Muito interessante o material publicado hoje pelo jornalista Alec Duarte em seu blog WebManário. A questão que me chamou a atenção é a ilusão de muitos professores universitários de cursos superiores de Jornalismo de que podem incutir em seus alunos valores humanistas ou, como disse Duarte, “o ideal de melhorar o mundo e defender os oprimidos”. O autor segue apontando a distensão entre este objetivo e a realidade propondo uma situação onde “o público (nosso leitor) não quer que o mundo melhore nem que os oprimidos sejam defendidos”.
Vou mais longe. Em minha experiência recente em sala de aula de um curso de jornalismo pude perceber que este desinteresse parte dos próprios candidatos a “jornalistas encanudados” (leia-se jornalistas com curso superior na área). Salvo raras exceções, o que prevalece é a total ausência de cidadania e da noção do papel que a profissão deve ter perante a sociedade no sentido de regular o poder e a própria sociedade por meio da identificação e exposição de suas mazelas e deslizes.
Prevalece entre esta garotada a noção do jornalismo de espetáculo, uma confusão entre informação e entretenimento – em especial entre aqueles que, desde cedo, optam pelo glamour da TV. É flagrante a ausência de uma visão social e transformadora, até porque a maior fatia destes acadêmicos é alheia ao que ocorre a sua volta, aos meandros ideológicos, religiosos, econômicos e políticos que constroem o tecido social e aos fatos que nos trouxeram a contemporaneidade.
Victor Barone
1 comentário:
Victor,
Interessante seu complemento ao texto. É verdade essa detecção em sala de aula, mas pior ainda é percebê-la tb nas redações, entre colegas experientes.
A verdade é que o jornalismo, ao se tornar uma ferramenta de todos para todos, perdeu um pouco essa noção de função social.
abs
ALEC
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