-burros, ou façam um esforço pra lembrar das aulinhas de catecismo.

Aaaaah, precisava disso...

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

meu amigo, o ponto dessa discussão pra mim tá na liberdade de ensino. Escolas confessionais tem finalidades confessionais, missionárias etc. Incidentalmente também lecionam outras coisas. Nosso Estado tem bastante a influência dos Salesianos.
Que o Estado ou instituições atéias não tenham matérias com esse tipo de aprouch (se me permite), isso é uma coisa. Que uma instituição religiosa, com finalidades missionárias, se ponha a ensinar com um enfoque na religião me parece legítimo. Quem não quiser esse tipo de educação, que procure outro.
Não entrei aqui na questão do evolucionismo/criacionismo. Aliás, o bate boca la no site da folha tá uma comédia!

Anónimo disse...

Caro Luiz Filipe, o motivo de se propor somente a visão monoteísta judaico-cristã, que é a mesma do islamismo (aliás, também há criacionistas islâmicos), se deve ao fato de que não surgiram propostas de substituição do evolucionismo por parte de outras religiões. O próprio catolicismo e o judaísmo não entraram nessa. Foi a partir de reações ao evolucionismo por parte de igrejãs cristas dos EUA que surgiu na primeira metade do século 20 o que hoje chamamos de fundamentalismo.

Luiz Felipe Vasques disse...

Luiz Roberto, isto está além do 'enfoque': é desinformação, simplesmente. Não que a TdE deva ser vista como um dogma religioso, isto iria contra a própria noção de uma teoria científica. Mas, até agora, é a que melhor apresenta respostas. Amanhã será ultrapassada? Que seja então por outras razões científicas, envolvendo método e descobertas, como assim deve(ria) seguir a ciência.

Querer dar 'enfoques' ideológicos é outra história, e o ensino crítico não tem nada a ver com isto. E é possível haver um ensino religioso sem se preocupar com ideologias.

Mauricio: sim, eu sei. Mas, como disse, a alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo. Ou seja, quero ver se uma cretinice politicamente correta pode ser anular outra.

Sem Papel e Tinta disse...

Reproduzo o francês Michel Onfray:

Cada um pode ter as neuroses privadas que lhê convém... o que não dá é pra tentar potencializar isso e contruir o mundo no modelos desses neuróticos.

Barone disse...

É um assunto polêmico. Para mim, não há como misturar religião, educação e ciência. Mesmo respeitando as diretrizes de cada instituição, deve-se levar em conta que nós vivemos em um estado laico e que uma criança educada a partir dos princípios criacionista terá, no mínimo, uma visão deturpada e preconceituosa do mundo já que admitirá como verdade absoluta (e científica) uma visão judaico-cristã radical do mundo.

Luiz Felipe Vasques disse...

O engraçado é pensar que o 'judaico' da coisa entra de gaiato. O posicionamento dos judeus sobre religião e ciência é simples: a cada dia, a ciência mais possibilita enxergarmos um pouco mais da complexidade - e beleza - da Obra.

Mais progressista, impossível.

Adriana Godoy disse...

Olha, já passei maus pedaços, quando tratava esse tema em minhas aulas. Dou aulas em escola pública na Educação de Jovens e Adultos e qundo aparece a teoria evolucionista há alunos que simplesmente deixam a aula ou se exaltam e dizem que isso é coisa do diabo.Isso por que há muitos evangélicos, aí o bicho pega. Estamos mais na Idade Média do que se possa imaginar. É um assunto que sempre vai gerar polêmica. Beijo.