Paralelo a mesmice dos números eleitorais que pipocaram hoje na imprensa mostrando a performance de eleitos por todo o país, alguns jornalistas tentam olhar além do superficial. É o caso de Marcelo Soares, editor do site “E você com isso?”. Nos últimos meses ele esteve atento aos casos de violência eleitoral e censura durante a campanha. Como resultado, o jornalista paulista construiu dois mapas mostrando, caso a caso, as ocorrências do gênero espalhadas pelos estados brasileiros.
O monitoramento da violência eleitoral, realizado desde o dia 1º de junho até às 15h de hoje (dia 6), registrou 61 ataques, atentados e confrontos no noticiário - dos quais 26 teriam acabado em morte. Quinze dos ataques - e três das mortes - ocorreram neste final de semana (4 e 5). O levantamento contrasta com a declaração do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ayres Britto, segundo quem não houve incidentes graves na eleição: "Ela transcorreu sem graves incidentes, portanto sem que as Forças Armadas tivessem que intervir nos locais [460 municípios] onde estavam posicionadas. Não houve uma única morte, nem emboscadas ou assassinatos", afirmou, pouco informado na verdade.
O estado campeão da violência eleitoral foi o Rio de Janeiro, com 13 ocorrências, seguido de São Paulo, com nove. O Mato Grosso do Sul apresentou duas ocorrências, entre elas o assassinato do candidato a vereador e radialista Flávio Roberto Godoy (PDT), 36, morto dia 26 de setembro no município de Bela Vista. Godoy - que concorria ao terceiro mandato - levou sete tiros quando se preparava para subir no palanque com o candidato a prefeito da cidade Fernando Jorge (PR). Além de Godoy, a filha de outro candidato à Câmara Municipal de Bela Vista, Manuel Romão da Silva (DEM), também foi ferida por um dos tiros disparados contra o radialista.
Em Japorã, no dia 30 de agosto, uma bomba caseira foi jogada em um comício. Ela atingiu a jornalista Neiva Pinheiro Veiga, 46 anos, do jornal O Liberal, que teve queimaduras nas pernas e no pé. Uma criança também teve ferimentos leves. Testemunhas afirmaram que logo no início do comício do atual prefeito e candidato à reeleição, Rubens Freire Marinho (PT), um homem foi visto arremessando a bomba em direção ao público.
Censura – O segundo levantamento feito por Marcelo Soares enumerou - desde abril - 28 casos que podem ser considerados censura judicial. Novamente São Paulo liderou a estatística com sete ocorrências, seguido por Santa Catarina, com cinco.
No Mato Grosso do Sul o único caso constatado ocorreu no dia 23 se setembro, em Bela Vista. Moacir Paredes Gil, locutor e diretor da rádio FM 92,5, foi preso por uma noite sob a acusação de ter injuriado e praticado propaganda negativa contra o prefeito do município, José Garibaldi da Rosa Neto (PDT). A determinação foi do juiz da 17ª Zona Eleitoral de Bela Vista, Caio Márcio de Britto.
Embora a sede da rádio seja em Bella Vista Norte, do outro lado da fronteira do Paraguai, o juiz considerou que o fato de o sinal ser captado na cidade brasileira e o ofendido estar no Brasil colocava o caso em jurisdição nacional. Gil foi libertado após comprometer-se a não repetir as ofensas.
Victor Barone
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