Semana On

sábado, 11 de outubro de 2008

Por trás da censura na mídia

"O Project Censored é uma das organizações que devemos ouvir para nos assegurarmos de que nossa imprensa está praticando um jornalism aprofundado e ético” — Walter Cronkite

Fundado em 1976 por Carl Jensen, o Project Censored é um programa de pesquisa que atua em colaboração com numerosos grupos de mídia independente nos Estados Unidos, focando a mídia norte-americana com o intuito de selecionar notícias ignoradas, deturpadas ou censuradas pela imprensa deste país. A cada ano (sempre em setembro), como resultado destas pesquisas, o projeto publica o ranking das 25 mais importantes notícias censuradas nacionalmente.

O trabalho do grupo é examinar a cobertura de notícias e informações importantes para a manutenção de uma democracia saudável e funcional. Fazem, ainda, questão de definir o que classificam como Censura Moderna: “a sutil, porém constante e sofisticada manipulação da realidade nos veículos de comunicação de massa por meio de pressão política (de oficiais governamentais ou indivíduos poderosos), pressão econômica (de anunciantes) e pressão legal (ameaça de advogados que estão no bolso de indivíduos, corporações ou instituições)”.

Ligado a Sonoma State University, o projeto reúne pesquisadores, professores e acadêmicos de diversas áreas e conta com a participação de profissionais de renome como Noam Chomsky, Susan Faludi, George Gerbner, Sut Jhally, Frances Moore Lappe, Michael Parenti, Herbert I. Schiller, Barbara Seaman, Erna Smith, Mike Wallace e Howard Zinn.

Em 2008, a notícia que ocupou o primeiro lugar no ranking do Project Censored foi a Military Commissions Act (MCA), assinada pelo presidente Bush em 17 de outubro de 2006 – como resultado da chamada guerra contra o terror - impondo a lei marcial para cidadãos americanos e estrangeiros, sem direito a hábeas corpus.

Diz a reportagem intitulada No Habeas Corpus for “Any Person”: “Apesar de a mídia, incluindo o editorial de 19 de outubro do New York Times, ter dado o falso conforto de que nós, cidadãos americanos, não seriamos vítimas das medidas draconianas legalizadas por este Ato – como julgamentos militares e prisões perpétuas sem direitos ou proteções constitucionais - Robert Parry aponta trechos do texto do MCA que revelam a instituição de uma alternativa militar ao sistema de justiça constitucional para qualquer pessoa independente da cidadania americana.”.

A reportagem vai além e lembra que “o mais antigo direito humano definido na história dos povos quer compartilham o idioma inglês é o direito a desafiar o poder governamental de prender e deter através do uso das leis de hábeas corpus, considerada a mais importante parte da Carta Magna assinada pelo Rei Joihn em 1215”.

Iraque – O assunto selecionado para 2009 pelo Project Censored como o mais importante entre as reportagens censuradas na América do Norte é o número excessivo de vítimas civis na Guerra do Iraque. A reportagem sustenta que mais de um milhão de civis iraquianos já foram mortos por tropas americanas ou aliadas desde 2003.

Diz o lead da matéria: “Mais de um milhão de iraquianos foram vítimas de mortes violentas em resultado da invasão de 2003, de acordo com estudo conduzido pelo importante instituto de pesquisa britânico Opinion Research Business (ORB). Estes números sugerem que a invasão e ocupação do Iraque rivaliza com as granes matanças do último século – as perdas humanas ultrapassam as 800 a 900 mil pessoas que se crê terem sido assassinadas no genocídio de Ruanda, em 1994, e se aproxima das 1,7 milhões de mortes ocorridas nos infames Campos da Morte do Camboja durante a era do Kmer Vermelho, na década de 70”.

Victor Barone

1 comentário:

Alice Salles disse...

Meu deus do ceu!
E porque isso nao vem a tona na midia do mainstream americano? Ai deus! Isso precisa vir a tona!