Semana On

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O monstro bate à porta

Litvinov, segunda-feira 17: a polícia da República Tcheca tem um violento confronto com um grupo de cerca de 500 manifestantes extremistas que se dirigia a um bairro de roma (ciganos) com coquetéis molotov. Os extremistas usam seus coquetéis contra a policia, que reage. Os extremistas não conseguem chegar ao bairro. Saldo do confronto: sete manifestantes e o mesmo número de policiais feridos. Outras quinze pessoas presas.

Londres, setembro de 2008: Edrielson Ferreira Machado Mortari, mineiro de 35 anos, em situação regular no Reino Unido, é detido, embora não tenha cometido crime algum. Na delegacia de Snow Hill, centro de Londres, alegou que só forneceria impressões digitais diante de seu advogado. Mortari diz ter recebido então joelhadas e socos no rosto.

Milão, setembro de 2008: Abba, apelido de Abdul Wiliam Guibre, jovem de 19 anos de Burkina Fasso, é morto a cacetadas pelos proprietários do bar onde trabalhava. Fausto e Daniele Cristofoli, pai e filho, suspeitaram que Abba estaria roubando dinheiro. Pego em flagrante com um pacote de bolachas, o africano foi agredido pelos Cristofoli, que o chamaram de “negro sujo”.

Notre-Dame de Lorette, abril de 2008: no cemitério militar próximo a Arras, norte da França, vândalos profanam 148 túmulos de soldados muçulmanos arregimentados nas então colônias francesas da Argélia e Tunísia durante a Primeira Guerra Mundial. A cabeça de um porco é pendurada em uma lápide de sepultura.

Pesquisa realizada em novembro de 2005 pelo Institut CSA revelou que um terço dos franceses se declara racista. Ainda segundo a mesma enquete, divulgada pelo diário Le Monde, 63% dos cerca de mil entrevistados consideram que “certos comportamentos podem justificar reações racistas”. Já uma pesquisa realizada pelo governo da Grã-Bretanha mostrou-se reveladora: 56% dos entrevistados acreditam haver mais preconceito racial hoje do que cinco anos atrás. De acordo com o mais recente relatório do Eurobarômetro, há discriminação nos 27 países da União Européia.

A que se deve essa nova onda de racismo, responsável por duas devastadoras guerras mundiais no século passado, ambas iniciadas neste continente? A globalização, que em tese iria tornar as economias desenvolvidas e emergentes mais iguais, provocou efeitos contrários. O resultado é que uma nova leva de imigrantes empobrecidos invadiu a Europa, ao mesmo tempo que o continente atravessava um período de baixo crescimento e pequena geração de empregos. Os estrangeiros, antes bem-vindos em países como a Espanha, passaram a ser vistos como aqueles que vieram roubar o trabalho dos nativos.

Leia a íntegra desta reportagem na revista Carta Capital desta semana.

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